Dalmore Cigar Malt Reserve – Forma e Função

Esta matéria foi originalmente escrita para o website charutando.com.br . Porém, com o lançamento oficial do Dalmore Cigar Malt Reserve no Brasil, reproduzimos aqui o conteúdo. Ferdinand Porsche uma vez disse “Se analisarmos a função de um objeto, seu formato geralmente se tornará óbvio”. Em outras palavras, a concepção, o desenho de certo objeto, deve ser escrava de seu propósito. Ferdinand Porsche realmente entendia muito sobre o design de automóveis, mas, provavelmente, nunca viu um talher de peixe na vida. Vou começar pelo garfo. O garfo de peixe é simplesmente um garfo comum, sensivelmente menor, mais gordo e com um dente a menos. E não há nada de especial nele além disso. Nada em seu projeto torna a tarefa de levar o animal marinho à boca mais fácil. Por essa razão, o garfo de peixe simplesmente não deveria existir. Mas o pior não é ele. O pior mesmo é a faca de peixe. A faca de peixe é um dos objetos da cutelaria que mais me intriga. Porque, para falar a verdade, ela não é boa para nada. Mas ela é especialmente ruim para se usar no peixe. Aquela reentrância – cujo propósito deveria ser auxiliar na separação das espinhas […]

Da Civilização – The Dalmore 12 anos

A civilização é algo precioso. Com ela, pudemos contar com um sem fim de coisas que nossos ancestrais nem imaginavam. Pudemos desfrutar de facilidades que hoje, tomamos como garantidas. Água encanada, esgoto, luz. Delivery de pizza, supermercados e centenas de milhares de barbearias, paleterias mexicanas e hamburguerias. Comida sem glúten e sem lactose mesmo pra quem não precisa, foodtruck de kombucha e todo tipo de solução para todo tipo de problema que não teríamos, se não vivêssemos em sociedade. Mas acho que a maior vantagem de todas é mesmo a tranquilidade. Não a tranquilidade da rotina, porque se existe alguma coisa que não é tranquila nos dias de hoje, é a rotina. A rotina pra quase todo mundo é bem corrida. Tanto que às vezes nem dá tempo de fazer xixi entre uma coisa ou outra, por exemplo. Mas a tranquilidade de saber que você tem maiores chances de terminar o dia vivo. Eu sei que mesmo hoje pode acontecer todo tipo de desfortúnio desagradável que desemboca na morte. Mas pensa bem. A chance de você ser devorado por um urso enquanto dorme é bem pequena. Ou de pisar em uma taturana tão venenosa que liquefará todos seus órgãos internos […]

A Educação faz o Whisky – Dalmore 18

A Educação faz o Homem. Foi o que o escritor britânico William Horman reproduziu em seu livro Vulgaria, de 1519 – um compêndio de citações e provérbios de sua época. No original arcaico “manners maketh man“, o aforismo pode parecer algo cavalheresco e ultrapassado, mas possui um significado tão simples quanto atual. Ele diz que a cortesia, educação e as boas maneiras são essenciais para se conviver em sociedade. E o homem aqui tem sentido amplo. É toda a humanidade. Mas isso tudo é um detalhe. O importante mesmo é que a citação de Horman – que na verdade nem de Horman é – tornou-se a frase de efeito de Colin Firth, em Kingsman. O filme, dirigido por Matthew Vaughn em 2014 é, ao mesmo tempo, uma paródia e uma homenagem a todos os filmes de espião de todos os tempos. Mas, especialmente, James Bond. Assim como nos filmes de 007, a película é forrada de ternos bem cortados, explosões e vilões megalomaníacos. E muitas vezes é até melhor que Bond. O polêmico plano-sequência da igreja, por exemplo, é absolutamente incrível. E Samuel L. Jackson como um cruzamento entre Mark Zuckerberg e Elon Musk coloca qualquer Blofeld no chinelo. Mas, […]

Febre de Consumo – Dalmore 15 anos

Existem várias atividades que me proporcionam sentimentos conflitantes. Um deles é fazer exercício. Por mais que eu deteste qualquer tipo de esforço, sei que, para um Cão como eu, correr é essencial para a saúde. Além disso, tenho que admitir: depois de uns vinte minutos de trote rápido, a sensação é quase boa. Quase. Porque bom mesmo é tomar whisky e fumar charuto. Pensando bem, fazer exercício está, no máximo, no nível “recompensador” da escala de prazer deste Cão. Outra dessas atividades é ir ao supermercado. Assim como correr, ir ao supermercado é uma obrigação inevitável. Inevitável principalmente quando a Sra. “Cã” Engarrafada, solicita, com a suavidade de uma voadora no rim, que eu compre mantimentos para nosso lar. Pensando objetivamente, ir ao supermercado é um saco. Não há prazer nenhum em comprar litros de água sanitária, detergente e arroz agulhinha tipo um. Ou papel higiênico. Aliás, tenho um problema com isso. Sempre que passo o papel higiênico no caixa, entrego para a senhorinha com certo ar de vergonha. Eu sei que é perfeitamente normal se limpar. E que todo mundo faz isso, ou pelo menos deveria. Mas não consigo evitar esse sentimento de culpa infantil. Mas às vezes, com […]