Drink do Cão – Flying Scotsman

Há uns cinco anos atrás viajei para o Peru com a querida Cã. Uma viagem que no papel parecia no máximo interessante, mas que superou muito minhas expectativas. Muito provavelmente porque, também, eu não tinha tantas expectativas assim. Aliás, talvez este seja o segredo para a repentina alegria. Não esperar nada. Nunca. É como aquele whisky barato, que não promete muita coisa, mas entrega o mundo. Mas estou a digressionar. De volta à viagem que muito me surpreendeu. Fiquei apaixonado pelas ruínas de Macchu Picchu – ainda que ruínas de civilizações antigas não sejam muito minha preferência – e adorei voar sobre as linhas Nazca. Mas o ponto alto, o melhor mesmo, foi a viagem ferroviária entre Cuzco e Aguas Calientes, à bordo do Hiram Bingham. Um trem incrível, decorado no estilo dos Pullmans da década de vinte, que conta com um vagão-bar, inteiramente de vidro. Achei aquela ideia magnífica. Era a união de três elementos: a tontura causada pelo mal de altitude, o sacolejar do vagão sobre os trilhos e um balcão open-bar de coquetéis. A receita perfeita para um Cão confortavelmente trôpego. Achei aquela a melhor experiência que alguém poderia ter sobre trilhos. Quer dizer, até descobrir que […]