A História do Whiskey Japonês – Parte I

Todos nós conhecemos o estereótipo de cientista maluco. Aquele cara que tem um sonho bizarro, quase inalcançável, é socialmente inapto e meio esquisitão. Se for personagem de um filme, ele usa jaleco branco, não penteia o cabelo e às vezes dá umas tremidas esquisitas, como se estivesse possuído pelo capiroto. Mas, por trás da bizarrice toda, está um gênio, capaz de criar algo que mudaria a história da humanidade. É uma hipérbole, como todo estereótipo. Mas, isso não significa que ele não poderia existir. Um exemplo quase perfeito é John Whiteside Parsons – conhecido como Jack Parsons. Caso você não conheça, vou preguiçosamente transcrever aqui a descrição do primeiro parágrafo da Wikipedia. “Parsons foi um engenheiro de foguetes, químico e ocultista Telemita americano“. Convenhamos, é um currículo impressionante. Pouca gente é ocultista e mexe com foguetes. Parsons era justamente isso. Ele foi um dos principais fundadores do Jet Propulsion Laboratory, e desenvolveu um combustível sólido para jatos composto, basicamente, por amida, nitrato de amônia e amido de milho. Além de ser um cientista brilhante, Parsons era também um ocultista. Mergulhou fervorosamente no mundo da magia negra em 1945, quando conheceu o escritor L. Ron Hubbart. Ambos conduziram uma série de […]

Teacher’s 12 Golden Thistle – Refinamento Áureo

Esses dias fui almoçar em um restaurante novo que abriu aqui perto de casa. Tudo muito bonito, bem diferente daquele que lá funcionara antes dele. Cadeiras de latão, lâmpadas de filamento carbono, mesas de madeira de demolição. Olhei o menu. Comida orgânica, café fairtrade, cerveja artesanal. Pratos com ruibarbo e sobremesa com regaliz. Um rapaz se aproximou da minha mesa e estendeu a mão. Contemplei aquele indivíduo que ostentava um curioso bigode a la Dali e uns mullets que poderiam fácil ter sido usados pelo Mel Gibson na década de oitenta. Camisa xadrez, suspensório, all-star. Levei uns bons trinta segundos observando aquela figura até perceber que ele era o mesmo dono do restaurante antigo, só que fantasiado. Não sei do quê. Apertei sua mão. Contratamos um consultor. Ele disse que a gente devia mudar para alcançar outra faixa do mercado. E vou te falar que tá indo bem. Vai ter um parklet lá fora com cobertura, e a gente vai prender as bicicletas no teto. Acenei com a cabeça. Tá tudo mudando mesmo. Mas escuta, e preço? Bom, o preço mudou também. Mas como disse lá o pessoal do Porta dos Fundos, agora o que se vende é a experiência. O menu […]

Jim Beam Bourbon – Sobre unanimidades

Talvez muitos dos leitores aqui não saibam disso. Já contei uma vez há algum tempo – sou advogado. Meu primeiro trabalho foi em um escritório relativamente grande de São Paulo, na área de Mercado de Capitais – talvez a segunda especialidade com a maior fauna de estereótipos, depois da famigerada trabalhista. A equipe era formada por quatro pessoas. Ou melhor, quatro personagens, todos com jeitos e gostos diferentes. O que, de certa forma, era enriquecedor, porque sempre conseguíamos abordar os problemas com diferentes enfoques, discutir e chegar à melhor saída. A equipe funcionava muito bem graças à essa diversidade. Quer dizer, quase sempre. Menos no almoço de equipe. O almoço de equipe era um conflito quase irresoluto. Um era apaixonado por uma hamburgueria tão cara, mas tão cara, que o preço só se justificaria se os hambúrgueres fossem feitos de carne do rebanho de gado do Senhor Todo Poderoso, se o Senhor Todo Poderoso tivesse um rebanho de gado. Outra sempre queria comida japonesa. O sócio, Sr. Roberto, preferia o árabe, por conta das esfirras de ricota. E eu, recém-formado, com minha carteirinha da ordem meramente ornamental, topava qualquer um que não me transformasse em um camponês medieval, preso à […]