Macallan Edition No 6 – Flyfishing

Esses dias, numa noite de preguiça, decidi rever um filminho despretensioso. Amor Impossível, ou, em seu original, Salmon Fishing in Yemen (“A Pesca de Salmão no Iêmen”). O que é bem interessante, porque, se você mencionar o título original do filme para qualquer pessoa, poucos indagarão sobre o roteiro, direção ou atores. A maior parte das pessoas perguntará algo como “dá pra pescar salmão no Iêmen?“. Bem, vou adiantar para vocês que, na realidade, não dá não. Por infinitos motivos, como a temperatura. E a possibilidade de você ser dilacerado por uma Browning M2 .50 montada numa base giratória em cima de uma picape Toyota pertencente a uma milícia, ao graciosamente tangenciar a mosca de sua vara na correnteza imaginária de algum rio fictício do país. Ah, e pelo fato de não haver salmão no Iêmen no mundo real. E ainda que – pelos motivos elencados acima – a pesca de salmão não seja uma atividade muito prolífera no Iemen, ela é na Escócia. Mais, especificamente, no Rio Spey. O Rio Spey é tão importante para a pesca que há uma técnica toda própria de flyfishing, desenvolvida pelos pescadores escoceses no século dezenove, que é usada até hoje para apanhar […]

Macallan Triple Cask 15 anos – Dos Nomes

Uma vez, li uma matéria sobre como as montadoras escolhem os nomes de seus automóveis. É interessantíssimo. E complicado. O que parece natural é, na verdade, um complexo processo criativo. Primeiro, as companhias consultam seus departamentos de marketing para determinar palavras que refletem o perfil do veículo. Literalmente centenas de ideias são concebidas. Depois, especialistas de diversas áreas escolhem os nomes com base nos mais distintos critérios. Por exemplo, não pode ser uma marca registrada de alguma outra empresa. Não pode ser uma gíria, não pode ser um palavrão em outra língua e tem que soar bem. Isso tudo significa que por trás de todo Ford Pinto, Kia Besta, Mazda Laputa, Lancia Marica e Fiat Punto (experimentem arrancar o “n”) há uma equipe de dezenas de pessoas que falhou miseravelmente. Recentemente, uma das mais famosas marcas de single malt do mundo correu o mesmo risco. A The Macallan, ao lançar sua coleção Quest. A antiga linha 1824 foi substituída por uma de produtos com denominações, diremos assim, mais criativas – Quest, Lumina, Terra e Enigma. E tudo bem, porque os nomes soam bem e, de certa forma, transmitem a noção de sofisticação que a marca pretende passar. Porém – e […]

Macallan Double Cask 12 Anos – Genética

A genética é uma coisa linda. É incrível que, apesar de parecer tão intangível, seja ela a responsável por quase tudo que fazemos. Como reagimos a estímulos, alguns de nossos gostos, nossas fobias naturais e nossa compleição física. Tudo isso, de certa forma, é influenciado pela genética. Veja o exemplo de meu querido filho, o Cãozinho. O Cãozinho é, fisicamente, bem parecido comigo. Mas o mais surpreendente mesmo são as semelhanças imateriais. Ele tem uma aptidão natural para o desastre. Algo que só pode ser explicado pela carga cromossômica que lhe transferi. Ele tropeça no próprio pé e derruba coisas que segurava do nada. Ele também é um voraz devorador de absolutamente qualquer coisa – onivoridade compartilhada com o pai glutão. Além disso, não é a criança mais atenta que eu conheço. Toda vez que o vejo parado, mirando fixo para um horizonte imaginário, sei exatamente o que está se passando por sua cabeça. Tudo. Tudo menos o que está à sua volta. E, num repente, ele – digo, nós – voltamos à realidade com aquele semblante meio bobo, como se tivéssemos sido teleportados para a realidade. Somos parecidos demais para não ser isso. Eu só sou trinta e dois anos […]

The Macallan Concept No. 1

O mundo do whisky é bem pretensioso. Afinal, há poucas coisas mais pedantes do que dizer que certo líquido possui aromas que evocam memórias bucólicas de campos salpicados de urze. Mas há algo que consegue ultrapassar facilmente a prepotência do whisky. As artes plásticas. Especialmente a arte moderna e contemporânea. É natural, na verdade. A maior parte da arte não é verbal – exceto por alguma videoarte, da qual nutro uma relação que pendula entre o desprezo e a ignorância. E, por conta disto, traduzir o significado de um signo não-verbal para o mundo enunciado, muitas vezes, é um exercício extenuante. Extenuante e presunçoso. De todos os lados. Dizer que entende o conflito psicológico de Pollock ao contemplar sua obra é tão pretensioso quanto dizer que seu filho faria um quadro igual. Não há rota de emergência – a arte é pretensiosa. E nessa pedante escala de pretensão – talvez em um dos mais pretensiosos posts deste soberbo blog – há um Megazord da afetação – um whisky que se inspira no mundo da arte. O Macallan Concept No. 1 – Art. Se você não acredita em mim, deixe-me traduzir, com frugalidade, o que está transcrito no verso do estojo […]

The Macallan Edition No. 3 – Aroma Exclusivo

Dama-da-noite tem cheiro de dente quebrado. Não para todo mundo, mas para mim. Sempre que sinto o aroma da flor, passo discretamente a língua sobre minha arcada, enquanto sinto um descompasso de alívio no coração. Ufa, é só a flor, nada caiu dessa vez. É que aos oito anos de idade, quebrei um dente. Corria no jardim da minha avó, ao entardecer, ao lado de alguns vasos de dama da noite. Lembro-me vividamente da luz crepuscular, do aroma de jasmim, e do desequilíbrio sucedido pelo apagão e o gosto de ferrugem na boca. Até hoje, se sinto o aroma de dama-da-noite, sou remetido, involuntária e automaticamente àquela lembrança. A memória olfativa é algo poderoso. Essa clareza de reminiscência tem um nome. Fenômeno Proustiano. É uma homenagem ao escritor francês Marcel Proust, que descreveu em seu “Em Busca do Tempo Perdido” como o aroma de biscoitos molhados no chá remontava a casa de sua tia. A ciência, inclusive, já se debruçou sobre este fenômeno. De acordo com pesquisadores ingleses, a vividez de lembranças trazidas por odores ocorre por conta de nossa conformação cerebral. A região do cérebro que processa odores está situada no interior do sistema límbico, ligado às emoções. E […]

Da Alegria e Escuridão – Macallan Oscuro

Sabe, sempre fui uma criatura das sombras. Apesar de não ser um notívago, algo na noite sempre me atraiu. Talvez fosse seu silêncio, ou sua calma. Ou a falta de obrigações. Não, acho que não. Provavelmente é a sensação de melancolia trazida por aquele horário do dia. Faz sentido quando penso que meu livro preferido, por muito tempo, foi Memórias do Subsolo, de Dostoievski e uma das minhas obras clássicas mais caras, a Sinfonia nº 3 de Gorecki. Ambas, obras que ilustram a queda e a total ausência de esperança, em um tom taciturno e profundo. Na verdade, desde cãozinho sempre gostei mais daqueles dias de céu dramático, com nuvens plúmbeas entremeadas por raios de sol fugazes. E da consequente tempestade, tão agitada, mas que a tudo mais impunha um certo ar de calma. Uma noite antes do sol se por. Uma paradoxal sensação de conforto melancólico difícil de explicar. h Tive sensação parecida quando soube da existência de um single malt de uma das mais respeitadas destilarias da Escócia. O nome – muito apropriado – me parecia irresistível. Macallan Oscuro. Mas, por um dramático preço de aproximadamente setecentas libras, resolvi que seria prudente até que uma oportunidade de o […]

Drops – The Macallan Whisky Maker’s Edition

Roger Moore faleceu. Mas você já sabe disso. E você provavelmente sabe também que o ator que tornou-se mundialmente famoso por representar o agente secreto mais conhecido do cinema: James Bond. Foi ele que participou de mais filmes da franquia – sete ao todo – concorrendo apenas com Sean Connery. Roger apresentou um James Bond menos irônico, mais sisudo e menos nonsense – ainda que isso não signifique muita coisa para James Bond. O que você talvez não saiba é que durante os sete filmes em que viveu Bond, Moore nunca pediu um Martini de Vodca batido e não mexido. E que, curiosamente, seu contrato com a franquia possuía uma cláusula que lhe dava direito a um estoque ilimitado de charutos Montecristo. E, por fim, que Roger Moore morria de medo de armas de fogo. Algo, que, convenhamos, é plenamente justificável, mas que talvez seja um pequeno empecilho quando se é encarregado de representar um agente secreto com licença para matar. Outra coisa que, incrivelmente, nunca contracenou com Moore foi whisky. A paixão de Bond pela destilaria The Macallan surgiu muito mais tarde. Apenas com o advento do novo milênio que 007 incluiu o single malt em sua lista de bebidas preferidas – […]

Macallan Fine Oak 12 anos

O tempo é implacável com certas coisas, mas generoso com outras. Uma vez abordei este assunto, ao falar sobre atemporalidade, a Katy Perry e Like a Virgin. Mas dessa vez, não regressarei nem uma década. Vamos falar de 2012. Em 2012 a música que emplacou a primeira posição da Billboard foi Somebody I used to Know (Em uma tradução literal, e ironicamente na minha opinião, Alguém que eu Costumava Conhecer), de um cara chamado Gotye, com participação ilustre de uma tal de Kimbra. Temos que reconhecer que o acaso tem seu próprio senso de humor. Porque passados cinco anos, o título da canção tornou-se quase uma piada pronta. Depois desse sucesso estrondoso, nunca mais ouvi falar deles. Nem em noticiário de desgraça. Também naquele ano a rainha Elizabeth II celebrou o Jubileu de Diamante de seu reinado. Não poderia afirmar que o tempo tratou bem dela – isso seria ir muito longe.  Mas convenhamos, apesar do intervalo de cinco anos, ela hoje não parece nem um dia mais velha. Talvez porque ela já aparentasse a idade naquela época, ou talvez porque ela seja uma versão feminina e monarca do Highlander. Outra coisa que aconteceu em 2012 foi a saída dos single malts da série Fine Oak […]

Drops – The Macallan Rare Cask Black

Se você acompanha o Cão Engarrafado, deve ter notado que tenho um certo fraco por whiskies defumados. Aliás, não apenas whiskies. Tudo. Adoro bacon, sou fanático por salmão e hadoque defumado, e um contumaz consumidor de quantidades copiosas de molho barbecue. Nada é tão bom que não possa ficar melhor com um pouco de fumaça. Dentro do infinito rol de coisas que hipoteticamente poderiam ficar melhores com fumaça, estava The Macallan. Eu imaginava, em silêncio, como seria um whisky defumado produzido pela destilaria conhecida como o Rolls-Royce, o Stenway & Sons do single malt. Um dos mais renomados whiskies da Escócia em sua clássica versão puxada para o jerez, mas com um toque de fumaça. Assim, imaginem minha ansiedade quando soube que ela havia finalmente lançado uma versão defumada de seu single malt. O Macallan Rare Cask Black. Aquele desejo jamais proferido por mim havia se tornado real. Por sorte – ou talvez destino – a expressão aterrissou nas lojas de Duty Free no embarque e desembarque de voos internacionais, em nossos aeroportos. Assim, não demorou muito para que eu tivesse a chance de prová-lo, e pudesse novamente dormir sossegado e recobrar a paz de espírito. Segundo a The Macallan, o Rare Cask Black é um […]

Drops – Macallan Estate Reserve

Sabe o que James Bond e Harvey Specter tem em comum? Bem, além do terno? Ambos têm como whisky preferido o single malt The Macallan. No Brasil, podemos encontrar três das quatro expressões da The Macallan 1824 Series – o Amber, Sienna e Ruby, todos já revistos nestas páginas caninas. No entanto, além deles, caso você esteja de passagem em algum aeroporto brasileiro com destino para o exterior, poderá encontrar outras expressões da destilaria – Select Oak, Whisky Maker’s Edition, Estate Reserve. Estas são três dos cinco whiskies da 1824 Collection, que também conta com o The Macallan Oscuro e o raríssimo Limited Release MMXII. O Estate Reserve é a versão mais exclusiva da destilaria em nossos aeroportos. Sua composição inclui uma parcela de barricas de carvalho espanhol selecionado que antes foram usadas para envelhecer vinho Jerez – muitas delas, usadas pela primeira vez para whisky. A graduação alcoólica é sensivelmente mais alta do que a tradicional: 45,7%. Além disso, ele não é filtrado a frio, tornando-o bastante oleoso, marca registrada da destilaria. The Macallan é – com razão – um dos single malts mais respeitados do mundo. O cuidado com os detalhes em todo o processo produtivo chega a […]