Vinho Jerez – Um Romance Internacional

Simbioses são relações de longo prazo entre duas ou mais espécies diferentes. Há diferentes tipos. A mais conhecida é a parasitária, onde uma espécie se beneficia da relação, enquanto a outra é prejudicada. Um tipo menos conhecido é o comensalismo. Ele acontece quando uma espécie se beneficia, enquanto a outra não dá a mínima para o que está acontecendo. É o caso da rêmora e do tubarão, por exemplo. A rêmora se alimenta dos restos das presas do tubarão. Para ele, não faz a menor diferença. Mas talvez em troca de companhia nadando, ou uma eventual chupada na barriga, o tubarão se abstém de abocanhar o alongado peixinho. Conheço algumas relações humanas que são assim, também. Mas a forma mais extraordinária de simbiose é o mutualismo. As duas espécies se dão bem, sem esforço, apenas se tolerando mutuamente. É o caso por exemplo dos morcegos-lanudos e plantas carnívoras de Borneo. Essas plantas parecem vasos, e se alimentam de pequenos insetos e vertebrados que caem em seu interior. Os morcegos-lanudos, porém, são grandes demais para serem digeridos por ela. Por isso, usam as plantas de saco-de-dormir. Pode parecer abuso não consensual de vegetais. Mas isso beneficia as plantas: elas se alimentam […]

Elk’s Own – Genialidade

Há alguns anos, András István Arató, um engenheiro de meia idade da cidade de Koszeg, na Hungria, recebeu a ligação de um fotógrafo desconhecido. O homem havia encontrado as fotos do Sr. Arató no Instagram, e lhe convidou a fazer um ensaio fotográfico – e não do tipo que você está pensando. András, que provavelmente vivia bem entedidado numa cidade provinciana no meio de um país sem muita coisa para fazer, aceitou. O fotógrafo fez imagens de Arató desempenhando diferentes profissões. Médico, pintor, professor e até mesmo engenheiro – algo bem autêntico para o Sr. András. Satisfeito, o fotógrafo agradeceu, pagou o cachê e foi embora. Meses depois, András se deparou com uma imagem e ficou chocado. Era ele, segurando uma caneca, com uma expressão que – apesar do sorriso – parecia reservar uma dor excruciante. Aliás, seu rosto estava por todo canto na internet. E seu nome havia mudado, também. Agora era Harold. Hide Your Pain Harold. Esse mesmo, do meme. No começo, Harold, quer dizer, Arató, ficou aborrecido. Afinal, ninguém quer virar meme na internet. Mas, depois de algum tempo, percebeu que aquela era uma oportunidade perfeita. Ele passou a aceitar – e buscar – oportunidades comerciais. Fez […]

Cinco Destilarias (quase) Novas para prestar atenção em 2024

Um paralelepípedo de polaca do alasca empanado, um queijinho safado e molho tártaro, que nem é tão tártaro assim. Tudo isso, emoldurado por duas metades de um brioche fofinho. Não parece grande coisa, mas causou um enorme rebuliço. É o McFish, lanche que saiu do cardápio do McDonald’s em 2019 – justamente porque vendia pouco. Em 2024 a rede anunciou sua volta, por tempo limitadíssimo. Anúncio recebido com gritos de glória pelos fãs da (discutivel) refeição. Eu incluso. Entendo, perfeitamente, o alvoroço. É que o McFish realmente não é nada demais. Exceto pelo que representa. Ele é visto como o útlimo bastião de algo gastronomicamente aceitável para os foodies, na rede de lanchonetes. Quando saiu, ninguém ligou. Mas depois de um tempo, bateu saudades. E e o que quase não vendia, passou até a ter campanha pra sua volta. Que, aliás, durou pouquíssimo. O mundo do whisky já passou por umas dessa, também. Exemplo é a Port Ellen. A destilaria foi fechada em 1985, numa época que o mercado de whisky passava por maus bocados. A Diageo possuía três destilarias em Islay – Lagavulin, Caol Ila e Port Ellen – e buscava reduzir custos. A escolha foi justamente fechar aquela […]