A História do whisky japonês – Parte II

Na semana passada contamos os primeiros capítulos da história do whisky japonês. Do desembarque de Matthew Perry no porto de Edo, até a fundação da Suntory por Shinjiro Torii e Masataka Taketsuru. Por ora, tudo estava em paz. Mas sossego nenhum dura pra sempre, então, retomaremos a história com: Conflitos domésticos e internacionais Em 1934, Masataka Taketsuru resolveu alçar voo solo. Demitiu-se da Kotobukiya e começou a trabalhar no projeto de sua nova destilaria. Essa, onde ele sempre sonhara. A ilha de Hokkaido. Por não ser um empreendedor tão nato quanto Torii, Masataka resolveu batizar seu novo empreendimento de Dainipponkaju – perfeito para se falar depois de algumas doses de Kakubin. Depois, e provavelmente ao ouvir a voz da razão de Rita, mudou o nome da empresa para algo mais pronunciável mesmo alcoolizado. Nikka. Em 1940 a Yoichi, primiera destilaria do grupo Nikka, passou a funcionar. Foi nessa época que a Kotobukiya também alterou a denominação, e passou a atender por Suntory. Que, caso não tenha notado, é Torii-San ao contrário. E você, que achava que “Daslu” ou “Apple” eram ideias cretinas. Ao longo da década de trinta, o consumo de whisky no Japão ainda era pequeno e – apesar […]

A História do Whiskey Japonês – Parte I

Todos nós conhecemos o estereótipo de cientista maluco. Aquele cara que tem um sonho bizarro, quase inalcançável, é socialmente inapto e meio esquisitão. Se for personagem de um filme, ele usa jaleco branco, não penteia o cabelo e às vezes dá umas tremidas esquisitas, como se estivesse possuído pelo capiroto. Mas, por trás da bizarrice toda, está um gênio, capaz de criar algo que mudaria a história da humanidade. É uma hipérbole, como todo estereótipo. Mas, isso não significa que ele não poderia existir. Um exemplo quase perfeito é John Whiteside Parsons – conhecido como Jack Parsons. Caso você não conheça, vou preguiçosamente transcrever aqui a descrição do primeiro parágrafo da Wikipedia. “Parsons foi um engenheiro de foguetes, químico e ocultista Telemita americano“. Convenhamos, é um currículo impressionante. Pouca gente é ocultista e mexe com foguetes. Parsons era justamente isso. Ele foi um dos principais fundadores do Jet Propulsion Laboratory, e desenvolveu um combustível sólido para jatos composto, basicamente, por amida, nitrato de amônia e amido de milho. Além de ser um cientista brilhante, Parsons era também um ocultista. Mergulhou fervorosamente no mundo da magia negra em 1945, quando conheceu o escritor L. Ron Hubbart. Ambos conduziram uma série de […]

Para onde foi todo o whisky japonês

Quando era criança, possuía um livro sobre animais extintos. Eram mais de vinte páginas, que ilustravam bichos como o cão da tasmânia, o dodo e o rinoceronte do oeste africano. Varridas de nosso mundo pela ação humana, mudança climática ou qualquer outra hecatombe. Animais outrora majestosos ou, no mínimo, curiosos, cujas espécies tornaram-se parte do passado. Ficava verdadeiramente triste em saber que jamais poderia ver um quagga ao vivo, por exemplo. Por outro lado, havia alguns que não exerciam tanto fascínio. Tipo a Aranha Teia de Funil Cascada (Hadronyche pulvinator). Uma das aranhas mais venenosas do mundo, responsável por mais de duas dúzias de mortes registradas. Nativa da Tasmânia, este aracnídeo sórdido – isso é um pleonasmo – foi vítima da urbanização na pequena ilha, e acabou declarada extinta em 1995. Se você me perguntar, vou dizer com sinceridade que não me pego lamentando a inexistência da Aranha Teia de Funil Cascada. E nem me venha com o papo de equilíbrio ecológico, porque a Tasmânia tem uma boa quantidade de bichos desagradáveis para tomar seu lugar. Mas não foram apenas animais – sejam eles vis ou não – que desapareceram. O whisky japonês também. E este fará realmente falta. Mesmo no […]

Drops – Nikka Gold & Gold Samurai Edition

  Vestido para a batalha. Este é o Nikka Gold & Gold Samurai Edition. É um blended whisky sem idade definida (NAS), com sabor adocicado, com baunilha e cereais. Mas não é bem o líquido que faz diferença, neste caso. Afinal, quantos whiskies fantasiados de Samurai você já viu? Lançado em 1968, o Gold & Gold é um dos mais longevos whiskies da Nikka, famosíssima marca japonesa. E de lá pra cá, a garrafa passou por pouquíssimas modificações – mesmo porque as armaduras samurais também não sofreram muitas modernizações, né? A garrafa que fotografamos é relativamente antiga. A atual perdeu a inscrição “G&G” no torso do samurai, e seu capacete ficou diferente. E apesar de não aparecer na foto, o whisky sofreu pouquíssima evaporação. A versão Samurai Edition é vendida exclusivamente nos Duty Frees de aeroportos japoneses. Apesar de não ser um whisky caro por lá, por conta da enorme procura, pode-se ver garrafas sendo vendidas por mais de cento e cinquenta libras em leilões no Reino Unido. E aí, alguém disposto a dar uma volta ao mundo?

Inu Engarrafado – Suntory Hibiki 17 anos

Vou confessar a vocês algo difícil. Um desejo profundo, que tenho certeza que todo mundo tem, mas que quase ninguém admite ter. Talvez vocês me condenem depois de saber, ou julguem que seria melhor se eu visitasse um psicanalista. Mas não me importo. Preciso tirar isso do meu peito. Preparem-se, porque aí vai. Às vezes eu queria ser outra pessoa. Mas não qualquer outra pessoa. E não, eu não queria ser um cachorro, apesar do nome do blog. E nem um sheik árabe bilionário, tampouco um astronauta. Quem eu realmente, mas realmente queria ser, se pudesse escolher entre todas as pessoas do mundo inteiro, seria o Bill Murray. E aí você vai argumentar comigo que isso é realmente insano. Afinal, porque alguém quereria ser o Bill Murray, se você pudesse ser, sei lá, o Neymar? Ou o Donald Trump? E aí eu vou responder que é porque nem o Neymar, nem o Donald Trum possuem licença para serem completamente malucos – ainda que ultimamente o Donald Trump tenha tentado bastante – e todo mundo achar normal. Mas o Bill Murray tem. E ele faz isso sem precisar mexer nem um músculo da face. Quase como uma vaca hindu. Para você […]