Drops – Compass Box Menagerie

A humanidade já teve uns períodos bem esquisitos. E nem tô falando da década de oitenta, em que tudo era horroroso a ponto de até o Almodóvar fazer um filme inassistível. Me refiro a épocas bem mais remotas. Como, por exemplo, a idade média. Além da inexistência de padrões mínimos de higiene, o povo medieval curtia uns troços bem esquisitos. Especialmente os nobres. Por exemplo, muitos deles mantinham coleções de animais exóticos em suas cortes reais. Algo que, pra mim, e talvez aqui denuncie a idade, parece coisa do Sigfried & Ross. Essas coleções malucas se chamavam Menageries, e eram símbolos de poder, usados com o único fim de ostentar. Ao invés de ter uma Lamborghini – mesmo porque Lambos não existiam – o cara comprava um par de, sei lá, hipopótamos. E aí, tinha que ter um cara só pra limpar a montanha de caca no meio do palácio. E evitar que o tigre de bengala, que fora presente de outro nobre sem noção, não tentasse devorá-los – ou devorar o cuidador. Mas tudo era recompensador, porque quando a corte inteira ficava fedendo a cocô, o nobre podia dizer “ah, esse aroma é porque eu ganhei um casal adorável […]

Drops – Compass Box The Peat Monster Arcana

Drops são nossos posts menores, de análise ou curiosidades do mundo do whisky, e que contam com rótulos indisponíveis no Brasil – mas com alguma particularidade interessante. Para ler outros drops, clique aqui Expectativa é uma coisa engraçada. Há whiskies que, só de ler, me dão nervoso para experimentar. Mas que são decepção do momento de abrir o lacre a dar o primeiro – e algumas vezes o último – gole. Há outros que são o oposto. Não provocam nem um arquear de sobrancelhas durante a leitura. Mas, ao primeiro gole, me deixam acenando positivamente com a cabeça – depois, claro, de dizer algum palavrão de enaltecimento qualquer. E há aqueles que são os dois. O Compass Box Peat Monster Arcana está nesta classe. Aliás, a Compass Box Whisky Co. quase gabarita esta classe. A empresa foi fundada em 2000 por John Glaser, ex executivo da Diageo, como uma espécie de produtora boutique de whiskies de altíssima qualidade. A maioria de seus rótulos possui alguma invencionice, ou iconoclastia. A empresa procura sempre trazer inovações, e expandir as fronteiras da produção de whisky – e claro, com um storytelling perfeito. O Compass Box Peat Monster Arcana é, de certa forma, a […]

Compass Box Spice Tree – Mescla

Maverick. Se pudesse escolher uma palavra perfeita para resumir esta prova inteira, esta palavra seria Maverick. Ou Maverique, se preferir o neologismo. E não é por causa do carro, nem do míssil, tampouco do personagem de Top Gun, ou do apostador estrelado por Mel Gibson. E para os mais íntimos, também não tem a ver com meu finado cãozinho, mascote deste infame website, orgulhosamente apresentado na tela inicial. Todos estes significados, na verdade, são derivativos. A palavra maverick surgiu nos Estados Unidos no começo do século dezenove, por conta de Samuel Augustus Maverick, um fazendeiro meio maluco que se recusava a marcar seu gado. É que naquela época, o Texas era um estado selvagem, cheio de grandes planícies, fazendeiros, caubóis armados e baixíssima densidade demográfica – assim como hoje, pra falar a verdade. Mas, enfim, os fazendeiros do Texas marcavam seu gado com ferro quente. Mas não o senhor Samuel. O senhor Samuel, espertamente, se recusava a marcar seu gado. E se indagado sobre a omissão, esclarecia que “Se todos os outros fazendeiros marcam, eu não preciso marcar. Por exclusão, todos os sem marca são meus“. Com o tempo, o significado da palvra Maverick se expandiu. E passou a definir […]

Compass Box Transistor – Drops

Vou começar esta matéria com uma dica que poderá salvar você, querido leitor, que gosta de tomar whisky ao lado de um copinho de cerveja. Este é um hábito bem comum. Tanto é que no Reino Unido tem até um nome. Boilermaker. Assim como o Pickleback (falaremos disso outro dia), o Boilermaker é quase uma tradição. A combinação de alguma cerveja em pint, normalmente vendida na temperatura ambiente em algum pub, com uma dose de algum whisky bem leve. Nos Estados Unidos, é a união entre uma cerveja suave com algum bourbon ou rye whiskey. Não é bem uma harmonização. Ou melhor, ao menos não é uma harmonização intencional. É um costume. E foi pegando este (nem tão) saudável hábito que a Compass Box Whisky Co., boutique de blended whiskies, criou o Transistor. Um blend especialmente desenvolvido para ser bebido junto – e dessa vez, intencionalmente harmonizado – com a Punk IPA, da BrewDog, e parte da Boilermaker Series da cervejaria. O Compass Box Transistor é um blended whisky, com graduação alcoólica de 43%. Seus principais componentes são Linkwood, Teaninich, Dailuaine e Clynelish, bem como grain whisky da Cameronbridge. A maturação ocorre principalmente em barris de carvalho americano, mas há […]

Compass Box Three Year Old Deluxe

Janeiro é o mês de meu aniversário. Fiz trinta e três, com fígado de sessenta e muitos. E percebi algo. Meus trinta últimos anos não foram, nem de perto, tão importantes quanto meus três primeiros. Vejo isso pela minha filha,  a Cãzinha. A Cãzinha tem três anos, com uma habilidade social que não consegui em vinte. Não sei se é porque ela é uma criatura incrivelmente sociável ou se isso se a minha total inépcia social. Mas ela é capaz de conversar com qualquer pessoa, desafiar, mentir, fazer conversinha de elevador e pedir pão de queijo na lanchonete de uma forma absolutamente encantadora. Tudo isso ela aprendeu em três anos. É claro que há algumas coisas que ainda são complicadas. A Cãzinha tem uma certa dificuldade em entender assuntos abstratos e não é muito convincente para argumentos elaborados. Como, por exemplo, quando ela tenta me convencer que pode comer brigadeiro duas vezes por dia, não consegue e fica agressiva. Mas observando sua evolução, chego a uma conclusão quiçá otimista. Que somos quem somos desde os três. O resto é só sofisticação. Aparar as arestas mais pontudas e aprender uma porrada de coisas que jamais usaremos, como íons, nêutrons, animais endotermos, […]

Drops – Compass Box Hedonism Blended Grain

Se você viveu no Brasil durante os anos noventa, provavelmente lembra de um animal lendário, que tomou conta dos noticiários por algum tempo. o Chupacabras. O chupacabras era, alegadamente, um bicho sem pelos, feio, fedido e que se alimentava do sangue de animais de rebanho, deixando corpos de suas vítimas completamente secos. Sua história começou em Porto Rico, em 1995, e se espalhou rapidamente. O monstro começou a ser visto em locais tão distantes quanto o Texas e a Argentina, num estranho caso de proliferação instantânea internacional. Até mesmo corpos do que muitos acreditavam ser chupacabras começaram a surgir. O Chupacabras tornou-se tão famoso que Bejamin Radford – um homem cuja profissão de “cético profissional” é ainda mais bizarra do que o chupacabras – conduziu uma investigação de cinco anos para descobrir o que todo mundo com alguma inteligência já sabia. O Chupacabras não existe. Benjamin concluiu que a descrição inicial do Chupacabras fora resultado da maluquice de uma senhora que assistira um fime B na televisão – Species – que apresentava um bicho bem parecido. E os corpos encontrados também eram falsos. A maioria  das carcaças era de guaxinins e cachorros com sarna, com exceção de um que – brilhantemente na minha […]

Drops – Compass Box The Lost Blend

Em 1903 o contista William Sydney Porter – mais conhecido como O. Henry e afamado por dar finais surpreendentes a suas tramas – publicou um livro de contos chamado The Trimmed Lamp. Dentre as historietas lá contidas havia uma intitulada The Lost Blend (o Blend Perdido). The Lost Blend narrava as obstinadas tentativas de uma dupla de bartenders em criar um blend – na verdade, um coquetel – que seria capaz de imprimir a mais pura coragem até no mais covarde dos homens. Este blend teria sido encontrado em um barril misterioso, mas acabara. E agora, os dois homens tentavam, incessantemente, combinar os mais diferentes elementos etílicos de forma a recriar aquele destilado encantado. Porque, realmente, somente álcool mágico nos torna  mais corajosos. O conto é quase um curta-metragem de youtube dos dias de hoje. Em suas cinco páginas, ilustra de uma forma bem humorada o cotidiano de um incomum bar em Nova Iorque, no início do século XIX. Mas apesar de O. Henry ter sido um dos maiores contistas de seu tempo – comparável a Mark Twain até – não há nada de extraordinário em The Lost Blend que o destacasse do restante da obra do escritor. Acontece, porém, que mais de um século […]

Drops – Compass Box The Peat Monster

Gosta de whiskies defumados? Conheça o Peat Monster, um blended malt produzido pela Compass Box Whisky Co., famosa por seus whiskies ultra premium, cujas fórmulas contêm alguns dos mais famosos single malts escoceses. O coração do Peat Monster é o Caol Ila, single malt também usado na composição do Johnnie Walker Double Black. Além dele, a expressão leva uma bela quantidade de Laphroaig e de Ardmore. A mistura é feita exclusivamente de single malts. A Compass Box Whisky Co. foi criada por John Glaser, executivo que antes trabalhou como diretor de marketing na Johnnie Walker. Glaser resolveu abandonar a empresa e fundar sua própria marca, dedicando-se a produzir apenas whiskies de altíssima qualidade, especialmente blended malts. Uma das expressões mais famosas é, justamente, o Peat Monster. Segundo a Compass Box, o Peat Monster é “um whisky  para amantes de whiskies defumados multifacetados e complexos. O que o torna perfeito para o estilo da Compass Box é o equilibrio que a riqueza e dulçor sutil das barricas de single malt das highlands fornece aos whiskies defumados de Islay e das ilhas. Este é o grande benefício de combinar single malts de diversas destilarias; nós não estamos limitadps a produzir algo de apenas […]