Jim Beam Black 7 Anos – Cafeína

Este é o segundo post sobre o Jim Beam Black. A nossa prova da primeira versão pode ser lida neste link. Recomendamos a leitura, porque traz algumas informações técnicas deixadas de lado nesta matéria Aconteceu o que eu mais temia. Adquiri uma nova mania: café. A história começou inocentemente, de uma forma meio orgânica. Comprei uma dessas máquinas de espresso – com s, porque com xis é o trem – que estava em promoção numa black friday qualquer. Comecei com café em pó, desses gourmet, de supermercado. Sem açúcar, óbvio, porque de doce já tem a vida. Mas aí, me falaram que de gourmet eles só tem o nome, e o bom era o café especial, moído na hora. Arrumei um moinho manual, e aprendi a regular. Moagem fininha para o espresso, mais grossa para o coado. Comprei também um café especial, de torra clara, porque aprendi que o escuro mascara os defeitos. Ganhei mais tríceps em um mês moendo café do que em dois anos de academia. No final do dia o braço ficava até tremendo, não sei se por causa do esforço, ou da oitava xícara de café. Deu cãimbra, então comprei um moinho elétrico. E uma balancinha […]

Improved Whisky Cocktail – Passaporte

Nomear é um ato de dominação. É o que afirma o professor e teórico cultural Edward Said em seu livro Orientalism. Um exemplo perfeito disso é um animal pitoresco — veja só, já caí na armadilha da linguagem enviesada — a galinha-d’Angola. Ela é, cientificamente, Numida meleagris, e não vive apenas em Angola. Mas, também, em países vizinhos da áfrica subsaariana, como congo e Moçambique. Antes de ser chamada galinha-d’Angola — nome atribuído pelos colonizadores portugueses — ela provavelmente respondia (ou melhor, era chamada, já que não responde) por alguma designação ancestral em kimbundu. Mesmo hoje, em Angola, ela não é chamada por esse título nobiliárquico que os portugueses lhe atribuíram ao exportá-la. Ela é “galinha-do-mato” ou “capota”. O nome “galinha-d’Angola” é uma espécie de etiqueta de alfândega cultural: um carimbo europeu colado em penas africanas. Assim como a Francesinha, esse sanduíche lusitano com atributos cardiológicos temerários, que em Paris nem existe. Por lá, come-se croque-monsieur, que provavelmente foi a inspiração para o tradicional prato de do Porto. Diga-se, o Porto cidade, não eu. O que é de fora parece mais interessante quando envernizado com um nome exótico. Mas, na terra natal, essas iguarias não precisam de passaporte nem sobrenome. […]