As garrafas de whisky mais bonitas à venda no Brasil

Minha chaleira elétrica de casa quebrou. Tudo bem. Ela já tinha mais de cinco anos e era utilizada implacavelmente por minha esposa quase todo dia. Após uma rápida ligação à assistência técnica, soube que estava além de reparação. Decidi, então, passar na loja de eletrodomésticos mais próxima para conseguir uma substituta. Ao chegar lá, fiquei completamente perdido. Chamei a vendedora. Quanto é essa daqui, muito bonita? Ah, essa é novecentos. Ela tem cinco temperaturas, pode ser controlada do smartphone, fala e faz chá quase sozinha. Puxa, legal, mas tá meio fora do orçamento. E aquela ali, bem feia? Ah, essa é cento e cinquenta. Ela esquenta água e pronto. Puxa, mas é feia. E aquela vermelhinha alí? Aquela é igual a esta, só que é bonita. Custa quatrocentos. Parei. Não tenho maturidade para comprar uma chaleira sozinho. Quase o triplo só porque é bonita? Saí da loja, mas fiquei pensando. Não comprei a feia porque era feia, mas e com whisky? Se certo Dalmore, por exemplo, viesse numa garrafinha de cerveja sem graça, acharia ele tão bom assim? Provavelmente sim. Compraria para provar? Capaz que não. A embalagem é o primeiro contato que temos com o produto. Ela cria expectativa, e […]

Bourbon Month – Woodford Reserve

Setembro é um mês cheio. É quando nos despedimos do tão querido inverno para receber a – ultimamente – tão soalheira primavera. Há também uma pletora de celebrações. Como o impopular dia da compreensão mundial, em franca decadência, e o dia do barbeiro, em meteórica expansão. Ou o intrigante dia dos símbolos nacionais, e o paradoxal dia do gordo, que prega a importância da magreza. Mas nenhuma dessas efemérides é tão importante quanto o Mês da Herança Nacional do Bourbon (National Bourbon Heritage Month), celebrada nos Estados Unidos desde 2007. E neste ano de 2019, o website Difford’s Guide se uniu à marca Woodford Reserve para trazer a comemoração ao Brasil. Durante este mês, uma série de estabelecimentos preparou coquetéis exclusivos com o bourbon. Participam da ação os bares e restaurantes Banqueta, Benzina, Burle Bar, Caju, DOT, Drosophyla, Espaço 13, Fortunato, Guarita, Lateral, Maní, Modern mamma Osteria, Mundi Bar, Olívio, Praia Bar, Picco, Tavares, Tre Biccheri, Sylvester e Vista. Este Cão conferiu algum deles – como o Praia, e morreu de vontade com outros, como o do Espaço 13, que leva spray de whisky turfado. Foi também muito divertido ouvir as histórias por trás daqueles coquetéis. Gustavo Rômulo, do Burle […]

Jack Daniel’s Tennessee Fire

Na década de oitenta, o bom-senso era algo bastante relativo. Especialmente se você fosse criança. Se você discorda, acompanhe-me em um flashback. Afinal, a internet se regojiza com flashbacks. Nos anos oitenta, um palhaço quimicamente alterado concorria com uma moça com figurino questionável como principal atração televisiva infantil. Nos anos oitenta, podia passar produto tóxico no machucado, andar no banco de trás sem cadeirinha e comer chocolate em forma de cigarro. Aliás, falando em chocolate em forma de cigarro, os doces eram divididos em dois tipos. Os de essência ambígua – como os tais cigarrinhos, pirulito chupetinha e pirocóptero – e os que causavam sufocamento. Como Bolin Bola e aquela bala que parecia uma hemácia. Porém, dentre todas, minha preferida (integrante do segundo grupo) sempre foi a bala de canela. Aquela redondinha e durinha, bem do tamanho do meu esôfago. E ainda que eu não seja tão nostálgico de minha impúbere época, seus sabores ficaram gravados com muita clareza em minha memória. Tanto que, recentemente, me senti transportado novamente para a infância ao provar uma bebida cujo sabor reminisce bastante aquele da balinha. Aliás, não só relembra, como é praticamente a versão líquida dela. O Jack Daniel’s Tennessee Fire. Um […]

Baltic Bourbon – Beer Drops

Que setembro é o mês do bourbon você já sabe – afinal, isso já foi ostensivamente noticiado por aqui. A efeméride existe desde 2007, quando o senador Jim Bunning popôs um projeto de lei sobre o tema, que foi aprovado por unanimidade pelo senado americano. Afinal, mais um pretexto para beber bourbon whiskey nunca é demais. Nos estados unidos, a festa mais tradicional que comemora a herança desta bebida tão americana é o Kentucky Bourbon Festival, que este ano acontece de 18 a 22 de setembro. Durante a festividade, há eventos para todos os gostos. Como, por exemplo, um café da manhã de panquecas com bourbon. E uma degustação em um hangar do aeroporto de Bardstown, durante o pôr do sol. Há também infinitas aulas de coquetelaria e harmonização com a bebida. Mas – e como acontece com tudo que é bom – as celebrações não se limitaram aos Estados Unidos. E, para falar a verdade, nem ao mundo do bourbon. É que aqui no Brasil, a cervejaria Avós, de São Paulo, acaba de lançar um rótulo comemorativo. A Baltic Bourbon, uma baltic porter envelhecida em barris previamente encharcados com o bourbon whiskey Jim Beam. A Baltic Bourbon é a […]

Fancy Free – Bourbon Month

Há uma centena de datas comemorativas bem aleatórias durante o ano. Uma das minhas preferidas é o dia 01 de fevereiro. É o dia do Eletricitário Gaúcho. Gosto da data porque ela é bem específica – eletricitário já é difícil, imagina gaúcho. Outra que me fascina, pelo motivo contrário, é 02 de fevereiro, o dia seguinte. O Dia Mundial das Zonas Úmidas. O que, afinal, são as zonas úmidas? É um eufemismo para o dia do banheiro? Mas no quesito aleatoriedade, poucas celebrações ganham de uma que toma um mês inteiro. Janeiro, o Mês da Digestão da Ameixa Seca Californiana. Chega a ser dadaísta. E é ainda mais admirável que seu gênio criador foi Arnold Scwarzenegger. Em 2009 o então governator determinou que aquele seria o mês dedicado a “encontrar deliciosas formas de integrar a ameixa seca na sua dieta e na de seus entes queridos“. E tudo bem que janeiro é mesmo meio parado, que tá todo mundo de férias, e às vezes bate um tédio. Mas passar um mês inteiro sendo criativo com ameixas secas está longe de meu conceito de diversão, mesmo nos mais entediantes dias. O mês de Setembro – um tanto mais agitado – porém, […]

Wild Turkey Rare Breed – Drops

Me disseram que toda vez que eu falo da Wild Turkey, eu faço alguma piadinha com peru. E que a piada nunca teve graça, e agora tem menos ainda, porque todo mundo já sabe que vou falar de peru ou do duplo sentido intrínseco à palavra quando menciono a destilaria. Então, hoje, em protesto, não vou mencionar nenhuma ave e nem fazer qualquer introdução. Vou direto ao ponto. O Wild Turkey Rare Breed é uma edição limitada anual, lançada pela primeira vez em 1991. Atualmente, o nímero do lote não consta da garrafa, mas é possível identificar garrafas de lotes diferentes por conta da graduação alcoolica. É que o Wild Turkey Rare Breed é um bourbon “batch proof” – a expressão americana para o conhecido “cask strength”. Ou seja, um whiskey que não passa por qualquer diluição após sua retirada das barricas. E, como cada barril se comporta de uma forma diferente, quando misturados, a graduação alcoólica varia. A receita do mosto (mashbill) do Wild Turkey Rare breed é a mesma dos demais whiskies de sua família. O cereal predominante é, obviamente, milho (75%), com participação de centeio (13%) e cevada maltada (12%). Ainda que a Wild Turkey não divulgue, […]

Entrevista com Mathieu Deslandes – Diretor de Marketing da Royal Salute

“O supérfluo é uma coisa extremamente necessária“, escreveu Voltaire. Eu, autor de um blog sobre um dos mais supérfluos artigos do mundo – whisky – tenho que modestamente concordar com o aparente paradoxo de Voltaire. Whisky é uma necessidade desnecessária – como automóveis esportivos, roupas de grife e aquela torneira de cozinha de casa de rico, que tem uma molinha enrolada. Meu deus, como quero uma torneira daquelas! Há um irremediável desejo no supérfluo. Afinal, é de nossa natureza almejar o que ainda não alcançamos. Ou melhor, almejar uma variação que consideramos melhor daquilo que já temos. Uma torneira normal não é um objeto de desejo. Uma daquelas sofisticadas sim, ainda que sua função seja, essencialmente, a mesma. De Voltaire, passo para Chanel, que disse que “o luxo é a necessidade que surge quando o necessário já foi satisfeito“. No mundo dos whiskies, isso fica absolutamente claro. A grande maioria das marcas busca transmitir algum valor ligado ao luxo. Sofisticação. Elegância. Esclarecimento. Exclusividade. E poucas fazem isto com tamanha maestria quanto a Royal Salute. A começar pela idade de seu produto de entrada. Como se autodefinem, ao referenciar a idade mínima de vinte e um anos “a Royal Salute começa […]