Whiskies para comprar no Duty-Free – 2021 / 2022

Tenho que confessar uma coisa óbvia. Estou com saudades de viajar. É tanta que eu tô com saudades até da parte ruim. De ficar com o nariz ressecado no avião, sentir aquela encostadinha constrangedora do passageiro do lado enquanto ele tenta se acomodar na cadeira justamente para não dar aquela encostadinha constrangedora. E do barulho, de dormir meio na vertical e de ficar horas sem fazer nada. Aliás, esses dias sentei na cadeira mais apertada aqui de casa, liguei o ar-condicionado no máximo e o secador de cabelo do lado, só pra tentar simular aquele desconforto aéreo-sonoro-ortopédico. Talvez, em 2022, essa minha ressaca passe, e eu finalmente possa alçar voo novamente. Entretanto, apesar de meu hiato aeronáutico, minha obrigação de apontar as melhores compras aos nobres e destemidos viajantes não foi olvidada. Por isso, preparei este derradeiro post – o último de 2021 – de um jeito meio que teórico, meio que por proxy. Então, não estranhem que não há foto para algumas garrafas, tampouco aquela tradicional composição da mala com as bebidas dentro, lá em cima. Fato é que provei todos os wiskies, com exceção do submencionado Maker’s Mark. Mas não as tenho mais – e também, nem foto. […]

Union Virgin Oak Finish – Truco

Sábado, dezoito de dezembro, oito horas da manhã. Sentado à mesa, observo a querida Cã verter um balde de coado numa xícara que mais parece um ofurô. A gente precisa comprar os presentes de natal das crianças, dos seus pais e dos meus, e tem que ser hoje, diz ela. Finjo ouvir apenas de forma contemplativa, por estar absorvido por alguma futilidade no celular. Como se ela fosse desistir. Achei que ela já tivesse comprado, e a perspectiva de gastar horas de meu sábado em algum shopping lotado não me agrada em nada. Dois segundos de silêncio. Faço um esforço descomunal para continuar com os olhos na tela e não olhar para ela e denunciar meu blefe. A gente precisa comprar os presentes de natal das crianças. E dos nossos pais. De novo, ai meu deus. Ao menos ela não perguntou nada, então eu não preciso responder. Ah, e eu preciso comprar seu presente, o que você quer ganhar? Por um segundo me sinto apunhalado pela indagação. Admitindo derrota, respondo – ah, um whisky tá bom – e dou um sorrisinho. Ah, que bom, sabia que você ia pedir whisky, então vamos hoje no shopping, a gente já compra seu […]

Whiskies para dar de presente – Edição 2021

Eu até tento fugir, mas o fim do ano me persegue. Desta vez, foi meu Spotify. As musicas que você mais curtiu este ano, todas reunidas em uma só playlist. O ano é de dois mil e vinte e um, mas minha seleção musical reminesce de algum ponto entre noventa e nove e setenta e cinco. Noventa e nove e setenta e cinco para um redneck americano recém-mudado para Louisiana, bêbado, irritado e obeso. Esses dias, inclusive, comentei isso com minha querida Cã. Há uma pletora – para usar uma palavra incomum – de motivos que me fizeram casar com ela. Mas, o gosto musical certamente não foi um deles. Não há sequer um único ponto de tangência entre nossas mais ouvidas. Tudo bem, exceto por algum protesto durante uma eventual viagem de carro, isso não nos preocupa. Somos pessoas maduras. Mais ou menos. E já que o tom aqui é de maturidade, listas e final de ano, vamos ao tema perfeito desta matéria. Um apanhado de presentes para os apaixonados por whisky. Separei aqui alguns dos mais importantes lançamentos deste ano. Uma lista que não tem a pretensão de ser exaustiva, obviamente – mas vocês já sabem e não […]

Campbeltown Cocktail – Especificidade

“Me vê com ketchup, mostarda, maionese, batata palha, um pouquinho de vinagrete e purê“, dizia pro Roger, que tinha uma van de hot dog na frente do colégio, na minha época do colegial. Van de hot dog, não foodtruck. E colegial, não segundo grau. Dois termos propositalmente aqui usados, para auntenticidade, que talvez denunciem um pouco minha idade. Toda quinta-feira, esse era meu almoço, e o preferido da semana. O Roger acenava com a cabeça, cortava o pão torto, pegava a salsicha que já estava lá na água há umas boas duas horas, e, em menos de trinta segundos, entregava o lanche prontinho. Apesar da época quase medieval – quando não havia segundo grau e nem dijon no foodtruck – o Roger já tinha um cuidado todo especial com padronização e composição. O Ketchup tinha que ser do mais barato, aquele, quase vermelho neon. A mostarda, amarelo enxofre. Podia parecer só economia, mas ele sabia que, se melhorasse, piorava. O Hot Dog do Roger custava o equivalente a meio litro de gasolina hoje em dia. Mas transbordava de sabor. No entanto, como quase tudo no mundo, há opostos. E no universo do cachorro quente, não é diferente. Do outro lado […]