Especial de Final de Ano – Whisky e Réveillon

“O passado não importa muito. O que importa são seus planos para o futuro. Anime-se com seus planos para o futuro”. Quando ouvi essa frase de um conhecido há uma dezena de réveillons passados, logo me animei. Me animei, porque tudo que havia planejado para meu futuro era terminar aquela taça de prosecco. E, ao termina-la, me encostar novamente no balcão do bar para pedir a próxima. Afinal, é ano novo. Eu posso. O ano novo é uma festa interessante. Aliás, é minha data comemorativa coletiva preferida. Não é muito difícil, já que eu odeio natal, não suporto a monomania do carnaval e não ligo muito para a páscoa. Mas a verdade é que o réveillon traz um temporário otimismo ingênuo até mesmo para as pessoas mais taciturnas. Com o tempo, aprendi que não adianta muito fazer planos para o ano vindouro. Nem ouvir conselhos. Porque não importa qual foi sua promessa ou a recomendação. Ano que vêm, você provavelmente estará pesando a mesma coisa que está agora. E continuará trabalhando com o mesmo empenho e visitando a academia com a mesma frequência. Você, inclusive, estará bebendo a mesma quantidade que bebe o ano inteiro. Quer dizer, com exceção da […]

Especial de Natal – Um Manual de Como Presentear com Whisky

Escolher presentes de natal nunca é fácil. Nem mesmo para a pessoa com que você mais tem intimidade no mundo. No meu caso, a Cã Engarrafada. Neste caso, o risco é errar. Não há espaço para errar com alguém que você conhece tão bem. Mas como já estamos casados a pouco mais de meio decênio, tendo galgado o dobro disso de namoro, recorri a uma praticidade arriscada. Perguntei a ela o que queria receber de presente. E não me condene por ter sido direto. Porque realmente é romântico captar sinais e ir sorrateiramente reunindo informações e analisando reações para tentar descobrir o que sua melhor parte deseja. Mas isso também é trabalhoso e – caso sua inteligência emocional seja equivalente a de um crustáceo, como a minha – pode dar terrivelmente errado. Após uns três segundos de uma ensaiada cara de dúvida, a Cã respondeu que queria uma bolsa, e que me daria um single malt. Uma bolsa, tudo bem, pensei. Qual a dificuldade em escolher uma bolsa? Bem menor do que a dela, ao escolher o whisky. Minha ida ao shopping revelou que a tarefa era consideravelmente mais difícil do que eu havia previsto. Principalmente quando não há o […]

O Cão Clássico – Glenlivet 12 anos

Meu trabalho traz a oportunidade de conhecer uma boa dose de loucos. O mundo corporativo está cheio deles, de todas as espécies e graus de loucura. Um dos mais interessantes foi o Sr. Roberto, sócio de um escritório em que trabalhei. O Sr. Roberto era extremamente articulado, relativamente elegante e muito educado. Trabalhava bem e era muito eficiente. Enfim, o Sr. Roberto parecia um cara absolutamente normal. Até você ir almoçar com ele. Na hora da refeição, o Sr. Roberto tinha todo tipo de mania. Uma das mais estranhas era de, durante reuniões mais longas, comer esfihas de ricota, cortadas por nossa copeira em oito pedaços milimetricamente idênticos, como uma pizza. O Sr. Roberto passava reuniões inteiras com um minipedaço de esfiha na mão, e, eventualmente, o comia, pegando outro logo em seguida. Outro cara que tinha manias alimentares tão estranhas quanto as do Sr. Roberto, foi Napoleão Bonaparte. Reza a lenda que Napoleão não comia nada antes das batalhas. Por conta disso, voltava delas com uma fome monstruosa. Seu prato preferido – criado por seu chef pessoal após a batalha de Marengo – era Frango à Marengo. Napoleão gostava tanto daquele prato que sempre o pedia após a luta, […]