Mafiosa Leave the gun! Take the Cannoli – Beer drops

Improvisar é fácil. Improvisar a ponto de imortalizar algo é que não é. E é justamente isso que aconteceu com uma das mais memoráveis frases de um dos mais memoráveis filmes de todos os tempos. O Poderoso Chefão, e a frase “Deixe a arma e pegue o canoli” (no original “Leave the gun, take the cannoli“). A frase é proferida pelo mafioso Clemenza, interpretado pelo ator Richard S Castellano, logo após seu comparsa Rocco matar outro mafioso – Paulie. A sequência começa alguns cortes antes. Podemos ver Paulie pegando carona com Clemenza e Rocco – que já tem a intenção de matá-lo, ainda que Paulie obviamente não saiba disso. A esposa de Clemenza lhe lembra, aos berros, de não esquecer de levar um certo cannoli – um doce itaiano, caso você não saiba – para comer na viagem. Essa recomendação da esposa, aliás, também fora uma adição de última hora, feita pelo diretor Francis Ford Coppola. Temos então alguns planos de ambientação, e uma cena em que Clemenza pede ao motorista que pare, para um chamado da natureza. Quando Clemenza sai do carro, Rocco rapidamente atira três vezes na cabeça de Paulie. E a famosa frase é então dita por Clemenza, […]

Beer Drops – Maniacs Moscow

Nunca fui muito de futebol. Mas assumo que tenho acompanhado a Copa do Mundo com algum empenho e até torcido com entusiamo em algumas partidas, mesmo que o Brasil tenha sido elimado. Além disso, tenho um certo interesse pela Rússia. Talvez seja por conta de seus grandes escritores – como Gogol, Dostoievski e Tólstoi. Ou pela música, que contava com personalidades como Borodin e Stravinski (que, aliás, era um apaixonado por whisky). Aliás, a Rússia não é apenas um país de gigantes da literatura e música. Mas é também uma nação de coisas gigantes. O maior avião do mundo, por exemplo, é deles. Seu nome é Antonov An-225, e ele mede mais de oitenta e quatro metros de comprimento. O maior helicópteros – o Mil Mi-26 – também. E um dos maiores cachorros, o pastor caucasiano, que chega a pesar noventa quilos. Nada mais justo, então, que o estilo de cerveja batizado em homenagem ao país seja também superlativo. É a Russian Imperial Stout. Com alta graduação alcoólica e malte torrado, essas cervejas  foram criadas pelos ingleses no século XVIII, e podiam facilmente sobreviver à longa viagem entre o Reino Unido e a Rússia, onde eram consumidas – especialmente pela corte […]

Brooklyn Brewery The Discreet Charm of the Framboisie – Sobre sentido

Existe um certo charme na rebeldia, mesmo quando ela não faz o menor sentido. Prova disto é o – quase indiscutivelmente – mais famoso curta-metragem da história: Un Chien Andalou (Um Cão Andaluz), de 1929, dirigido por ninguém além de Luis Buñuel e Salvador Dalí (sim, o pintor). Un Chien Andalou é um filme de dezessete minutos. E nenhum segundo dele faz o menor sentido. Há uma lua, um homem olhando para sua mão perfurada enquanto formigas saem de dentro dela, outro homem puxando um piano com padres e alguns animais mortos. Há mais uma mão – desta vez, decepada – na calçada. E claro, a famosa e aflitiva cena de um olho sendo cortado por uma navalha. Não há qualquer relação entre as cenas. Para falar a verdade, nem o título faz sentido – ele foi criado aleatoriamente pelos dois artistas com a ajuda de um dicionário. O filme foi concebido por Dalí e Buñuel justamente para chocar o público e – como escreveu um renomado crítico da época – aliená-lo ao invés de agradar. E apesar de pouca coisa fazer sentido, há algo indiscutível em Un Chien Andalou. Sua matéria prima, talvez o único frágil barbante que amarre todas as […]

(mais que um) Drops – Glenfiddich IPA Experiment

Gosto muito de whisky, isso não é segredo para ninguém. Aliás, imagino que este seja um prerrequisito tácito para se ter um blog sobre o assunto. Do contrário, as provas e textos seriam, para não dizer nada pior, enfadonhos. Algo na linha de olha, se você gosta de whisky, é possível que vá suportar beber isto daqui, mas como eu não gosto, então, bom, achei horrível. Nao. Beba. Whisky. Nunca. No entanto, além do melhor destilado do mundo, também tenho outros interesses etílicos. Me interesso bastante por coquetelaria – como podem ter notado ao acompanhar o blog – arranho no gim, e adoro uma boa cerveja. Gostaria de saber mais sobre outras bebidas, e, principalmente, experimentar tudo. Mas por uma questão de tempo e fígado, me vejo obrigado a escolher frentes de combate. E dessas frentes, talvez minha segunda ou terceira seja, justamente, a cerveja. Sou apaixonado pelas amargas India Pale Ale, e tenho uma preferência quase natural pelas Imperial Stouts, bem torradas. Se passar por barril ainda melhor. Se você é como eu, provavelmente ficará ansioso com essa notícia. É que a Glenfiddich, uma das mais famosas destilarias de single malt da Escócia lançou, justamente, um whisky que é finalizado em barricas […]

Drops – Gladiator Bestiarius

Aí vai mais uma cervejinha fraca para sua quinta-feira. Essa é a Shipyard Gladiator Bestiarius, uma Imperial Porter que foi maturada por dez meses em barricas que antes contiveram o bourbon Jim Beam. Sua graduação alcoolica é de 9,4% (ou melhor, 11,8%). Ah, e ela vem em garrafas de 750ml. A Bestiarius tem sabor de café, açúcar mascavo e um característico final de baunilha, bem próprio das barricas utilizadas em sua fabricação. Apesar da graduação alcoólica, é uma cerveja bem menos densa do que a maioria das Imperial Porters que vemos por aí. Ou seja, um convite tentador para se tomar uma garrafa inteira. A Shipyard Brewing Co. é uma cervejaria localizada em Portland, Maine, fundada – espiritualmente – em 1992, tendo sua fábrica sido construída em 1994. Atualmente, são produzidas mais de vinte rótulos diferentes, além de um refrigerante – Capt’n Eli’s Soda. Os rótulos da série Gladiator, no entanto, são reservados às criações mais especiais e exclusivas. No Brasil, a Gladiator Bestiarius é importada pela Get Trade, e pode ser encontrada online ou em bares especializados em cervejas, como o Empório Alto dos Pinheiros. Seu preço médio é meio monstruoso. R$ 130,00 (cento e trinta reais). E se […]

Drops – Goliat Bourbon Aged Imperial Stout

Aí vai um pouco de pornografia etílica para sua terça-feira. Uma cerveja escura, com mais de dez por cento de graduação alcoólica, e maturada em barricas de carvalho americano que antes contiveram bourbon whiskey. Esta é a Goliat Bourbon Aged Imperial Stout, uma denominação bem grande para um produto de uma cervejaria com um nome bem pequeno. To Øl. Caso você esteja se perguntando como pronunciar este O cortado, a gente te conta: é Tu Ul.  A To Øl é uma cervejaria dinamarquesa, fundada em 2010 por dois amigos, Tobias Emil Jensen, Tore Gynther, com um pequeno empurrãozinho de seu professor, Mikkel Borg Bjergsø (sim, se você gosta de cerveja, já deve ter reconhecido o nome do fundador da Mikkeller aqui). Durante estes seis anos, a marca ganhou reconhecimento e fama internacional, e hoje é considerada uma das melhores cervejarias do mundo. O engraçado sobre a To Øl é que ela é, na verdade, algo conhecido como cervejaria cigana. Isso significa que ela não possui fábrica própria, mas aluga o equipamento e as dependências de outras cervejarias durante pausas em suas produções. Antes de falar mais sobre a Goliat, deixe-me traduzir os dizeres nela impressos: O Grande guerreito de Gath. O mítico campeão dos […]

Um Desvio à Moda Antiga – Brooklyn Brewery Improved Old Fashioned

Esses dias acordei e, como não encontrasse nada na geladeira que me apetecesse, fui com fome ao supermercado. E isso, como vocês devem saber, é péssimo. Ao invés de cuidadosamente separar os itens para um café da manhã saudável, resolvi fazer um voo solo pelas gôndolas que mais me interessavam naquele momento. A dos salgadinhos. Parei lá, contemplando em silêncio as dezenas de opções para aquele desjejum nutritivo. Dentre inúmeros saquinhos coloridos, um chamou minha atenção. Batatinhas sabor picanha. Sabor. Picanha. E enquanto salivava pensando em um churrasco instantâneo, comecei a pensar o que faria aquilo ter, especificamente, o gosto de picanha. Porque picanha é uma coisa bem específica. O que diferenciaria, por exemplo, um salgadinho sabor picanha de um com gosto de contrafilé? E aí, quando voltei para casa, resolvi pesquisar este fascinante mundo da comida deliciosamente artificial. A internet, prontamente, me apresentou um mundo de produtos estranhos. Batatinhas de sabores tão improváveis quanto borsh (isso é uma sopa), chocolate ao leite, salada césar – porque, se é para ser trash, melhor algo com sabor de comida saudável – e uma opção que quase me levou ao nirvana psicológico-gastronômico: chips com gosto de vieiras com alho e manteiga. Acompanhei, […]

Drops – St. Austell Smuggler’s Grand Cru

Tá com frio? Que tal uma cerveja com graduação alcoolica de 11,5% e maturada em barricas de whisky para aquecer? Essa é a St. Austell Smuggler’s Grand Cru. A St. Austell Brewery, localizada em Cornwall, é uma conhecidíssima cervejaria inglesa, famosa por cervejas como as curiosamente batizadas Proper Job e Big Job que significam, numa tradução tosca, Trabalho de Verdade e Trabalho Importante. Assim, se alguém te mandar arrumar um “Trabalho de Verdade”, não se ofenda mais. Vá para o bar. A Smuggler’s Grand Cru é uma edição especial da St. Austell. É uma Belgian Strong Ale, maturada por até nove meses em barricas que antes continham o single malt da destilaria Tomintoul, de Perthshire. Após a maturação, a cerveja é engarrafada pelo método champagnoise – em que há segunda fermentação dentro da garrafa – na vinícola Camel Valley, também em Cornwall. O resultado é uma cerveja bastante complexa, que remonta açúcar mascavo, vinho, fumaça, baunilha e caramelo. Ela é levemente azeda por conta de seu processo de maturação, que a faz lembrar uma Lambic. Entretanto, este sabor é equilibrado pelas notas de baunilha e caramelo. A Smuggler’s Grand Cru pode ser encontrada em algumas lojas especializadas, como o Empório […]