Entrevista com Danny Dyer – Embaixador Mundial da Grant’s

Os smartphones foram, talvez, a melhor invenção dos últimos quinze anos. Não por serem aparelhos práticos e versáteis, que contém todo o conhecimento do mundo a, literalmente, o toque de nossos dedos. E nem por nos ajudarem a economizar preciosos minutos em um mundo cuja maior commodity é, justamente, tempo. Não, a função mais importante mesmo é disfarçar minha fobia social. O smarphone é um escudo. Um verdadeiro campo de força invisível. Ao descer os olhos e deslizar os polegares opositores sobre a tela preta, tudo é perdoado. Não há remorso no silêncio, mesmo no ambiente mais constrangedoramente social do mundo – o elevador. Com meu celular na mão, nunca mais precisei falar do tempo, do jogo de futebol que eu não vi ou qualquer outra aleatoriedade. E pode parecer um contra senso isso, especialmente vindo de alguém cujo trabalho é, essencialmente, comunicação. Mas não é. Tenho uma enorme dificuldade em conversar. Tenho medo dos silêncios constrangedores. E de parecer enfadonho. Ou animado demais. Isso, claro, sóbrio. Depois de umas duas doses, posso conversar sobre tudo – das especificações técnicas do colisor de hádrons ao último sucesso “juntos e shallow now“. Assim, quando recebi o convite da Interfood de realizar […]

Tullamore D.E.W. – Drops

Quando ela pedia whisky, sempre escolhia Tullamore Dew. Se você é fã de literatura sueca, provavelmente está familiarizado com a citação anterior. Ou não. Porque, também, há coisas mais importantes para atentar enquanto se lê um livro do que as preferências etílicas dos personagens. Quer dizer, a não ser que você seja eu. A citação vem do bestseller “The Girl With a Dragon Tattoo”, miseravelmente traduzido como “Os homens que não amavam as mulheres”, talvez em uma brincadeira sem o menor sentido com um filme do Truffaut. Seja como for, o livro é um belo romance policial, que alçou fama após uma excelente adaptação do cinema sueco, e foi posteriormente (quase) arruinado por uma (quase) medíocre versão americana. A frase faz referência ao whiskey preferido de Lisbeth Salander, uma das personagens centrais da trama. A referência ao Tullamore D.E.W. é tão importante – e relembrada ao longo da obra – que a Tullamore Dew a estampou em seu website por bastante tempo. A Tullamore D.E.W. é a segunda maior destilaria de whiskey da Irlanda em volume de vendas – apenas atrás da Midleton, responsável pela Jameson. Ela foi fundada por Daniel E. Williams – por isso as iniciais D.E.W. – […]

Monotemática – Grant’s Family Reserve

A querida Cã me disse hoje que quando estou produzindo algum texto para o blog, as vezes fico uma pessoa monotemática. Ela disse aquilo de uma forma meio neutra, quase como uma constatação científica. E aí, fiquei pensando se era um elogio ou uma crítica. Poderia ser um agrado, afinal, como escreveu Jenny Holzer uma vez em um de seus clichês-pastiches, “a monomania é um prerrequisito para o sucesso”. Não consegui decidir qual o tom daquela sua frase. No entanto, enquanto refletia, acabei tendo meus pensamentos sequestrados por uma ótima ideia para mais uma prova deste blog.  Falar do Grant’s Finest, um whisky criado por um cara que também tinha uma certa fixação por whisky – William Grant. Antes de analisar o blended whisky, vou contar um pouco a história deste distinto cavalheiro. William Grant nasceu em Dufftown, Banffshire, em 1836. Trabalhou em uma fábrica de sapatos e na famosa destilaria Mortlach, onde tornou-se rapidamente gerente. Mas William era um homem obstinado e ambicioso – ou melhor, monotemático. Seu sonho era possuir a própria destilaria. E isto tornou-se realidade quando soube que a Cardow (essa é a Cardhu de hoje em dia) venderia seus equipamentos. Com uma oferta de pouco mais […]

Seis Whiskies Para se Tomar com Gelo (e sem culpa)

Ontem, quando cheguei do escritório, a Cã perguntou se – ao invés de jantarmos fora – eu não queria pedir comida. Eu disse que sim, claro, afinal, estava cansado. E indaguei a ela o que queria. Pizza? Não, pizza não quero, estou gorda. Japonês? Não, quero algo quente. Uma massa? Não. Árabe então? Não, árabe não também. Hambúrger foi a derradeira opção, igualmente recusada. Mas afinal, amada Cã, o que você quer pedir? Ah, não sei, o que você quiser está bom para mim. Na verdade, eu queria qualquer coisa. Só não queria pensar muito. Tenho dias assim. Esse era um deles. No trabalho, me disseram para ouvir Penderecki enquanto traduzia um contrato de M&A, porque música clássica auxiliava na concentração. Mas o máximo que queria ouvir era Rolling Stones. Durante o almoço, recomendaram que pedisse o polvo. Mas eu queria mesmo era um belo mexidão. Me disseram para ver um filme do Godard. Mas meu desejo mesmo era ver um J. J. Abrams. Por fim, falaram que eu deveria ler Dostoievski. Aí concordei, afinal, a vida é muito curta para desperdiçá-la com literatura ruim. Mas hoje não, hoje eu não leria nada. Aliás, cinema, literatura e whisky tem muita […]