Se você está procurando um pretexto para beber, chegou ao lugar certo. E na data perfeita. É que hoje é uma das noites mais especiais para os amantes de whisky. A Burn’s Night, criada em homenagem ao mais famoso poeta de toda história escocesa – Robert Burns. Se quiser saber mais sobre a comemoração, o bardo e sua paixão por embutidos de tripas e estômago de bode, leia nosso texto do ano passado sobre a Burn’s Night aqui. Senão, continue aqui comigo.
Robert Burns nasceu em 1759 em Ayshire, e foi um dos precursores do movimento romântico. Ele escreveu sobre temas de grande intensidade – e atuais até hoje – como liberdade, identidade nacional, iniquidade e igualdade de gênero. Mas, além disso, Burns também tratou de assuntos corriqueiros. Bem corriqueiros. Mesmo. Um exemplo é seu poema “To a Mouse” (Para um Rato) que ele teria escrito após se sentir mortalmente arrependido de ter acidentalmente pisado em uma toca de ratos, durante uma de suas caminhadas. Ou “To a Mountain Daisy” (Para uma Margarida da Montanha), concebido por ele após, em outra feita, esmagar uma flor. De onde podemos concluir que Burns devia passar o dia pensando em poesia, e realmente não prestava muita atenção por onde passava.
O bardo de Ayshire – como também é conhecido – foi também, naturalmente, um dos escoceses mais homenageados da historia. Há, por exemplo, uma infinidade de esculturas erigidas em sua memória no Reino Unido, uma linha de whiskies que leva seu nome (produzida pela Arran) e uma linha de charutos. E, além disso, há um coquetel. Um coquetel clássico, quase tão clássico quanto o próprio homem. O Bobby Burns.
Assim como a maioria dos coquetéis que são tão clássicos quanto poesia romântica, a história do Bobby Burns é incerta. A melhor teoria é que ele tenha nascido das mãos de Harry Craddock, e mais tarde figurado em seu livro “The Savoy Cocktail Book”, publicado em 1930. Craddock o descreve como “um dos melhores coqueteis de whisky”. Mais tarde, o drink foi revisitado por Dale DeGroff, em seu The Essential Cocktail. Os ingredientes permanecem os mesmos para as duas receitas, mas a proporção muda.
O Bobby Burns de Craddock – ao contrário da poesia romântica – é terrivelmente simples. São duas partes de seu whisky preferido, uma parte de vermute doce e 1/4 de dose de Benedictine D. O. M., um licor de eras cuja base é um brandy. Basta misturar com gelo, e descer em uma taça coupé.
Entretanto, ensinarei aqui a versão de DeGroff. Porque, bem, porque é a que eu mais gosto, e o blog é meu. Abram seus notepads e preparem o mis-en-place para mais uma etílica receita, desta vez, refinada pela habilidade de um dos mais importantes bartenders da história.
BOBBY BURNS
INGREDIENTES
- 2 doses de whisky
- 3/4 dose de vermute doce (este Cão preferiu usar o Carpano Classico. Mas fique à vontade para experimentar. Note que o Benedictine já é bem adocicado e que um vermute muito doce pode deixar o coquetel muito adocicado)
- 1/2 dose de Benedictine D.O.M. (você pode substituir o Benedictine por outro licor herbal, mas o resultado será sensivelmente diferente. Drambuie funcionará bem, assim como – caso você seja milionário mas não queira gastar com Benedictine – Chartreuse).
- gelo
- mixing glass*
- colher bailarina*
- strainer*
- Taça coupé (é a da foto, lá em cima) ou de martini
PREPARO
adicione todos os ingredientes em um mixing glass com bastante gelo. Misture por uns quatro segundos, desça na taça, coando o gelo com o strainer.
(*) Isso já foi dito aqui uma dezena de vezes. Mas não custa repetir. Use as ferramentas que tiver em casa. Uma jarra pode fazer o papel do mixing glass, uma colher comprida, da bailarina e uma simples peneira funciona como strainer.
É impressionante como a história do whisky se confunde com a de figuras tão curiosas, não?
Será que um dia, será sobre nós que contarão histórias sobre whisky e loucuras em geral haha?
Abraços!
Possível!