4 whiskies (e 1 gin) para o Natal

Mas cara, estamos no meio de novembro – refleti, observando meu vizinho de apartamento, do outro lado da rua, pendurando um cordão de luzinhas em sua varanda. Realmente, não entendo a ansiedade que a turma fica com o Natal. Natal, pra mim, é época de passar. Passar calor, passar vergonha na festa da firma, passar mal vendo gente que você não viu o ano inteiro e nem sentiu falta. Mas, acho que sou um caso isolado. É natal! Já preparou seu peru? – é o título sugestivo de um e-mail em minha caixa de entrada, recebido há uns dois dias. A quinta-série que mora em mim regojiza-se num delicioso receio em abrir. Sei lá qual a conotação deste peru. Observo, com certo desgosto, que aquele não é a única mensagem que faz referência às festividades de final de ano. Mas que insanidade coletiva é essa que faz o natal começar no meio de novembro? Bem, melhor não perder essa oportunidade, concluo. Então, aí está. Antes que você possa sequer pensar que deve comprar presentes. Antes mesmo de fazer calor. Antes de receber o zap da tia chamando você pra cilada de família. Uma lista com quatro whiskies – e um […]

O Cão Geek – Filtragem a Frio

“Eu não poderia usar minhocas no hambúrguer, elas são mais caras do que carne bovina” foi a respota do executivo Ray Kroc ao New York TImes, sobre os boatos de que o McDonald’s recheava seus burguers com anelídeos. A história surgiu em 1978, quando um ex-funcionário do méqui foi entrevistado em um talk-show, e supostamente revelou o segredo da companhia – vermes. O boato ganhou tanta força que, no ano seguinte, a rede de fast-foods teve sua receita (financeira, não de hambúrguer de minhoca) reduzida a dois terços, e teve que dispensar boa parte da força de trabalho. O restaurante se viu na obrigação de dar explicações. Encomendou laudos ao FDA e lançou uma campanha explicando de onde vinham seus burguers – gado, no caso. Até hoje, para evitar quaisquer dúvidas, anunciam ativamente que seus patties são feitos 100% de carne bovina. Vai que um dia muda. O argumento mais convincente, entretanto, foi o de Ray Kroc. Se não for pra reduzir o custo, pra que usar vermes? O mais engraçado é a razão da eficácia da declaração. Ninguém espera que um megaconglomerado de alimentação tenha princípios – se for mais barato, tá liberado comer minhoca, porque o consumidor não […]

New York Sour Clarificado

Plantar feijão no algodão e prender gelo no barbante usando sal são dois experimentos que quase toda criança já fez. Mas, a preferida, sem dúvidas, é o chafariz de Coca e Mentos. O experimento é tão famoso que há até composições artísticas, com fotos elaboradíssimas. A Coca-Cola com Mentos não é só um experimento científico infantil. É quase uma lenda. E como quase todas as lendas, ela pode ser moldada ao prazer do interlocutor. A vovó diria que olha só, esse negócio explode porque é tudo porcaria, feito de borracha e produto químico. Meu filho, inquisitivo, indagaria o que aconteceria com o estômago dele se bebesse o refrigerante e engolisse uma balinha logo em seguida. Será que eu ia explodir também, papai? O mais curioso é que até pouco tempo, não havia consenso sobre a razão do curioso fenômeno. Atualmente, a teoria mais aceita envolve tensão superficial e carbonatação. O mentos não é perfeitamente liso. Suas reentrâncias fazem que as ligações entre o líquido e o dióxido de carbono (o gás) se desestabilizem, causando o aparecimento de bolhas. Essas bolhas provocam mais bolhas, em uma reação em cadeia que culmina numa erupção curiosamente fascinante e ao mesmo tempo meio nojenta. […]