Da Civilização – The Dalmore 12 anos

A civilização é algo precioso. Com ela, pudemos contar com um sem fim de coisas que nossos ancestrais nem imaginavam. Pudemos desfrutar de facilidades que hoje, tomamos como garantidas. Água encanada, esgoto, luz. Delivery de pizza, supermercados e centenas de milhares de barbearias, paleterias mexicanas e hamburguerias. Comida sem glúten e sem lactose mesmo pra quem não precisa, foodtruck de kombucha e todo tipo de solução para todo tipo de problema que não teríamos, se não vivêssemos em sociedade. Mas acho que a maior vantagem de todas é mesmo a tranquilidade. Não a tranquilidade da rotina, porque se existe alguma coisa que não é tranquila nos dias de hoje, é a rotina. A rotina pra quase todo mundo é bem corrida. Tanto que às vezes nem dá tempo de fazer xixi entre uma coisa ou outra, por exemplo. Mas a tranquilidade de saber que você tem maiores chances de terminar o dia vivo. Eu sei que mesmo hoje pode acontecer todo tipo de desfortúnio desagradável que desemboca na morte. Mas pensa bem. A chance de você ser devorado por um urso enquanto dorme é bem pequena. Ou de pisar em uma taturana tão venenosa que liquefará todos seus órgãos internos […]

A Educação faz o Whisky – Dalmore 18

A Educação faz o Homem. Foi o que o escritor britânico William Horman reproduziu em seu livro Vulgaria, de 1519 – um compêndio de citações e provérbios de sua época. No original arcaico “manners maketh man“, o aforismo pode parecer algo cavalheresco e ultrapassado, mas possui um significado tão simples quanto atual. Ele diz que a cortesia, educação e as boas maneiras são essenciais para se conviver em sociedade. E o homem aqui tem sentido amplo. É toda a humanidade. Mas isso tudo é um detalhe. O importante mesmo é que a citação de Horman – que na verdade nem de Horman é – tornou-se a frase de efeito de Colin Firth, em Kingsman. O filme, dirigido por Matthew Vaughn em 2014 é, ao mesmo tempo, uma paródia e uma homenagem a todos os filmes de espião de todos os tempos. Mas, especialmente, James Bond. Assim como nos filmes de 007, a película é forrada de ternos bem cortados, explosões e vilões megalomaníacos. E muitas vezes é até melhor que Bond. O polêmico plano-sequência da igreja, por exemplo, é absolutamente incrível. E Samuel L. Jackson como um cruzamento entre Mark Zuckerberg e Elon Musk coloca qualquer Blofeld no chinelo. Mas, […]

Bloqueio – Whyte and Mackay 13 (The Thirteen)

Essa semana estava sem imaginação para um novo texto. Observava, com olhar fixo, a página em branco do documento à minha frente, enquanto percorria em minha mente tudo aquilo que já tinha visitado neste blog.  Não sabia que whisky reveria, e, pior, não tinha a mais rasa ideia de como introduzi-lo. E enquanto me esforçava para pensar em qualquer coisa que pudesse ser minimamente usada em um texto, veio-me uma frase que é comumente atribuída a Hemingway. Escreva bêbado, edite sóbrio. Concluí, com certo entusiasmo, que era aquilo que precisava. Beber um whisky, que me ajudaria a escolher o whisky que beberia – e escreveria – em seguida. Uma visita a dispensa. Lagavulin. Ardbeg. Glenfarclas. Nada disso. Enquanto pensava, precisava de algo mais leve. Algo que pudesse beber despreocupado, e que me auxiliaria a refletir e lubrificasse minha mente. Algo despretensioso, mas que me estimulasse a tomar o próximo gole quase involuntariamente. O escolhido logo brilhou para mim. Um Whyte and Mackay 13 anos. Em um copo baixo, logo servi uma generosa dose. Afinal, caso tivesse que me levantar da cadeira novamente para completar o copo, poderia perder a concentração. Melhor pecar pelo excesso. Com o primeiro gole, comecei a pensar. […]