Entrevista com Elizabeth McCall, Master Distiller da Woodford Reserve

Sentado no bar, lá pelas tantas, um conhecido meu surge com uma analogia sobre a vida. “Olha, imagina que sua vida é um pote enorme. E você tem na sua frente, duas porções de bolinhas de gude. Numa delas, todas são transparentes. Já a outra, têm bolinhas de várias cores” – um gole na cerveja, antes de seguir, para fins dramáticos – “No final de cada dia, você têm que colocar uma bolinha no pote. Se você fez algo legal, relevante, põe uma colorida. Mas se ficou lá, só flanando, deslizando pela sua rotina, tem que usar uma transparente.” – disse, apertando os lábios. “E aí, você vai ver que no final, vai ter muito mais bolinha transparente do que colorida“. Levantei as sobrancelhas “Tá, e tomar cerveja aqui, conta como colorido ou transparente?“. Pela revirada de olhos, notei que ele não gostou da coça. Mas a analogia, no fundo, era boa. Poderia induzir a comportamentos imprudentes, mas era, basicamente, aquele papo que a Jack Daniel’s tinha, há uns anos. “Make it Count“. E tive uma prova prática dessa filosofia ao viajar com a Brown Forman para os Estados Unidos. O objetivo era conhecer as destilarias do grupo e as […]

Entrevista com Chris Morris – Master Distiller da Woodford Reserve

Tom Freston uma vez disse que a inovação e pegar duas coisas que já existem e juntá-las de uma forma nova. O que é verdade. Mas o que Freston se furtou a dizer é que, às vezes, a história não dá muito certo. Como por exemplo um certo carro voador, o Ave Mizar, já mencionado por aqui. O Mizar era a prova de que a soma entre duas coisas ruins sempre resulta em algo muito pior. Por outro lado, o resultado da reunião de duas coisas boas – por uma mente criativa, aliando técnica e conhecimento – geralmente se torna maior do que a soma de suas partes. É o caso, por exemplo, do hambúrguer. E, na indústria do bourbon whiskey, de uma série de produtos da Woodford Reserve. E a mente criativa por trás da marca de enorme renome é Chris Morris. Chris Morris não é um master distiller qualquer. Ele é o criador de produtos incríveis como o Woodford Reserve Double Oaked e o Woodford Rye. É também responsável pela Master’s Collection – uma série de edições períodicas limitadas da Woodford Reserve, que introduzem inovações no mundo do whiskey americano, como um single malt maturado em barricas virgens, […]

Drops – Woodford Reserve Sonoma Cutrer Finish (Pinot Noir)

A prática leva à perfeição. Na verdade, nem sempre. Mas, talvez, na indústria do whiskey, isso seja verdade.  Ancorada em métodos tradicionais de produção, leveduras cuidadosamente armazenadas e cultivadas e barricas virgens de carvalho americano, o bourbon whiskey possui um sabor característico, quase temático. Caramelo, baunilha, mel. Um tema que, sinceramente, não precisa de nada a mais para ser um sucesso. Mas isso não significa que, de vez em quando, alguma inovação ou atipicidade surja. É o caso, por exemplo do Woodford Reserve Sonoma Cutrer Finish, ou – pelo seu nome completo – Woodford Reserve Master’s Collection Sonoma Cutrer Finish Pinot Noir. Como a pomposa e extensa denominação sugere, um bourbon whiskey finalizado em barricas de vinho tinto da uva Pinot Noir. O website oficial da Woodford Reseve já diz quase tudo que precisamos saber sobre essa maravilha. Transcrevo. “A cada ano, o master distiller da Brown-Forman, Chris Morris, lança uma edição especial da Woodford Reserve chamada Master’s Collection. Para cada lançamento, Morris muda algum aspecto do processo produtivo do whiskey (p.e. tipo de barril, finalização, grão, processo de fermentação, local de maturação e estilo). E em novembro veremos o nono lançamento da Master’s Collection” “Para o lançamento de 2014, […]

Degustação com Tom Vernon, embaixador mundial da Woodford Reserve

Viajar pelo mundo.  Jantar nos mais renomados restaurantes. Conhecer pessoas e culturas estimulantes e novas. E beber com elas. Experimentar excelentes whiskies e receber por isso. Pode parecer um trabalho semelhante àquele de um agente secreto da ficção. Mas não é – é melhor ainda, porquê você não precisa matar ninguém. Esse é o trabalho de Tom Vernon, embaixador mundial do bourbon whiskey Woodford Reserve. Vernon viaja pelo mundo para mostrar o potencial da marca e do bourbon whiskey. Com quinze anos de experiência na industria de bebidas, sua missão é educar, inspirar e engajar bares e bartenders, trazendo mais conhecimento para que desenvolvam suas criações. E para reforçar as credenciais do Woodford Reserve, Tom visitou nosso remoto País em agosto para uma série de atividades. As melhores e inebriantes atividades. Entre elas, degustações com a imprensa e on trade. Este Cão teve o prazer de encontrar Vernon em um jantar harmonizado, que aconteceu no dia 14 de agosto, no Tavares, em São Paulo. Na oportunidade, ele explicou algumas especificidades sobre a produção daquele bourbon, e conduziu uma análise sensorial da bebida. Tom realizou uma degustação guiada, harmonizando Woodford Reserve com cranberries passas – a primeira vez que vi isso na vida, […]

Drops – Woodford Reserve Double Oaked

Se você gosta de corridas de cavalos, ou se é fã de Hunter S. Thompson – o jornalista bêbado – há grandes chances de já ter ouvido falar do Kentucky Derby. De toda forma, deixe-me aqui defini-lo com uma auto-paráfrase: O Kentucky Derby é conhecido como a mais famosa corrida de cavalos do mundo. O tempo rendeu-lhe o título de  “os dois minutos mais emocionantes do esporte”. É a primeira das três disputas que compõe a Tríplice Coroa, juntamente com o Preakness Stakes e Belmont Stakes. Realizada em Louisville, Kentucky, o Derby é um festival de roupas extravagantes e indivíduos excêntricos. Chapéus vitorianos dividem espaço com fraques, monóculos e cartolas. O Kentucky Derby é, na verdade, uma espécie de festa a fantasia universitária, onde todo mundo bebe loucamente e faz de tudo um pouco. Só que no Kentucky Derby também há cavalos. Muitos justificam que os belos equinos são, na verdade, os protagonistas do espetáculo. Eu, no entanto, tenho minhas dúvidas. Afinal, o evento possui um coquetel oficial – o Mint Julep. O que sugere que os animais de grande porte estão lá apenas para justificar uma coisa ou outra. Essa impressão fica mais forte ao saber que a corrida possui também um […]

Whiskies para comprar no Duty Free III

Esta é a terceira edição de um texto sazonal com novidades nos Duty Free shops de aeroportos brasileiros que valem a pena. Confiram aqui o primeiro, e neste link o segundo texto sobre este tema. Esses dias estava vendo uns desenhos com a Cãzinha no YouTube. Depois de alguns episódios de Sara e o Pato e Masha e o Urso (afinal, o que há com jovens meninas e animais?) resolvi mostrá-la alguns desenhos da minha época. Percorremos em bons quarenta minutos coisas como Tom e Jerry, Papa Léguas e Caverna do Dragão. Desenhos que eu julgava adorar. Mas aí eu percebi como eles eram irritantes. Porque o Frajola nunca conseguiu pegar aquele passarinho. E o Coiote descobriu mais de uma centena de formas de morrer – explodido, dilacerado, esmagado, dividido, entre outras – tentando transformar o papa-léguas em almoço. Passei anos e anos de raiva esperando que eles tivessem sucesso. Sucesso que nunca veio. Eu devia ser uma criança estúpida, esperançosa ou muito masoquista mesmo. Mas o pior deles era o que eu julgava ser meu preferido. Caverna do Dragão. Tudo que aquele pessoal queria era voltar para casa. Só que por mais próxima e mais palpável que parecesse a oportunidade, algo sempre acontecia. […]

Drink do Cão – Mint Julep

Sabe, o mundo é cheio de pretextos. De razões coadjuvantes para desculpas protagonistas. Inventamos motivos importantes para tudo aquilo que nos parece frívolo ou, na verdade, simplesmente secundário. Porque com uma boa razão, quase tudo que estiver dentro do discutível limite da moralidade, se justifica. Ou, ao menos, torna-se mais leve. É o caso, por exemplo, daquele outro Cão, amigo meu, que queria muito ver a Playboy da Luana Piovani, e disse para sua Cã que não podia deixar de ler a entrevista do… qual é o nome dele mesmo? Ou aquela pescaria, organizada pelos amigos, cujo manifesto contava com duas varas de pescar e meia dúzia de iscas, mas mais de vinte packs de cerveja. O engraçado é que todo mundo sabe a real razão por trás dessas coisas. Mas isso não é declarado. E talvez a mais coletiva dessas atividades seja o Kentucky Derby. O Kentucky Derby é conhecido como a mais famosa corrida de cavalos do mundo. O tempo rendeu-lhe o título de  “os dois minutos mais emocionantes do esporte”. É a primeira das três disputas que compõe a Tríplice Coroa, juntamente com o Preakness Stakes e Belmont Stakes. Realizada em Louisville, Kentucky, o Derby é um festival de […]

Cateto Smokey Mondays – Degustação de Bourbons

Segunda feira é para os corajosos. E ontem, com o coração cheio de bravura, o Cão Engarrafado participou do Cateto Smokey Mondays, um já tradicional evento mensal, organizado pelo Bar Cateto Pinheiros. A ideia por trás do evento é simples. Trazer, sempre na primeira segunda-feira do mês, um belo charuto, que será degustado e harmonizado com bebidas diferentes. E ontem foi a vez dos bourbon whiskeys e dos charutos cubanos Bolivar Redentor série exclusiva para o Brasil. O evento ainda contou com uma aula especial, ministrada pelo professor Cesar Adames. Pudemos experimentar – ou melhor, relembrar – três bourbons já revistos neste blog: Bulleit, Woodford Reserve e Maker’s Mark. Além deles, foi servida uma garrafa antiga de Blanton’s Special Reserve, da época que o whiskey ainda era importado para o Brasil. O mais interessante é que a degustação foi feita às cegas, e apenas ao final os bourbons foram revelados. Assim, todos puderam provar as doses sem preconceitos ou preferências preconcebidas, e eleger seu preferido. Após a a aula, os participantes puderam acender seus charutos, e experimentar novamente os whiskeys, desta vez, harmonizados. O charuto, escolhido pela Barão Tabacalera, casou perfeitamente com as garrafas escolhidas e com o bate papo, com a participação de todos os presentes. Se […]

O Chef Canídeo – Whiskey Carbonara (com salmão defumado)

Quando era criança, meu prato preferido era macarrão. Preferencialmente, com qualquer molho que possuísse mais de cem calorias por colher de sopa. Quatro queijos e molho branco eram meus favoritos, de longe. Talvez por isso, quando adolescente, eu estivesse um pouco acima do peso. Nada demais. Uns dezessete, vinte quilos. No mínimo. Lá pelos meus dezenove anos de idade, resolvi que faria uma reeducação alimentar, de forma que eu e meu umbigo pudéssemos novamente nos encarar. Assim, comecei a dispensar a sobremesa, troquei o molho branco pelo de tomate e incluí em meu cardápio algo inimaginável para mim. Salada. E a medida que o tempo passou, comecei a adquirir preferências por alguns alimentos que antes desprezava. Peixes, por exemplo. Frutos do mar. Chocolate amargo. E ainda que meus horizontes tenham se expandido consideravelmente durante essa minha expedição pelo mundo da gastronomia, a verdade é que o bacon e o macarrão sempre tiveram seu espaço reservado no meu coração gástrico. Hoje em dia, uma das minhas massas preferidas quando quero relembrar a aurora de minha maioridade é o clássico carbonara. O Carbonara é a versão adulta dos meus tão estimados pratos de infância. Ele é também a prova de que coisas […]

Especial de Natal – Um Manual de Como Presentear com Whisky

Escolher presentes de natal nunca é fácil. Nem mesmo para a pessoa com que você mais tem intimidade no mundo. No meu caso, a Cã Engarrafada. Neste caso, o risco é errar. Não há espaço para errar com alguém que você conhece tão bem. Mas como já estamos casados a pouco mais de meio decênio, tendo galgado o dobro disso de namoro, recorri a uma praticidade arriscada. Perguntei a ela o que queria receber de presente. E não me condene por ter sido direto. Porque realmente é romântico captar sinais e ir sorrateiramente reunindo informações e analisando reações para tentar descobrir o que sua melhor parte deseja. Mas isso também é trabalhoso e – caso sua inteligência emocional seja equivalente a de um crustáceo, como a minha – pode dar terrivelmente errado. Após uns três segundos de uma ensaiada cara de dúvida, a Cã respondeu que queria uma bolsa, e que me daria um single malt. Uma bolsa, tudo bem, pensei. Qual a dificuldade em escolher uma bolsa? Bem menor do que a dela, ao escolher o whisky. Minha ida ao shopping revelou que a tarefa era consideravelmente mais difícil do que eu havia previsto. Principalmente quando não há o […]