Você sabe o que é uma toranja? Eu descobri apenas recentemente. Uma toranja é uma fruta. Mais especificamente, uma fruta híbrida, resultado do cruzamento entre uma laranja e um pômelo – outra coisa que eu nunca tinha ouvido falar. Se você é afeito a americanismos, talvez a conheça pelo nome internacional: grapefruit.
A toranja – como quase toda fruta – possui um punhado de vitaminas e substâncias benéficas à saúde. Ela ajuda no emagrecimento, e há até uma dieta baseada nela (ainda que exista dieta baseada em tudo hoje em dia). Ela também ajuda a prevenir doenças do coração, como infarto do miocárdio. Como se não bastasse, reduz também a chance de algumas moléstias bem nojentas e feias, como a gota. Por fim, também evita o envelhecimento precoce, por ter propriedades antioxidantes.
A toranja é um milagre em forma de vegetal. No entanto, até a semana passada, ignorava totalmente a existência do fruto. Para mim, não passava de uma laranja que cresceu demais. Porém, meu desdém por ela desapareceu tão logo esbarrei em algo que muito me chamou a atenção. Um elixir da juventude. Um coquetel que une as maravilhas da toranja com a melhor bebida do mundo. o whisky. Aquele era o Brown Derby.
Antes de explicar como prepará-lo – algo estupidamente fácil – deixe-me contar um pouco de sua história. Segundo o mestre Dale Degroff, o Brown Derby foi criado em Hollywood, na década de vinte, em um restaurante chamado Vendome Club. Curiosamente, seu nome seria uma homenagem a um restaurante rival, o homônimo Brown Derby, que, por sua vez, recebeu seu nome graças ao imóvel em que estava instalado, no formato de um chapéu derby.
A homenagem a um restaurante concorrente têm seu fundamento. Reza a lenda que a razão da improvável denominação se deve a Douglas Fairbanks, um senhor que frequentava os dois estabelecimentos. Durante uma de suas muitas visitas ao Brown Derby, Douglas teria experimentado um coquetel semelhante (ou melhor, naqueles primórdios, igual) – denominado De Rigueur. Então, trouxe a ideia ao Vendome, que reproduziu a criação.
O De Rigueur, por sua vez, apareceu pela primeira vez no livro Here’s How, de Judge Jr., publicado em 1927 e já citado nestas páginas caninas. A receita original – publicada naquele livro- pede por um scotch whisky. No entanto, Harry Craddock, ao dar sua versão do coquetel no clássico Savoy Cocktail Book,publicado em 1930, especificou apenas “whisky”.
O que pode ter sido apenas um deslize editorial abriu as portas para um mundo muito interessante. Porque, segundo a interpretação do livro de Craddock, seria possível usar whiskey americano. E é justamente isto que faremos hoje. Porque, bem, porque eu acho que fica melhor assim, e se você discordar, pode fazer com scotch whisky que não vou achar ruim. Note, porém, que você terá que adaptar as quantidades de calda de mel e de suco de toranja.
Perceba também que usar mel em coquetéis não é exatamente algo simples. Porque o mel, se adicionado puro, tende a encapsular. Em outras palavras, ele não mistura bem com os componentes do coquetel, criando pequenas bolhas, como óleo na água. E isso além de feio, pode deixar o coquetel completamente desequilibrado e sem padrão. Daí a solução de criar uma calda de mel, que leva também água.
A receita abaixo é baseada na de Craddock. Ela é pouco adocicada, mas é talvez a mais equilibrada – ao menos para um paladar que gosta de cítricos. Se você achar que está muito azedo, tem duas alternativas. A primeira é aumentar a dose da calda de açúcar. A segunda é aumentar a proporção entre o mel e o açúcar ao produzir a calda. Calma que eu explico melhor, se você não tiver entendido. Por enquanto, tome nota desta poção da juventude eterna:
BROWN DERBY
INGREDIENTES
- 2 doses de bourbon ou tennessee whiskey.
- 1 dose de suco de toranja (aka grapefruit). Normalmente não sou muito fresco sobre usar sumo pronto, mas, neste caso, faça-me o favor de espremer na hora. Suco de toranja é dificil de encontrar, e se você achar, há razoáveis chances de já ter açúcar ou adoçante.
- 1/2 doses de calda de Mel (aqueça 1 parte de água e adicione 1 parte de mel. A proporção é de um para um, independente da quantidade. Aqui você pode aumentar a quantidade de mel até uns 3/4, se achar que o coquetel está azedo. Ou isso, ou aumentar a dose de calda mesmo).
- Taça Coupé
- gelo
- Coqueteleira
PREPARO
Bata o bourbon, suco de toranja e a calda de mel em uma coqueteleira com gelo e desça na taça coupé. Simples assim.
Como vai, mestre?
Já ouvi falar em toranja e em grapefruit, mas não fazia a menor idéia do que era.
Já que existe um coquetel que mistura o fruto, com o whisky, então cabe uma análise mais profunda. Ainda mais com este calor terrível.
Grande abraço
Testou? Assumo que ao responder o comentário já fiquei com vontade de um brown derby!