Benefícios do whisky para a saúde

Recentemente a internet entrou em convulsão ao saber que a Rainha Elizabeth bebe quatro drinks diferentes todos os dias. A rotina etílica da monarca inclui dry martini, gim com dubonnet, vinho e champanhe. Destes, três são consumidos à luz do dia, antes, durante e depois do almoço. Isso significa que durante seus compromissos reais, Elizabeth provavelmente está bem embriagada. O que explica, de certa forma, porque ela sai nas fotos sempre com o semblante lhano e aquele sorrisinho besta. Talvez ela esteja apenas antecipando tendências. Afinal, gim entrou na moda há pouco tempo, mas a monarca já bebia muito antes de se tornar cool. Mas o mais incrível de tudo não é isso. O mais incrível é que a rainha da inglaterra tem 91 anos de idade. E apesar de visualmente não parecer nem um dia mais jovem, ela continua forte, saudável e absolutamente lúcida. Quer dizer, tão lúcida quanto uma pessoa que começou a beber gim antes do almoço pode aparentar. Por conta disso, muitos tem se perguntado qual a razão desta saúde inabalável. Porque falta de stress certamente não é. Como uma figura pública cujas responsabilidades transcendem muito o âmbito profissional, a rotina de Elizabeth é corrida e extenuante, […]

Drops – Puni Alba – Single Malt Italiano

Antes de começar a escrever este texto, resolvi fazer um teste. Perguntei a dez pessoas – dentre elas a Cã, o Pai Cão e certos amigos – qual a primeira coisa que vinha à mente quando falava-se daquele curioso e comunicativo país que é a Itália. E a resposta, para minha total estupefação, foi gondoleiros. Gondoleiros. Dentre todas as coisas pelas quais a Itália é famosa, gondoleiros foi a resposta de quatro entre dez pessoas a quem fiz a indagação. Os gondoleiros remaram na frente dos automóveis superesportivos. Dos pratos ricos em carboidratos. De Dante, Virgílio, Correggio – com os cumprimentos do Cão Pai – Da Vinci, e da Mona Lisa. Superaram a tarantella. Sobrepujaram Fellini, Spaghetti Western e Bernardo Bertollucci. Era um resultado que eu jamais esperaria. Eu sabia, por exemplo, que jamais alguém falaria whisky. E esse era justamente o motivo daquele meu experimento. Queria saber quantas coisas poderiam ser evocadas antes de chegar à bebida. Porém, o resultado me demonstrou uma curiosa obsessão de meus conhecidos por estes tão caricatos choferes de canoa. Acontece que, para mim, os gondoleiros ocupam uma posição bem baixa da lista daquilo que define a essência italiana. Uma posição certamente abaixo de […]

Irmão do Meio – Glenlivet 15 anos

Sou filho único. O que, para falar a verdade, não quer dizer muita coisa. Crescer sem irmãos não significa que tenha conseguido tudo que quero. Nem que seja mimado ou estragado, e tampouco egoísta. Quer dizer, exceto com comida. Comida é algo realmente difícil de dividir. Ser filho único, porém, significa que tive que responder mais de um sem fim de vezes a clássica indagação. Se eu não sinto falta de ter irmãos. E minha resposta, desde a mais tenra idade, sempre foi a mesma. É claro que não, afinal, não poderia sentir falta de algo que nunca tive. Minha mãe, no entanto, possui irmãos. E ela está na pior posição possível. Ela é a irmã do meio. O que, para ela, significava ter as refeições roubadas pelo irmão mais velho enquanto era solenemente ignorada pelos pais, em favor do irmão mais novo. Significava não ter idade para fazer algumas coisas que o primogênito fazia, mas ser velha demais para se envolver com as atividades de criancinha do caçula. Segundo ela, galgar espaço como a irmã do meio não era nada, nada fácil. Relembrei disso ao experimentar novamente, após bastante tempo, o Glenlivet 15 anos. O Glenlivet 15 é a expressão […]

Drops – Nikka Taketsuru 21 anos

O drops desta semana fala de um whisky japonês. O Nikka Taketsuru 21 anos. Para introduzi-lo, eu poderia cair na tentação de falar sobre a disciplina japonesa. Sobre o conceito de Yin-Yang, emprestado do taoísmo chinês, que influenciou grande parte do Japão, e como este conceito está presente mesmo em coisas tão mundanas quanto um whisky. Poderia apontar que Yin é o símbolo da terra, escuridão e passividade, enquanto o Yang é seu direto oposto. E desembocaria, finalmente, no Dô – o caminho, entre as duas forças opostas. Sempre, claro, fazendo um paralelo com uma belíssima dose deste blended malt. Eu poderia, mas não vou, porque isso seria bem brega. Mesmo. Então, introduzirei este texto simplesmente dizendo que o Nikka Taketsuru 21 anos é um whisky absolutamente e reconhecidamente incrível. Ele foi inúmeras vezes premiado. Recebeu quatro vezes o título de melhor blended malt do mundo pela World Whisky Awards, nos anos de 2007, 2009, 2010 e 2011. Recebeu ouro pelo International Spirits Challenge nos anos de 2008, 2009 e 2010. Com um currículo como este, e mesmo para alguém que nunca foi um grande apreciador da marca criada por Masataka Taketsuru, o Nikka 21 é redenção. Como você pode […]

Drink do Cão – Rusty Nail

“A simplicidade é o tom de toda verdadeira elegância” A frase acima, atribuída a Coco Chanel – sim, a da grife de moda – provavelmente tinha como objeto algum artigo de alta costura. Um belo vestido, um chapéu ou uma bela bolsa. Se este Cão não soubesse melhor, porém, poderia afirmar que a frase fora dita pela estilista ao preparar e provar um Rusty Nail. Composto por apenas dois ingredientes – Drambuie e whisky – o coquetel é a liquefação da citação de Chanel. Um drink simples, facílimo de ser preparado, mas um clássico atemporal. Tanto é que atualmente, o Rusty Nail figura entre os “inesquecíveis” da International Bartender’s Association (a Associação Internacional de Bartenders) e está entre os cem mais do Difford’s Guide. O engraçado é que até hoje, a origem de seu nome, que significa “prego enferrujado” em inglês, é desconhecida. O sucesso do Rusty Nail, porém, demorou um pouco para – perdão pela metáfora oportunista – pregar. De acordo com David Wondrich, historiador especializado em coquetelaria, nas quase três décadas iniciais de vida do Drambuie, nenhuma referência foi feita a ele. Segundo Wondrich, sua primeira aparição foi em 1937, pelas mãos de certo  F. Benniman, sob a alcunha de  B.I.F. O coquetel […]

Drops – Aultmore 18 anos

A Escócia possui muitas destilarias. Algumas delas são amplamente conhecidas, como Ardbeg, Laphroaig, Macallan, Glenfiddich e Glenlivet. Estas brilham com single malts já bastante renomados e conhecidos até mesmo do público que não é assim, tão fascinado por whiskies. Outras, porém, não são tão conhecidas. E sair da obscuridade para cair nas graças do público não é exatamente uma tarefa simples, ainda que, certas vezes, aconteça. É o caso da Mortlach, que adquiriu fama com seu Flora & Fauna 16 anos, a ponto de ser reposicionada pela Diageo – sua detentora – como um malte super premium, precificado ombro a ombro com The Macallan. Às vezes é preciso um pouco mais do que um bom malte. Um empurrãozinho do pessoal de marketing, por exemplo, ajuda bastante. E aí é que está o Aultmore. Mais especificamente, o Aultmore 18 anos. O Aultmore era – quer dizer, ainda é – um malte bastante usado nos blended whiskies da Bacardi, como o Dewars, mas que não aparecia muito em voo solo. Até que aquela resolveu que o destacaria também como um single malt. Reunindo outras destilarias sob seu comando, a Bacardi criou um grupo com um nome bastante modesto. Os  The Last Great […]

Homenagens – Cutty Sark

O que une poema, um navio e um whisky? Uma improvável série de homenagens. A história começa com Robert Burns, provavelmente o mais importante poeta escocês da história. Bobby era um cara simples, que amava beber, comer salsichão de bode e se comovia com pequenos desastres mundanos. Como certo episódio em que, distraído durante uma caminhada, esmagou uma margarida da montanha. A obra de Robert é extensa, mas um de seus mais famosos poemas é Tam O’ Shanter. Que, aliás, é também um dos maiores. Tam O’ Shanter foi escrito em 1791, e conta a história de Tam, um fazendeiro que gosta de embriagar-se com seus amigos e fugir de sua esposa controladora. Em umas dessas noites de esbórnia, Tam sai do bar notavelmente bêbado e alegre. Sobe em sua égua Meg – afinal, não havia multa para conduzir equinos sob efeito de álcool – e segue para sua casa. No caminho, Tam se depara com uma estranha visão. Bruxos e bruxas dançando ao redor de uma fogueira. Uma das feiticeiras lhe chama a atenção, especialmente pela micro-saia que usava. E como um bêbado inconveniente, Tam resolve evocar o espírito misógino em seu coração e gritar “weel done, cutty sark” […]