San Basile White Dog – Raio X
Quando era criança, bati a cabeça bem forte. O que, num parêntesis, é uma explicação bem verossímil para certos comportamentos que tenho hoje. Eu estava me preparando para dormir, saí correndo e pulei na cama, mas devia estar empolgado demais, porque errei o alvo e fui direto na parede. Quanto aterrizei no travesseiro, não sentia metade da testa, mas percebia um líquido quente e viscoso que descia pelas minha têmpora esquerda, até a orelha. O resto foi drama. Mãe gritando, carro, hospital, raio-x. Raio-X. Quando o médico chegou com a imagem do raio-x na mão, minha mãe ficou aliviada. Nada demais, apenas uma meia dúzia de pontos na testa, que mais tarde se tornariam uma pequena cicatriz. Mas, mais do que isso, eu fiquei maravilhado com aquela foto. Então era assim que eu era por dentro. Uma intrincada combinação de pedaços que mais pareciam um vaso de porcelana quebrado e depois colado. Anos mais tarde – e sem qualquer relação direta com o acidente – vi uma série de outras imagens de raio-x, de coisas e bichos aleatórios. Achei bem legal. Um celular não é muito mais do que uma chapa cheia de furinhos e circuitos. E um pinguim – […]