De onde vem o sabor defumado do whisky

Tenho umas memórias engraçadas de quando era criança. Como certa vez, que disse pro meu pai que queria andar de trem, e ele me levou num vagão da antiga FEPASA lotado no horário do rush. Nunca mais pedi pra andar de trem na vida. Mas hoje, estranhamente, adoro. Teve outra vez que disse que queria comer peixe. Aí ele aproveitou a oportunidade, e me levou num restaurante bem chique, daqueles que demoram duas horas. E aquilo poderia ter sido outra experiência traumática – ou talvez simplesmente fadada ao oblívio – não fosse o prato que, sem querer, escolhi. Um gratinado de hadoque defumado. Tenho que confessar aqui que não foi pelo hadoque. Foi pelo gratinado. Na lógica do meu eu de dez anos, comida boa era comida gorda. E seria difícil ganhar de um gratinado com creme de leite e três queijos. Mas, no final do dia, não fora o queijo que me encantara. Mas o peixe. Havia lá um sabor que eu jamais sentira – ou atentara – e que me apaixonei. Meu pai me perguntou se havia gostado, o que, obviamente, era uma pergunta retórica quase, porque quando ele me perguntou, já estava quase lambendo o fundo do […]

Exceção – Bruichladdich The Classic Laddie

Quando estava no colégio, uma das minhas aulas preferidas era biologia. Achava interessantíssimo assuntos como evolução, reprodução – sem duplo sentido aqui – e, claro, genética. Aliás, genética provavelmente foi um dos meus pontos mais queridos durante minha formação no ensino médio. Adorava descobrir quais eram os genes recessivos e dominantes, e encontra-los em meus amigos e familiares. Caso você não saiba o que é isto, aí vai uma explicação mais ou menos simples. Genes recessivos são aqueles que não se expressam no estado heterozigótico. Em uma linguagem leiga, acontece o seguinte. Muitos genes – tipo a cor do olho – possuem duas ou mais variações chamadas alelos. Se você tem, diremos, um alelo “azul” e outro “castanho”, e este último é o dominante, então você terá olhos castanhos. Entendeu? Não? Então aqui vão mais alguns exemplos. Se, para você, dipirona não tem gosto de nada, você é recessivo. Cruzar o dedão direito sobre o esquerdo ao encontrar as mãos é recessivo, assim como não conseguir dobrar a língua em U. Por outro lado, se sua orelha tem lóbulo (essa é aquela parte debaixo, perto do maxilar) solto, você é dominante. E ainda isto esteja longe de ser absoluto, geralmente, […]