Bloqueio – Whyte and Mackay 13 (The Thirteen)

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Essa semana estava sem imaginação para um novo texto. Observava, com olhar fixo, a página em branco do documento à minha frente, enquanto percorria em minha mente tudo aquilo que já tinha visitado neste blog.  Não sabia que whisky reveria, e, pior, não tinha a mais rasa ideia de como introduzi-lo.

E enquanto me esforçava para pensar em qualquer coisa que pudesse ser minimamente usada em um texto, veio-me uma frase que é comumente atribuída a Hemingway. Escreva bêbado, edite sóbrio. Concluí, com certo entusiasmo, que era aquilo que precisava. Beber um whisky, que me ajudaria a escolher o whisky que beberia – e escreveria – em seguida.

Uma visita a dispensa. Lagavulin. Ardbeg. Glenfarclas. Nada disso. Enquanto pensava, precisava de algo mais leve. Algo que pudesse beber despreocupado, e que me auxiliaria a refletir e lubrificasse minha mente. Algo despretensioso, mas que me estimulasse a tomar o próximo gole quase involuntariamente.

O escolhido logo brilhou para mim. Um Whyte and Mackay 13 anos. Em um copo baixo, logo servi uma generosa dose. Afinal, caso tivesse que me levantar da cadeira novamente para completar o copo, poderia perder a concentração. Melhor pecar pelo excesso.

Né?
Né?

Com o primeiro gole, comecei a pensar. Talvez pudesse fazer uma prova sobre algum single malt relacionado àquele blended whisky. Afinal, em seu coração estavam Fettercairn, Tamnavulin e Dalmore. Esta última, uma das mais respeitadas destilarias de toda a Escócia, famosa por produzir edições exclusivas caríssimas, maturadas em alguns dos melhores barris à disposição no mercado.

Meus pensamentos começaram a perder o foco. Recordei sobre a maturação do Whyte and Mackay 13. Na verdade, a dupla – ou melhor, tripla – maturação, algo bem incomum no mundo dos blended whiskies. É que primeiro os single malts – já maturados – são reunidos e transferidos para barricas de carvalho europeu que antes contiveram vinho jerez. Depois, essa mistura é retirada e o whisky de grão é adicionado. Por fim, o blend sofre uma segunda maturação – ou terceira, considerando os single malts – naquelas mesmas barricas de carvalho europeu.

Me perdi um pouco na divagação. Lembrei que o Master Blender, responsável pela criação e pela qualidade dos Whyte Mackay é Richard Paterson, mais conhecido como “The Nose” (O Nariz). Ri ao recordar que há uma apólice de seguro sobre seu nariz, no valor aproximado de 2,5 milhões de libras, pelo Lloyd’s Bank of London.

Tudo isso?
Tudo isso pelo meu nariz?

Mais um gole para retomar as rédeas da minha imaginação. História. Talvez pudesse contar alguma história, para introduzir certo whisky. Uma que fosse interessante, clássica, como a da Whyte & Mackay. Originária da Allan & Poynter, empresa sediada em Glasgow e gerenciada por James Whyte, em 1844. Ele e Charles Mackay comercializavam e armazenavam whiskies, eventualmente trocando barricas entre si. Isso teria culminado na parceria entre os dois, e o lançamento de seu próprio rótulo de blended whisky, o Whyte & Mackay Special, em 1882.

Pensando bem, não, nada de história. Dessa vez, eu escolheria pelo preço. Reveria um whisky cujo custo benefício fosse bom, ainda que não fosse exatamente uma pechincha. Como, por exemplo, o Whyte and Mackay 13 que estava tomando. Duzentos e deis reais, na média, por uma garrafa de um litro.

O derradeiro gole. Observava o fundo do copo com olhar fixo, enquanto percorria em minha – já um pouco obnubilada – mente qual finalmente seria o whisky a ser revisto. Mais uma visita à dispensa. Mortlach, Glen Scotia, Ledaig. Não, nada daquilo também. O que queria mesmo era aproveitar minha tarde sossegado, na companhia de uma boa garrafa de whisky.

Com certo esforço, alcancei novamente o Whyte and Mackay 13. Puxa, que blend interessante. Outro dia, talvez poderia escrever uma prova sobre ele. Quem sabe.

WHYTE AND MACKAY 13 (THE THIRTEEN)

Tipo: Bended Whisky com idade definida – 13 anos

Marca: Whyte & Mackay

Região: N/A

ABV: 40%

Notas de prova:

Aroma: chocolate, frutas vermelhas, cítrico (limão siciliano), pão.

Sabor:  Leve, adocicado, frutado. Especiarias, com final progressivamente mais adocicado. Sensação do álcool é surpreendentemente suave para um blend de sua idade.

Com água: A água reduz o sabor adocicado, e deixa o sabor de frutas mais pronunciado.

Preço médio: R$ 210,00 (duzentos e dez reais)

8 thoughts on “Bloqueio – Whyte and Mackay 13 (The Thirteen)

  1. Que ótimo que tenha feito esta análise, Maurício! Estava ansioso por ela!
    Encontro o WM 13 na Candy Shop próxima de minha casa por R$ 182,50 e ele me interessa bastante.
    Lá tb dava para encontrar o Special, mas eu preferi deixar para investir no 13y (segundo indicação de um especialista haha).

    Grande Abraço!

  2. Este é sem dúvida um dos meus blends na categoria 12 anos favorito, comprei um kit com o W&M Special (NAS) e o 13 anos por R$110,00 numa queima de estoque no supermercado, ambas garrafas de 1 litro porém sem caixas.

    O primeiro por ser mais jovem, tem uma pegada maior e um gosto de grãos mais pronunciado também, um gosto bem mais adocicado que o irmão mais velho, já o 13 anos é simplesmente fantástico, ainda mais com 2 colheres de chá de água. Uma pena que é bem difícil encontrar ele nos mercados daqui da minha cidade, e como ele não é um dos mais conhecidos pela grande massa, o mercado ainda tinha um estoque bem grande desse whisky logo depois que comprei na promoção e ficou rodando nas prateleiras até a black friday.

    Eu percebi uma nota de chá de ervas, me lembrando vagamente erva mate. Se eu puder achar denovo e com um bom preço, com certeza vou comprar novamente.

  3. O White & Mackay 13 anos é um dos meu blends preferidos, excelente custo x beneficio. Te um aroma sensacional e não decepciona no paladar. Não falta na minha adega.

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