“A simplicidade é o tom de toda verdadeira elegância”
A frase acima, atribuída a Coco Chanel – sim, a da grife de moda – provavelmente tinha como objeto algum artigo de alta costura. Um belo vestido, um chapéu ou uma bela bolsa. Se este Cão não soubesse melhor, porém, poderia afirmar que a frase fora dita pela estilista ao preparar e provar um Rusty Nail.
Composto por apenas dois ingredientes – Drambuie e whisky – o coquetel é a liquefação da citação de Chanel. Um drink simples, facílimo de ser preparado, mas um clássico atemporal. Tanto é que atualmente, o Rusty Nail figura entre os “inesquecíveis” da International Bartender’s Association (a Associação Internacional de Bartenders) e está entre os cem mais do Difford’s Guide. O engraçado é que até hoje, a origem de seu nome, que significa “prego enferrujado” em inglês, é desconhecida.
O sucesso do Rusty Nail, porém, demorou um pouco para – perdão pela metáfora oportunista – pregar. De acordo com David Wondrich, historiador especializado em coquetelaria, nas quase três décadas iniciais de vida do Drambuie, nenhuma referência foi feita a ele. Segundo Wondrich, sua primeira aparição foi em 1937, pelas mãos de certo F. Benniman, sob a alcunha de B.I.F. O coquetel teria sido criado para comemorar a British Industry Fair – literalmente, uma feira de produtos industriais britânicos. Quem dera todas as feiras possuírem um coquetel próprio!
De lá em diante, o drink assumiu diversas outras identidades, como Little Club No.1, Mig-21 e Knucklehead. Em 1967, contudo, Gina MacKinnon, presidente da Drambuie Liqueur Company o consagrou oficialmente ao declarar que seu nome deveria ser, daquele dia em diante, Rusty Nail.
O coquetel tornou-se praticamente viral na década de setenta, graças ao Rat Pack, o grupo de artistas americanos – cantores e atores – que contava com nomes de peso, como Humphrey Bogart, Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr., Joey Bishop, Lauren Bacall, David Niven e Peter Lawford. Artistas talentosíssimos, que, em comum, possuíam a incrível habilidade de consumir doses leviatanescas de álcool. Naquela década, o Rat Pack enamorou-se com o coquetel. E como aqueles famosos artistas transpiravam a elegância etílica de outrora, o drink rapidamente caiu nas graças do povo.
Mais recentemente o coquetel foi relembrado pela série Better Call Saul. Na cena, Goodman – o famosíssimo advogado de ética duvidosa – prepara um Rusty Nail antes de uma sessão de vídeos nostálgicos de suas glórias passadas.
Apesar da facilidade de preparo, a maior polêmica ao redor do Rusty Nail é a proporção. Muitos afirmam que o ideal seja meio-a-meio (ou seja, uma parte de whisky para uma parte de Drambuie). Essas pessoas não sabem o que falam. David Wondrich, mais ajuizado, recomenda que o ponto de partida seja 2 doses de whisky para 1/2 dose de Drambuie.
A ideia é que cada um ajuste as proporções da forma que mais gosta, partindo da receita de Wondrich. Se você prefere um coquetel mais seco e menos adocicado, use maior proporção de whisky. Entretanto, se gostar do sabor mais adocicado e licoroso do Drambuie, eleve sua participação no drink. A receita abaixo é uma sugestão – a que este Cão mais gosta.
Assim, caros, preparem-se para contemplar a elegância da simplicidade aplicada à coquetelaria. Um coquetel um terço mais fácil de fazer do que um Boulevardier. O singelo, mas delicioso, Rusty Nail.
RUSTY NAIL
INGREDIENTES
- 3/4 dose de Drambuie
- 2 doses de whisky (use um bom blended whisky, como um Johnnie Walker Black Label ou Famous Grouse Finest. Lembre-se que dependendo do whisky utilizado, a proporção deverá ser adaptada. Um whisky mais adocicado como o Chivas 12 pedirá menos Drambuie do que algo mais seco, como um Black Label).
- casca de laranja (totalmente opcional)
- Gelo
PREPARO
- Em um copo baixo, adicione o gelo (uma pedra grande ou algumas menores)
- Adicione o whisky e o drambuie e mexa vagarosamente.
Na foto, este cão adicionou uma pequena fatia da casca de um limão siciliano. Note que isto não faz parte da receita clássica do coquetel, tampouco da versão de Wondrich. Porém, ao que parece, é uma adição bastante comum. Se gostar de um leve aroma cítrico, vá em frente e arrisque. No limite da razoabilidade, claro.
Muito bom. Esse drink eu não conhecia. Aliás, muitos drinks que tenho feito aprendi aqui mesmo com o Cão Engarrafado. Agora já sei o que fazer com o Drambuie que está lá meio paradão. Abraços!
Viu! Já já eu invento um coquetel para poder ressucitar também a máquna de pão e aquele processador de alimentos aposentados…rs!
E com um scorch legítimo, digo, um single malt?
Gostei mto, mestre!
Simples e totalmente ajustável ao gosto do cliente haha.
A ice ball casou mto bem aí tb.
Grande abraço!
Excelente !
Já conhecia o drink , porém não sabia deste nome ótimo : O CÃO ENGARRAFADO !!!
Hahahahha! É o melhor amigo do homem em estado liquido.
A minha versão leva o Cointreau mais o Blacj e no final um pouco de cognac. fica muito bom. experimente…abs
Fala Maurício bom dia meu amigo, hoje começo o dia com um Rusty Nail e uma Double IPA.
Saúde
A simplicidade é o último degrau da sabedoria!
Maurício.
Rusty Nail foi o meu 1⁰ contato em coquetelaria de whisky’s, tirando as palavras de sua boca é realmente um Clássico Atemporal.
Acho que sua receita se equilibra muito bem, ainda mais ao se adicionar um dash de Angostura bitter.
Curiosamente, sempre gostei de fazer o coquetel com whisky’s mais simples.
Teacher’s escocês, Ballantines Finest, Logan haritage Blend e White Horas hoje em dia são meus favoritos para o preparo do drink.
ABS forte.
Grande Maurício, está ai um post no qual eventualmente regresso…
O Rusty Nail de Hoje está abrindo os trabalhos da semana.
(100 Ml de Grant’s Triple Wood, 45 Ml de Drambuie e um Dash Generoso de Angostura.)
Saúde meu amigo.
.
Abc Forte, Gabriel.