O que é uma Ghost Distillery – O Cão Historiador

Apologias. Mais uma vez, falarei de cinema. E eu sei que às vezes parece que isso aqui é um blog sobre filmes ao invés de whisky. Mas a analogia é boa demais para ser desperdiçada sob alegação de extenuação. Temo, aliás, que o pedido de perdão seja duplo – porque a relação também é tão direta que é até óbvia. O filme Parte dos Anjos, de Ken Loach. Parte dos Anjos conta a história de um grupo de jovens marginalizados, que descobre o prazer de degustar a água da vida. E que, por conta de uma série de coincidências, fica sabendo de um raríssimo barril de whisky, de uma destilaria há muito demolida. Malt Mill. Sabendo como whiskies raros são valiosos, o time traça um plano para furtar algumas garrafas e vender no mercado paralelo. O filme de Loach, neste aspecto, é de uma sutileza incrível. Personagens reais do mundo do whisky, como Charles MacLean, estão perfeitamente incorporados à história a ponto de parecerem ficcionais. E o mesmo acontece com o objeto de desejo e pivô de tudo. A Malt Mill. A obra inteira de Ken Loach, aliás, tem um curioso paralelo com o tema ora apresentado. O cineasta, nascido […]

Johnnie Walker Blue Label Ghost & Rare Port Ellen

Em 1888, numa mina localizada em Kimberly, na África do Sul, foi feita uma descoberta extraordinária. Extraordinariamente valiosa. O outrora terceiro maior diamante do mundo, de uma translúcida cor de whisky. Batizado de De Beers – por conta da empresa de mineração que o encontrou – o brilhante, depois de lapidado, possuía mais de 230 quilates. Isso é realmente muito, caso você não seja um entusiasta da gemologia. A pedra, que adquirira fama internacional, foi então comprada pelo marajá Bhupinder Singh, da Índia, em 1889. O monarca juntou a gema a mais 2.930 diamantes – alguns deles raríssimos – de sua coleção, e comissionou a Casa Cartier para criar uma das maiores peças de joalheria de todos os tempos. Um colar cerimonial, chamado Patiala. A peça final, produzida com platina, tinha mais de mil quilates. Em seu centro, reluzia o enorme De Beers. Mas – e desculpem pela paráfrase medíocre – nem tudo eram diamantes no céu. Em meados de 1950, o enorme colar desapareceu do tesouro real, e assim permaneceu por mais de quatro décadas. Em 1998 ele foi encontrado pela própria Cartier em uma joalheria de Londres, mas sem suas pedras mais preciosas – dentre elas, o De […]

Johnnie Walker Blue Label Ghost & Rare Brora

Quando você presta atenção no tédio, ele se torna inacreditavelmente interessante. Quem primeiro proferiu essa frase foi Jon Kabat-Zinn. Um cara que nunca havia ouvido falar na vida, e que, para falar a verdade, ainda não sei bem quem é. Mas tenho a sensação de que ele está certo. Porque descobri sua frase justamente em uma tarde em que tentava aliviar um pouco o tédio pesquisando frases espirituosas. O tédio é, talvez, o pai de grandes descobertas. E das pequenas também. Foi o tédio que me fez assistir Berlin Aexanderplatz, do Fassbinder, por longas quinze horas. E aprender – com uma ajudinha da internet – que leite de hipopótamo é rosa, que polvos tem três corações, e que a Universidade de Oxford é mais antiga que o Império Asteca. Mas acho que uma das descobertas mais legais que o tédio me proporcionou recentemente foi sobre o caviar do Esturjão Beluga Albino. O caviar do esturjão beluga albino é caríssimo, ainda mais se for de uma variedade conhecida como Almas. Essa é provavelmente a comida mais cara do mundo. Um quilo custa vinte e cinco mil dólares. É que o tal do peixe, que vive no Mar Cáspio, é raríssimo. E […]