Este whisky não é mais o mesmo – Navio de Teseu
Se você recentemente tomou um gole daquele whisky que tanto gostou, mas achou um tanto diferente, talvez não seja delírio. Para explicar isto, deixe-me introduzi-lo a um de meus conceitos preferidos da filosofia. O Paradoxo do Navio de Teseu. Prometo que será interessante, ainda que escrito por dedos humanos. Teseu foi um herói grego, filho de Aethra e Egeu – dois mortais – com uma certa intervenção de Poseidon. O pacote básico de todo herói ou semideus daquela nacionalidade. Mas suas origens são menos importantes do que suas realizações. O que importa é que ele se tornou famoso por derrotar o Minotauro de Creta e voltar ileso para Atenas em seu suprarreferenciado navio. Por seu ato de bravura, Teseu teve a embarcação preservada pelo povo de Atenas. Para garantir sua conservação ao longo dos séculos, os atenienses substituíam, sempre que necessário, as partes desgastadas: primeiro as tábuas do convés, depois os mastros, os remos, o leme. Até que, eventualmente, todas as peças originais foram trocadas. E então surgiu a pergunta: aquele ainda era o navio de Teseu? A dúvida parece meio infantil, mas não é. Ela discute sobre a essência das coisas. Imagine, agora, que as peças originais retiradas fossem […]