Pronto, acabou. Não estamos mais no mês do Negroni – o que não poderia tornar esta matéria mais tempestiva. É engraçado que, ano passado, era uma semana só. Agora já tem um mês. Inteiro. Ano que vem teremos o semestre do Negroni, tenho certeza. Ele irá de agosto até o reveillon. E vai ser ótimo, além de super prático, porque já vai estar tudo vermelho, aí não vai precisar mudar a paleta pro Natal.
Negroni é um drink interessante. Vi esses dias uma postagem que trazia algumas definições engraçadas do coquetel. Dentre elas, “a forma mais fácil de fazer pessoas normais detestarem coquetéis” ; “diabetes entrelaçada com amargor” e meu absolutamente preferido “Tipo um boulevardier, mas piorado“. A verdade é que Negroni é o pior drink mais viciante que tem. E, certamente o que mais evoca a paixão entre seus entusiastas.
Nada mais natural, então, que ele tenha ramificado para diversas variações, ao longo de sua história. A mais conhecida delas é, alegadamente, o Boulevardier, que troca o gim pelo whiskey. Algo que, convenhamos, deveria ter sido feito desde o primeiro dia. Mas há incontáveis outras. Sbagliato, Negroni Bianco, Last Man Standing, Drunk Uncle, South By Southwest e Valentino, para citar algumas poucas.
O Old Pal é uma dessas. Sua criação é atribuída a Harry MacElhone, do Harrry’s New York Bar de Paris, em 1922. Ele foi uma homenagem do bartender a William “Sparrow” Robertson, jornalista editor do New York Herald de Paris. Seu estilo de escrita fora descrito por outros como “desprovido de sintaxe e ainda mais de gramática elementar“. Porém, independente do mérito literário, Robertson era uma celebridade, um entusiasta do álcool, e um grande camarada de Harry. Por isso, o “Old Pal” – Velho Amigo.
A receita original do Old Pal pede partes iguais de Campari, rye whiskey e vermute seco. Este Cão, porém, talvez prefira uma medida mais moderna, que coloca o whiskey em evidência. Dois do destilado americano para um de cada uma das demais partes. Note, entretanto, que isso se baseia em gosto pessoal, e depende muito dos ingredientes específicos usados. Um rye com mais centeio em sua mashbill talvez possa ter uma proporção menor. A dica é que vá experimentando em diversas proporções, até chegar a sua receita perfeita.
Para aqueles que, como eu, gostam de um negroni, mas buscam algo mais equilibrado e fresco, o Old Pal é uma escolha perfeita. Por conta do vermute seco, há menos dulçor, e a impressão é de que o corpo – do drink e o seu – fica mais leve. Mas, sem mais tergiversações, vamos a ele.
OLD PAL
INGREDIENTES
- 60ml Rye Whiskey
- 30ml Campari
- 30ml vermute seco (este Cão usou Dolin Dry)
- parafernália para mexer
- Taça coupe ou copo baixo com gelo
PREPARO
- Adicione os ingredientes líquidos ao mixing glass, e mexa com bastante gelo
- Desça numa taça coupe previamente resfriada, ou um copo baixo com gelo. A versão clássica pede coupe.
Negroni por algum motivo não identificado ainda, pra mim é detestável.
Boulevardier acho incrível, mas das alternativas dessa receita o mais injustiçado pra mim é o nosso rabo de galo, sensacional a troca do gin pela cachaça faz milagres.