O Cão Histórico – A Lei Seca Norte Americana

Hoje deveria ser feriado. É que hoje é o aniversário de um dos dias mais importantes do mundo. Quer dizer, mais importantes para um ébrio amante das bebidas etílicas. É que no dia 05 de dezembro de 1933, há exatamente oitenta e quatro anos, o experimento social mais desastroso do mundo chegava ao fim. A Lei Seca Norte-Americana, conhecida por lá como Prohibition – ou, mais tecnicamente, o Volstead Act. O Volstead Act proibida o comércio, transporte e produção de quaisquer bebidas “intoxicantes” em todo o território americano. Em outras palavras, a lei – batizada por conta de Andrew Volstead, presidente do comitê judiciário que a produziu – tornava a feliz e antes descomplicado ato de embriagar-se muito mais difícil. Mas, veja bem, não impossível. A indústria mais afetada foi, naturalmente, a do Bourbon Whiskey. Antes da Lei Seca, havia mais de três mil destilarias operando nos estados unidos. A maioria delas não resistiu e fechou suas portas para nunca mais retornar. Estoques inteiros foram derramados, literalmente, no ralo. Outras, porém, abordaram o problema de uma forma mais, diremos, criativa. Joe Beam, que na época era o responsável pela Jim Beam, por exemplo. Ele desmontou cuidadosamente todos os seus armazéns […]

Os seis melhores filmes do mundo e os whiskies para acompanhar

Há algumas semanas, publiquei um texto sobre o Lagavulin 16 anos. Na matéria, comparei-o ao filme 12 homens e uma sentença. Uma película que tinha tudo no mundo para ser impopular, mas tornou-se uma das mais importantes da história do cinema. Um sucesso de crítica e público. Uma unanimidade. Que, convenhamos, nos dias de hoje em que todo mundo tem opinião sobre tudo, é bem difícil. Daí, alguns leitores me sugeriram um exercício curioso. Algo na linha do que já tinha feito com os filmes do Oscar, mas muito mais pretensioso. Escolher cinco dos melhores filmes do mundo e encontrar-lhes almas gêmeas etílicas. Aceitei o desafio imediatamente. Porque, claro, nada seria mais divertido do que um exercício de futilidade tão grande quanto relacionar coisas sem qualquer propósito como este. A internet, afinal, vive disso. Antes de prosseguir, preciso fazer uma ressalva. Estes não são os seis melhores filmes do mundo. É, eu sei que eu disse isso no título, mas não são, me desculpem. Estes são, na verdade, os seis filmes mais bem avaliados do site internacional Internet Movie Database. A avaliação destes filmes é feita pelos usuários, num sistema de média ponderada, que ninguém sabe bem como funciona. Mas […]

Especial Islay – Visita à Bowmore

O poeta James Russell Lowe uma vez escreveu que apenas os tolos e os mortos nunca mudam de opinião. Platão, por sua vez, disse que a opinião é a mediatriz entre a ignorância e o conhecimento. Se James Russel Lowe e Platão pudessem saber de minha experiência na destilaria Bowmore, em Islay, certamente ficariam ainda mais orgulhosos de suas frases, agora elevadas a aforismos. Antes de visitar a Bowmore, seus whiskies não eram, para mim, nada demais. Havia expressões ótimas, claro, como o dezoito anos. Mas havia também muitos single malts desequilibrados que na minha irascível opinião não passavam de honestos. Era o caso do Bowmore Darkest ou o Enigma, por exemplo. Achava que a Bowmore colhia os frutos do passado, mas que atualmente havia sido rebaixada para uma destilaria que produzia maltes defumados para todos aqueles que não suportavam maltes defumados. Bem, durante a visita, minha opinião não se sustentou por mais de quinze minutos. Se Bruichladdich é inovação, Ardbeg é bravura e Lagavulin é aristocracia, então Bowmore seria detalhismo. Todos os processos, da maltagem à maturação, são pensado nos mínimos detalhes. A destilaria está localizada dentro da cidade de Bowmore, e seu armazém colado na costa da ilha. Há uma incrível vista […]

O Cão Explica – Whisky estraga depois de aberto?

Desde que o homo sapiens sapiens adquiriu consciência de sua consciência, passou a questionar o mundo ao seu redor. Do mais profundo existencialismo até as coisas mais frívolas. Debruçamo-nos em questões tão complexas quanto a formação do universo com a mesma energia que questionamos as mais simples. Não existe resposta estúpida para a verdadeira curiosidade. Afinal, é sempre interessante saber por que a água da privada gira no sentido horário para nós. Ou se o barulho que os dinossauros do Jurassic Park faziam era parecido com o real. Há, claro, aquela categoria de indagações que, muito provavelmente, jamais serão respondidas. São todas aquelas que dependem, essencialmente, daquilo que escolhemos acreditar. Ainda que mesmo essa afirmação seja bem polêmica. O sentido da vida e a natureza do tempo, por exemplo. E por fim – não menos polêmica ou mais simples de ser respondida – está a questão que todo apreciador de whiskies faz, ao menos uma vez na vida. Será que o whisky estraga depois de aberto? A resposta mais acurada é sim, é claro. Porém, determinar o prazo para isso acontecer e – mais importante de tudo – para que se torne notável, dependerá de um sem fim de fatores. […]

Whisky Show 2017 – A Disney do Whisky

Todos nós temos fantasias. Para um bibliólatra, talvez seja a Biblioteca Britânica. Já um cinéfilo sonharia participar do Festival de Cannes. Um enófilo, por sua vez, ficaria extasiado – literalmente – em participar de uma grande feira de vinhos, ou talvez de uma série de visitas às suas vinícolas preferidas. Por fim, um microaerófilo, bem, um microaerófilo não gostaria de nada, porque microaerófilo é um tipo de bactéria. Já para um apaixonado por whiskies, como este Cão, o zênite seria participar do Whisky Show, de Londres. São três dias, mais de uma centena de expositores e seiscentos rótulos disponíveis. Organizado pela The Whisky Exchange de Londres, o Whisky Show é provavelmente o maior evento dedicado à bebida do mundo. Há todo tipo de whisky, das mais incríveis e improváveis regiões do mundo. Há garrafas de milhares de libras – como o Glenmorangie Pride 1978 – e outras bem mais mundanas. O whisky show é uma espécie de open-bar dos céus, onde quase tudo engarrafado – exceto alguns especiais – pode ser consumidos livremente. Há uma refeição incluída, assim como expositores de produtos relacionados, como embutidos finos e cervejas maturadas em barricas de whisky. Tudo disponível para consumo, apenas pelo preço do […]

Outros seis personagens que adoram whisky

  Esta é a terceira edição de um texto sobre personagens ficcionais que gostam de whisky. A primeira lista, elaborada por mim há mais de um ano, era um exercício mental. Queria lembrar-me dos mais conhecidos personagens que, assim como este Cão, apreciam um belo whisky. Consegui rememorar James Bond, Jessica Jones, Harvey Specter, Jack Torrance, Ron Burgundy e Desmond Hume. E, nos primeiros dias, fiquei muito feliz com o resultado. Afinal, imaginava que pudesse ter olvidado um ou dois, mas aquela era uma lista bastante completa. Qual foi minha surpresa, porém, quando os leitores deste infame blog começaram a citar dezenas de outros personagens que havia esquecido ou, pior, nem conhecia. Eram tantos, e de tantas obras diferentes, que demorei um pouco para fazer minha lição de casa. Assisti aos filmes e às séries – quer dizer, ao menos a maioria delas – e elaborei uma segunda lista. Agora, apenas com as sugestões recebidas. Fizeram parte dela John Constantine, Charlie Harper, Don Draper, Barney Stinson, Raymond Reddington e Abe Lucas. Mais uma vez, regojizei-me com aquilo. Doze. Não devia ter muito mais do que doze amantes ficcionais de whisky. Mas, mais uma vez, estava enganado. Não levou nem mesmo […]

Novidade do Cão – Lançamentos – Dewar’s e Aberfeldy

O que você faria se fosse convidado para beber com um de seus ídolos? Nunca havia pensado na resposta para esta pergunta. Mesmo porque, até semana passada, era uma questão totalmente hipotética e etérea. Afinal, a grande maioria dos famosos que admiro já morreu, ou habita um local altíssimo, de atmosfera rarefeita e muito pouco acessível para um Cão. Assim, este era problema que imaginava que jamais fosse ter. E que, portanto, não era um problema. Ocorre, no entanto, que graças a um magnífico convite da Bacardi, me vi obrigado a sair da zona de conforto e enfrentar este excelente – porém um pouco temeroso – problema. É que nos dias 04 e 05 deste mês de setembro, Fraser Campbell, bartender e embaixador mundial do whisky Dewar’s esteve de passagem pelo Brasil. Sua missão foi a de divulgar duas linhas de whisky pertencentes à empresa, que em breve estarão em nosso mercado. E este Cão, orgulhosamente, foi convidado a encontrá-lo, para provar, em primeira mão, estas novidades. São duas expressões dos já conhecidos blended whiskies da Dewar’s – sendo um inédito – e mais um single malt, o Aberfeldy 12 anos.  Como diria um amigo deste Cão, em um momento […]

Benefícios do whisky para a saúde

Recentemente a internet entrou em convulsão ao saber que a Rainha Elizabeth bebe quatro drinks diferentes todos os dias. A rotina etílica da monarca inclui dry martini, gim com dubonnet, vinho e champanhe. Destes, três são consumidos à luz do dia, antes, durante e depois do almoço. Isso significa que durante seus compromissos reais, Elizabeth provavelmente está bem embriagada. O que explica, de certa forma, porque ela sai nas fotos sempre com o semblante lhano e aquele sorrisinho besta. Talvez ela esteja apenas antecipando tendências. Afinal, gim entrou na moda há pouco tempo, mas a monarca já bebia muito antes de se tornar cool. Mas o mais incrível de tudo não é isso. O mais incrível é que a rainha da inglaterra tem 91 anos de idade. E apesar de visualmente não parecer nem um dia mais jovem, ela continua forte, saudável e absolutamente lúcida. Quer dizer, tão lúcida quanto uma pessoa que começou a beber gim antes do almoço pode aparentar. Por conta disso, muitos tem se perguntado qual a razão desta saúde inabalável. Porque falta de stress certamente não é. Como uma figura pública cujas responsabilidades transcendem muito o âmbito profissional, a rotina de Elizabeth é corrida e extenuante, […]

Quatro dos whiskies mais caros a venda no Brasil

Essa semana assisti um filme que há tempos queria ver. Brewster’s Millions. Brewster’s Millions é uma comédia dirigida por Walter Hill, com Richard Pryor e John Candy. De forma bem resumida, ela conta a história de um rapaz – Monty Brewster – que precisa torrar trinta milhões de dólares para herdar trezentos milhões. A tarefa, que parece fácil no começo, torna-se hercúlea. Brewster percebe que gastar tanto dinheiro é bem difícil. No final do filme, ele só consegue atingir seu objetivo ao entrar para a vida política e concorrer a prefeito de Nova Iorque. Faz sentido, realmente,  porque se tem uma coisa que não dá dinheiro, é política. O filme é bem divertido, mas uma coisa que não consigo entender direito é a dificuldade de Monty. Torrar dinheiro é tão fácil quanto esbarrar em pornografia na internet. Basta ter um pouquinho de criatividade e uma pletora de possibilidades se abre. Tudo bem que no filme havia regras que o impediam de comprar certas coisas. Mas pense em máquinas de fazer pão, restaurante japonês a-la-carte, roupinha de cachorro da Burberry e fones de ouvido do Dr. Dre. Elevando um pouco o ticket, é até mais simples. Uma Bugatti folheada a ouro, uma […]