Whiskies para comprar no Duty-Free – 2021 / 2022

Tenho que confessar uma coisa óbvia. Estou com saudades de viajar. É tanta que eu tô com saudades até da parte ruim. De ficar com o nariz ressecado no avião, sentir aquela encostadinha constrangedora do passageiro do lado enquanto ele tenta se acomodar na cadeira justamente para não dar aquela encostadinha constrangedora. E do barulho, de dormir meio na vertical e de ficar horas sem fazer nada. Aliás, esses dias sentei na cadeira mais apertada aqui de casa, liguei o ar-condicionado no máximo e o secador de cabelo do lado, só pra tentar simular aquele desconforto aéreo-sonoro-ortopédico. Talvez, em 2022, essa minha ressaca passe, e eu finalmente possa alçar voo novamente. Entretanto, apesar de meu hiato aeronáutico, minha obrigação de apontar as melhores compras aos nobres e destemidos viajantes não foi olvidada. Por isso, preparei este derradeiro post – o último de 2021 – de um jeito meio que teórico, meio que por proxy. Então, não estranhem que não há foto para algumas garrafas, tampouco aquela tradicional composição da mala com as bebidas dentro, lá em cima. Fato é que provei todos os wiskies, com exceção do submencionado Maker’s Mark. Mas não as tenho mais – e também, nem foto. […]

Whiskies para dar de presente – Edição 2021

Eu até tento fugir, mas o fim do ano me persegue. Desta vez, foi meu Spotify. As musicas que você mais curtiu este ano, todas reunidas em uma só playlist. O ano é de dois mil e vinte e um, mas minha seleção musical reminesce de algum ponto entre noventa e nove e setenta e cinco. Noventa e nove e setenta e cinco para um redneck americano recém-mudado para Louisiana, bêbado, irritado e obeso. Esses dias, inclusive, comentei isso com minha querida Cã. Há uma pletora – para usar uma palavra incomum – de motivos que me fizeram casar com ela. Mas, o gosto musical certamente não foi um deles. Não há sequer um único ponto de tangência entre nossas mais ouvidas. Tudo bem, exceto por algum protesto durante uma eventual viagem de carro, isso não nos preocupa. Somos pessoas maduras. Mais ou menos. E já que o tom aqui é de maturidade, listas e final de ano, vamos ao tema perfeito desta matéria. Um apanhado de presentes para os apaixonados por whisky. Separei aqui alguns dos mais importantes lançamentos deste ano. Uma lista que não tem a pretensão de ser exaustiva, obviamente – mas vocês já sabem e não […]

Drops – Hazelburn 13 Oloroso

Drops são nossos posts menores, de análise ou curiosidades do mundo do whisky, e que contam com rótulos indisponíveis no Brasil – mas com alguma particularidade interessante. Para ler outros drops, clique aqui Poucos whiskies tem tanto apelo por um entusiasta quanto Springbank. A destilaria está localizada em Campbeltown, um outrora importante polo de produção de whisky na Escócia. No começo do século, Campbeltown possuía mais de vinte destilarias. Porém, por conta de fatores econômicos e históricos – dentre eles, as guerras e a lei-seca norteamericana – muitas fecharam. Uma destas destilarias foi a Hazelburn. Quer dizer, a Hazelburn original. Ela operou entre 1825 e 1925, e fazia parte do grupo dos Greenlees Brothers – os mesmos cavalheiros que fundaram a marca Old Parr. Em 1921, entretanto, a Greenlees foi liquidada, e a Hazelburn colocada a venda. A compradora foi a Mitchell & Co., que talvez vocês reconheçam (ou não) pelo nome impresso nas garrafas de Springbank. Esta sim, uma das únicas sobreviventes de Campbeltown. Ocorre que o Hazelburn de hoje não é o mesmo daquela destilaria. Como contei no spoiler do parágrafo acima, A Hazelburn foi desativada em 1925. A marca, entretanto, permaneceu no cinturão da Mitchell & Co., que […]

Sobre whisky, vinho, barris e procedência

Oloroso, PX, Fino. Vinho tinto, branco, francês. Bourbon whiskey. Não importa se você é um bebedor de whisky experiente, ou começou agora a achar – equivocadamente – que single malts são melhores que blends. Certamente já viu estampado em algum rótulo expressões como esta. Elas indicam, de uma forma meio lacônica, de onde vieram os barris que maturaram aquele whisky. Isso é importante. Algumas marcas afirmam que mais de 70% dos sabores da bebida vêm da maturação. E o indrink, como é conhecida a bebida que antes maturou nos barris usados pelo whisky, é parte importante disso. Afinal, boa parte da riqueza sensorial vem dessa bebida. O curioso, entretanto, é que poucas marcas divulgam detalhes sobre a proveniência de seus barris. Preferem usar termos genéricos, como, por exemplo, ex-bourbon. Ou ex-jerez. Mas nem todos os whiskeys americanos e vinhos fortificados espanhóis são criados igualmente. Aliás, nenhuma bebida é. E isso fica evidente ao experimentar whiskies diferentes, mas com algo em comum. Um dos melhores exemplos – e que tive o privilégio de experimentar recentemente, foram Benromach Chateau Cissac & Sassicaia. Benromach Chateau Cissac & Sassicaia. Benromach Sassicaia e Chateau Cicssac fazem parte da série de Wood Finishes de 2011, lançados […]

Sobre milho – Especial Bourbon Month

Quando eu era criança, uma vez, coloquei uma espiga de milho dentro do forno do fogão ligado, sem ninguém ver. Eu queria comer pipoca e fora ignorado por meus pais, apesar de meus protestos. Não sei quanto tempo esperei – deve ter sido bem mais do que uma hora – porque o resultado da experiência foi a carbonização da espiga e consequente imolação do forno. Depois que as chamas foram controladas, fiquei proibido de comer pipoca por tempo indeterminado, e descobri que milho de pipoca é diferente do milho da espiga, que a gente come. Quando cresci e comecei a me interessar por whisky, aprendi também que o milho da espiga que comemos também é diferente do milho do bourbon. E por sorte, dessa vez, não foi necessário qualquer empirismo. Mesmo porque secar, moer, fermentar e destilar uma espiga encontrada na feira é bem mais difícil do que botar fogo em utilidades domésticas. E é isto que vou contar para vocês hoje – como há milhares de milhos! Vamos começar a destrinchar esta espiga com uma rememoração. Para que um bourbon whiskey possa ser assim chamado, ele deve seguir as seguintes premissas, dispostas no Code of Federal Regulations, title 27, part […]

Affinity Cocktail – Semelhança

Você já reparou como às vezes dois filmes praticamente idênticos estreiam quase ao mesmo tempo? Às vezes, isso é maravilhoso, porque os dois são ótimos. Tipo Failsafe e Doctor Strangelove. Outras vezes, um é melhor que o outro, como Braveheart – que é um clássico – e Rob Roy. Que não é realmente ruim. Mas podia focar menos no Liam Neeson satisfazendo sua esposa na grama, e mais na história da Escócia. E em outras situações, todos são ruins mesmo. Muito provavelmente porque a ideia era péssima já no começo, e a turma entrou numa espécie de delírio e esforço coletivo para tornar a vida dos cinéfilos um pouco mais miserável. Como com O Inferno de Dante com Volcano. Ou Striptease e Showgirls (desculpa, Verhoeven, você é ótimo!). Ah, e aqueles quatro – sim, gente, quatro – filmes sobre meteoros que ameaçam acertar a Terra. Num deles todo mundo morre, no outro o Bruce Willis explode o asteroide por causa da Liv Tyler e nos outros eu nem lembro o que acontece. Só vem, meteoro. O fenômeno, aliás, tem nome. Twin Movies, ou, Filmes Gêmeos. E não é coincidência, transmissão de pensamento ou uma espécie de reiki aplicado ao cinema. […]

Como (não) escolher um whisky – Do Storytelling

Este, talvez, seja o post mais metalinguístico já escrito neste blog. Há alguns anos, uma marca conhecida de sorvetes recebeu um puxão de orelha abstrato por conta da história estampada em suas embalagens. História que, para usar um eufemismo, eram uma versão alternativa da verdade, com personagens fictícios. Tipo aqueles filmes como Rain Man e American Hustle – que aconteceram mais ou menos daquele jeito, mas com gente mais feia. Só, que no caso da tal fabricante de picolés, não tinha a Amy Adams e o Tom Cruise. Enfim, aconteceu que, após a revelação de haver poucos pontos de tangência entre a realidade e a história do antepassado do fundador, a empresa achou melhor tirá-la do ar. Apagou a memória do velhinho que jamais existiu, deu uma explicação semelhante àquela que minha filha quando tenta explicar por que não fez a lição de casa e seguiu em frente. Mas, do caso, extrai-se uma lição óbvia – contar uma história, de preferência uma com lampejos de verdade, é importante. E não só com picolés. Em tudo, na verdade. Quando enrolo você, querido leitor, por três breves parágrafos com algum assunto aleatório antes de falar sobre determinado whisky, quero, na verdade, afinar […]

Quatro coquetéis de whisky para o frio

Eu adoro o frio. Poucos pequenos prazeres são tão grandes em sua singeleza como sentir o ar gelado nas têmporas. Perceber aquela deliciosa letargia nos dedos ao digitar. Contemplar o aveludado formigamento na ponta do nariz ao franzi-lo. E o vapor. Eu devo ser completamente maluco, mas a fumacinha que sai do nariz ao respirarmos no frio é uma lembrança contundente de que estou vivo. Trabalhar, tomar café, ler. Pra mim, até fazer exercício é melhor no frio, porque não tenho que beber o correspondente à vazão das cataratas do Iguaçu para repor o líquido perdido com o suor. Aliás, quase tudo fica melhor no frio. Inclusive, uma das minhas atividades preferidas, que não é a que você tá pensando. Ou talvez seja, se me conhecer bem: beber. Porque na verdade beber é meio como se vestir. Você faz o ano inteiro, mas o frio abre um leque muito maior de possibilidades. O que, claro, não significa que você deva beber qualquer coisa. Pelo contrário. Aqui no Brasil, a temporada de frio é uma rara oportunidade para você se esmerar em novas experiências. Ou aproveitar para revisitar aquele raro clássico, que pareceria até incivilizado em qualquer outra época do ano. […]

Drops – Compass Box The Peat Monster Arcana

Drops são nossos posts menores, de análise ou curiosidades do mundo do whisky, e que contam com rótulos indisponíveis no Brasil – mas com alguma particularidade interessante. Para ler outros drops, clique aqui Expectativa é uma coisa engraçada. Há whiskies que, só de ler, me dão nervoso para experimentar. Mas que são decepção do momento de abrir o lacre a dar o primeiro – e algumas vezes o último – gole. Há outros que são o oposto. Não provocam nem um arquear de sobrancelhas durante a leitura. Mas, ao primeiro gole, me deixam acenando positivamente com a cabeça – depois, claro, de dizer algum palavrão de enaltecimento qualquer. E há aqueles que são os dois. O Compass Box Peat Monster Arcana está nesta classe. Aliás, a Compass Box Whisky Co. quase gabarita esta classe. A empresa foi fundada em 2000 por John Glaser, ex executivo da Diageo, como uma espécie de produtora boutique de whiskies de altíssima qualidade. A maioria de seus rótulos possui alguma invencionice, ou iconoclastia. A empresa procura sempre trazer inovações, e expandir as fronteiras da produção de whisky – e claro, com um storytelling perfeito. O Compass Box Peat Monster Arcana é, de certa forma, a […]

World Whisky Day 2021 – Mais um dia para degustar.

É, eu sei. A inevitabilidade do assunto deste post pode parecer até mesmo uma provocação. Afinal, hoje é o dia das mães. Este post deveria, certamente, falar sobre isso. Todo mundo espera isso. Minha mãe, que provavelmente lerá esta matéria em algumas horas, espera isso, e ficará bem decepcionada com minhas escolhas – tanto editoriais quanto de vida. Minha querida esposa, a Cã, que aguarda um presente, também. De certa forma, escrever este post hoje é um álibi. Exceto porque bem, acabo de me delatar. Acontece que esta matéria não é sobre o dia das mães. É sobre o dia do whisky. O dia mundial do whisky – World Whisky Day. E se você ainda subestima a importância dessa bebida, saiba que mãe tem só um dia por ano. Whisky tem dois – World Whisky Day e International Whisky Day. Mas, enfim, falemos do primeiro, que acontece todo terceiro sábado do mês de maio. O World Whisky Day foi criado em 2012 por Blair Bowman, um rapaz de apenas vinte e três anos de idade. A ideia de Blair era simples: criar um dia para que as pessoas pudessem se encontrar, comemorar e descobrir mais sobre a bebida nacional da […]