Tullamore D.E.W. – Drops

Quando ela pedia whisky, sempre escolhia Tullamore Dew. Se você é fã de literatura sueca, provavelmente está familiarizado com a citação anterior. Ou não. Porque, também, há coisas mais importantes para atentar enquanto se lê um livro do que as preferências etílicas dos personagens. Quer dizer, a não ser que você seja eu. A citação vem do bestseller “The Girl With a Dragon Tattoo”, miseravelmente traduzido como “Os homens que não amavam as mulheres”, talvez em uma brincadeira sem o menor sentido com um filme do Truffaut. Seja como for, o livro é um belo romance policial, que alçou fama após uma excelente adaptação do cinema sueco, e foi posteriormente (quase) arruinado por uma (quase) medíocre versão americana. A frase […]

Chivas 25 anos – Arquitetura Orgânica

“Menos é mais somente quando mais é demais“. A máxima, quase um trava-línguas, é de Frank Lloyd Wright, e uma provocação a Mies van der Rohe e a Bauhaus. O renomado arquiteto acreditava que a forma deveria acompanhar a função. Wright também dizia que cada projeto deveria ser individual, de acordo com sua localização e sua finalidade. As edificações projetadas por Wright são sofisticadas e belas, mas de uma sofisticação orgânica, quase natural. É como se fizessem parte do ambiente, e dele tivessem nascido e evoluído. Uma de suas obras mais célebres é o museu Guggenheim, em Nova Iorque. Ele foi projetado e construído entre 1943 e 1959 – seis meses após o falecimento de Wright. Linhas infrequentemente retas e […]

Jack Daniel’s Bottled in Bond – Drops

Se você é um apaixonado por whiskey americano, talvez você saiba que sua época embrionária não foi nada gloriosa. De fato, apenas uma pequena fração do que era destilado no século dezenove na América poderia hoje ser considerado um american whiskey, de acordo com nossos padrões atuais. O publico também não ajudava muito – os cowboys estavam longe de serem grandes degustadores sofisticados. O que importava era, bem, ficar bêbado.  Então qualquer coisa que envolvesse muito álcool era bem recebida nos saloons. Muitas vezes, o que se bebia nem era whisky. Mas sim álcool neutro misturado com algo que lhe desse cor ou algum sabor, para emular a bebida real. Essas fusões podiam incluir uma pletora de coisas, desde melaço até […]

Uso de whisky na coquetelaria – Transgressão

Hoje irei direto ao ponto. Sem longas introduções ou comparações, mesmo porque haverá oportunidade para isto no meio deste texto. Há alguns dias lancei um post sobre um coquetel que sou apaixonado. O Rusty Compass. Ele é resultado do cruzamento entre um Blood and Sand e um Rusty Nail, e leva whisky turfado. Uma bela proporção de whisky insanamente turfado, capaz de superar o dulçor trazido pelo Drambuie. Depois de testar quase à exaustão e embriaguez, joguei a metafórica toalha e admiti – o melhor resultado levava Ardbeg. Um single malt de mais de trezentos reais. Era um drink tão delicioso quanto desesperadoramente caro. Resolvi lançá-lo no Cão com essa ressalva. Relativizei um pouco a história, e até mesmo recomendei […]

Johnnie Walker Wine Cask Blend

Gosto é um negócio engraçado. Porque há uma miríade de coisas que eu sempre gostei. Peixe e western, por exemplo. Há outras que quis gostar, assim, voluntariamente. E aí passei a admirá-las por insistência. Como negroni e aquela cebola grelhada incrível com um pouquinho de azeite e sal. Mas há outras coisas que não consigo gostar, independente de minha pertinácia. Uma delas é jazz. Eu chego às vezes até a ouvir um Miles Davis ou Thelonious Monk enquanto fumo um charuto, só pelo bem do cliché. E nessas situações, ainda que me sinta bem, quase não presto atenção na música. Jazz não me agride, mas não me seduz. E eu queria que fascinasse. Outra dessas coisas é vinho. Queria muito […]

Drops – Port Charlotte MRC:01

  Há pouco mais de um ano viajei, ao lado de alguns amigos, para a ilha dos maltes defumados. Islay. Passamos lá três dias, e visitamos quase todas as destilarias da ilha, dentre elas, a Bruichladdich. Naquela oportunidade, nossa guia serviu alguns whiskies diretamente de barris. Dentre eles, um pequeno notável. Um Port Charlotte bastante jovem, retirado de uma barrica gravada com o nome de um lendário chateau francês – Mouton Rothschild. Fiquei imediatamente enfeitiçado por ele. Aquele era um whisky excepcional – o melhor que experimentei durante toda a viagem. Pensei, porém, que talvez a impressão tenha se dado por conta do ambiente. Provar um whisky direto de um barril, em uma belíssima destilaria costeira, eleva qualquer experiência. Talvez […]

Whiskies para comprar no Duty Free V

Este é um post sazonal, que já teve quatro edições. Depois, leia a primeira, segunda, terceira e quarta aqui, se quiser. Janeiro é o mês de muita coisa. Da continuidade dos boletos. Das chuvas torrenciais e dos alagamentos. De passar um calor incivilizado, e tentar se refrescar lavando o rosto na pia, somente para descobrir que tá tão quente, mas tão quente que até a água que estava dentro do cano está quente. Janeiro é o mês da cerveja estupidamente gelada, da caipirinha e da praia. Janeiro não é bem um mês pra whisky. Mas Janeiro é também o mês das viagens. De sair do calor da cidade pra ficar fedido, cremoso e queimado em algum outro lugar de sol fustigante, mas, quiçá, com […]

Glenfiddich Fire & Cane – Drops

A primeira dose de 2019 para o Cão Engarrafado. Queria algo que fugisse do óbvio, mas que, ao mesmo tempo, trouxesse alguma familiaridade. Algo que se relacionasse com o espírito do ano novo. Aquela sensação de renovação, mas alicerçada nas mesmas convicções e atitudes. Enfim, algo que soasse novo, experimental, mas que na verdade fosse apenas uma visão, por outro ângulo, de algo conhecido. Não demorou muito para me decidir. Escolhi o Glenfiddich Fire & Cane. O Glenfiddich Fire & Cane é a quarta expressão da Glenfiddich Experimental Series – da qual fazem parte também o Project XX, Winter Storm e IPA Cask, já revisto nestas páginas caninas. Como sua intuição semântica já deve ter indicado, a série se dedica […]