Entrevista com Elizabeth McCall, Master Distiller da Woodford Reserve

Sentado no bar, lá pelas tantas, um conhecido meu surge com uma analogia sobre a vida. “Olha, imagina que sua vida é um pote enorme. E você tem na sua frente, duas porções de bolinhas de gude. Numa delas, todas são transparentes. Já a outra, têm bolinhas de várias cores” – um gole na cerveja, antes de seguir, para fins dramáticos – “No final de cada dia, você têm que colocar uma bolinha no pote. Se você fez algo legal, relevante, põe uma colorida. Mas se ficou lá, só flanando, deslizando pela sua rotina, tem que usar uma transparente.” – disse, apertando os lábios.

E aí, você vai ver que no final, vai ter muito mais bolinha transparente do que colorida“. Levantei as sobrancelhas “Tá, e tomar cerveja aqui, conta como colorido ou transparente?“. Pela revirada de olhos, notei que ele não gostou da coça. Mas a analogia, no fundo, era boa. Poderia induzir a comportamentos imprudentes, mas era, basicamente, aquele papo que a Jack Daniel’s tinha, há uns anos. “Make it Count“.

Making it count

E tive uma prova prática dessa filosofia ao viajar com a Brown Forman para os Estados Unidos. O objetivo era conhecer as destilarias do grupo e as pessoas por trás de suas marcas. Foram apenas cinco dias, mas com cada minuto preenchido. Passamos por quatro cidades, conhecemos três destilarias e participamos de uma corrida de cavalos em Churchill Downs – como espectadores, obviamente. Dormimos em três lugares diferentes, dentre eles, um trailer camp bem no meio da Jack. Visitamos bares, casas históricas e até um cemitério.

Mas o ponto alto de toda a experiência, sem a menor dúvida, foi conhecer as pessoas por trás dessas marcas icônicas. Ver que o whiskey no copo é, na verdade, a soma do conhecimento de dezenas de profissionais excepcionais. Como, por exemplo, Elizabeth McCall, a master distiller da Woodford Reserve. E este Cão teve a oportunidade de entrevistar McCall, logo após uma visita à destilaria. O resultado – porcamente traduzido – você vê aqui.

Esse foi, certamente, o dia de uma bolinha colorida.

Como você vê os consumidores bebendo whiskey hoje em dia?

Meus amigos não bebiam whiskey porque são inacessíveis sensorialmente, ou alto teor alcoólico. Então, se você ensina as pessoas a reduzi-lo a coquetéis simples, ele se torna mais acessível. Meu coquetel favorito é um Manhattan. Mas no verão, fazemos uma limonada de whiskey com Woodford Bourbon. É muito bom porque ele estica, reduz o teor alcoólico e é uma boa bebida para um dia quente. Então, há muitas maneiras de tomá-lo, que não são muito alcoólicas.

Qual é sua maneira favorita de beber whiskey?

Seria com gelo, como quando eu bebo em casa. Eu apenas encho um copo com gelo e, em seguida, completo com Woodford.

E qual é sua expressão favorita de Woodford Reserve?

Ah, é o Double Oaked. Na verdade, foi ele que tomei, da primeira vez que bebi whiskey com gelo. Não em um coquetel – só com gelo, mesmo. Talvez tivesse um pouco de limão, mas era só isso. Acho que foi em 2012 ou 2013. Estávamos em um jantar de trabalho com colegas e um deles pediu. Eu pensei “olha lá, acho que vou experimentar isso daí”.

Eu já estava trabalhando para a Brown-Forman na época. Mas eu ainda estava no laboratório de pesquisa e desenvolvimento em controle de qualidade. Então eu não estava trabalhando na destilaria. Eu trabalhei com todas as marcas (da Brown-Forman). Mas eu sempre tive uma queda pela Woodford. É uma marca linda em todos os sentidos possíveis.

Você de alguma forma previu que se tornaria master distiller?

Não! Quando comecei, ela (Woodford) era muito pequena. Mas sempre foi essa marca boutique de alto luxo, alta qualidade e aspiracional. Sempre foi algo que você pensa “isso é bom, eu quero isso no meu backbar e quero fazer parte disso”. E agora, trabalhar para a marca é como um sonho que se tornou realidade.

E como isso aconteceu?

Foi uma evolução da oportunidade de ser o “master taster”. Fui promovida a embaixadora da marca. Aí, tive oportunidade de trabalhar com o master distiller (Chris Morris – já entrevistado pelo Cão), e conhecer e provar nossos produtos e ajudar com a inovação. E comecei a trabalhar em mais qualidade aqui. Trabalhei na produção em Woodford, e isso me levou a ser master distiller. Mas nunca foi minha escolha quando comecei a trabalhar.

Morris

Qual é o maior desafio em ser um master distiller?

Acho que o maior desafio agora é a inovação e lançar as coisas o mais rápido possível. E isso é muito difícil. Só de pensar em novas maneiras interessantes de apresentar nosso whiskey, que não pareçam uma trapaça, ou não seja apenas para chamar a atenção. Mas que realmente permaneça fiel à marca e ao coração e à alma de Woodford. Porque há tantas tendências por aí.

Há pessoas que simplesmente aderem à tendência. E você sabe que não é autêntico para a marca. Então, o desafio é: “Como você se mantém fresco na mente dos consumidores, ainda mantém a inovação, mas é sincero?”

Como é o processo criativo de criação dessas inovações?

É realmente tirar inspiração do mundo. No que as pessoas estão interessadas? E então, também, o que está ao seu alcance. Tipo, o que podemos fazer? Então, quando eu estava mencionando acabamentos de barril, por exemplo. Temos uma vinícola com a qual trabalhamos. É da família Brown-Forman (Sonoma Cutrer). Então, há uma oportunidade aí! E também, nós sustentamos de documentos históricos o que podemos trazer de volta à vida. Então, há muitas áreas com as quais você pode brincar.

Qual produto seria novo de Woodford?

Acabamos de produzir um whiskey de chocolate com caramelo. Isso sairá em 10 anos a partir de agora. Você tem que esperar muito tempo, mas talvez menos. Mas o mínimo de 5 anos, então você só tem que esperar muito tempo, então quando inovamos hoje, isso nos toma muito.

Mas vai mais rápido do que você pensa. E então e então algumas das outras coisas são apenas misturas divertidas que fizemos olhando no depósito. Que estoque temos em excesso ou barris restantes de algo e você começa a pensar no laboratório e a juntar lotes e se divertir!

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