A História do whisky japonês – Parte II

Na semana passada contamos os primeiros capítulos da história do whisky japonês. Do desembarque de Matthew Perry no porto de Edo, até a fundação da Suntory por Shinjiro Torii e Masataka Taketsuru. Por ora, tudo estava em paz. Mas sossego nenhum dura pra sempre, então, retomaremos a história com: Conflitos domésticos e internacionais Em 1934, Masataka Taketsuru resolveu alçar voo solo. Demitiu-se da Kotobukiya e começou a trabalhar no projeto de sua nova destilaria. Essa, onde ele sempre sonhara. A ilha de Hokkaido. Por não ser um empreendedor tão nato quanto Torii, Masataka resolveu batizar seu novo empreendimento de Dainipponkaju – perfeito para se falar depois de algumas doses de Kakubin. Depois, e provavelmente ao ouvir a voz da razão de Rita, mudou o nome da empresa para algo mais pronunciável mesmo alcoolizado. Nikka. Em 1940 a Yoichi, primiera destilaria do grupo Nikka, passou a funcionar. Foi nessa época que a Kotobukiya também alterou a denominação, e passou a atender por Suntory. Que, caso não tenha notado, é Torii-San ao contrário. E você, que achava que “Daslu” ou “Apple” eram ideias cretinas. Ao longo da década de trinta, o consumo de whisky no Japão ainda era pequeno e – apesar […]

Monomito – A História do Whiskey Irlandês – Parte 2

Esta é a segunda parte da saga do whiskey irlandês, nosso herói etílico. Se perdeu o começo da jornada, leia aqui. Naquela oportunidade, congelamos a história quando a bebida encontrou suas primeiras dificuldades em seu percurso. O fogo amigo do whisky escocês, que se popularizou com a invenção do destilador contínuo. Retomaremos a partir deste ponto. Em 1919 ocorreu a independência da Irlanda, que se separou do Reino Unido. Um acontecimento histórico importante, mas que causou instabilidade para o Irish Whiskey. A independência tornou o acesso dos irlandeses aos mercados lucrativos do império britânico mais difícil. Para piorar, o governo irlandês, que considerava as destilarias favoráveis à coroa, impôs taxas pesadas sobre a bebida, tornando seu consumo caro, mesmo dentro da Irlanda. Soma-se a isso o fato de que o whisky irlandês era importado em massa, dentro de barricas, e engarrafado e cortado no destino. Isso – ainda que fosse uma prática mais econômica – facilitava sua falsificação ou adulteração. O whisky escocês, por outro lado, era importado em garrafas, o que atrapalhava bastante este trabalho. Mas nem tudo estava perdido. Nosso protagonista, um pouco abalado pelos últimos acontecimentos, ainda andava de cabeça erguida. Afinal, o Whiskey Irlandês ainda possuía […]

Monomito – A História do Whiskey Irlandês – Parte 1

Você sabe o que A Pequena Sereia, O Senhor dos Anéis e Harry Potter tem em comum? Não, não é um protagonista irritante, ainda que isso seja verdade para as três sagas. É o monomito. Também conhecido como a Jornada do Herói, ele é uma estrutura narrativa bastante usada na ficção e, claro, em mitos, como o de Perseu. Se você analisar cuidadosamente, essas histórias – e uma porção de outras – possuem exatamente o mesmo esqueleto. O termo monomito foi descrito pela primeira vez por Joseph Campbell em seu livro “The Hero With a Thousand Faces”. Campbell pegou o termo emprestado de uma obra de James Joyce, chamada Finnegan’s Wake. O monomito é dividido em três atos: a partida, a iniciação e o retorno. Cada um deles possui subcapítulos, como o mundo cotidiano e a chamada À aventura, a estrada de provas, o momento em que tudo está perdido, a apoteose e o retorno. E talvez seja porque a Irlanda possui alguns dos mais importantes escritores do mundo – Como Joyce, aliás – ou não. Mas o whiskey irlandês, ao longo dos séculos, descreveu um caminho muito semelhante àquele do monomito. Das portas dos monastérios à gloria e ao posterior […]