Drops – Corsair Triple Smoke American Single Malt – Single Malts do Mundo

Você sabia que os Estados Unidos também produz single malt? E há destilarias espalhadas por quase todo o território americano. Exemplos são a Swift (Texas), Westland (Washington), Colkegan (Santa Fé – Novo México) e a Corsair (Kentucky), que produz esta curiosa garrafa da foto. O Corsair Triple Smoke. A destilaria Corsair, aliás, tem uma história bem interessante. É que ela foi quase uma obra do acaso. Seus fundadores, Andrew Webber e Darek Bell começaram produzindo cerveja artesanal. Depois, resolveram desbravar novos territórios, e tentaram criar um novo processo para produzir biodiesel. Porém, por mais que tentassem, os experimentos davam sempre errado. Andrew então, cansado, disse a Darek que produzir biodiesel era muito difícil, e que whiskey seria bem mais fácil. E alguns anos e uma academia de destilação da Bruichladdich depois, a Corsair possui sete produtos diferentes em seu portfólio permanente, e mais de dezenove edições experimentais, limitadas ou anuais. Há destilados para todos os gostos – whiskeys, gins, genevers e coisas meio difíceis de definir, como o Grainiac, um whisky destilado de milho, cevada, centeio, trigo, quinoa, triticale, trigo sarraceno, aveia e um grão que este Cão nunca nem tinha ouvido falar – Espelta. A Corsair tornou-se famosa por desafiar […]

Gigante Oculto – Evan Williams 1783

A fama pode ser enganosa. Não apenas com pessoas, mas com todo tipo de coisa. Vamos falar de fast-food. McDonald’s todo mundo conhece, que tem aquele clássico sanduíche que leva dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial e mais alguns acepipes. Além daquela batata frita fininha e crocante, que algumas pessoas sem costume tem o hábito de enfiar no sorvete. Por outro lado, você nunca deve ter ouvido falar da Yum!. Acontece que ela é talvez a segunda onomatopéia mais poderosa do mundo corporativo, logo depois do Yahoo!. A marca é uma das mais importantes do mundo no ramo dos fast-foods. Só que você não a conhece porque seus acionistas tem vergonha do nome cretino que escolheram. Ou talvez porque a fama resida em suas subsidiárias. A Yum! é a responsável por controlar e franquiar conhecidíssimas marcas, como KFC, Taco bell e Pizza Hut. Ela nasceu da Tricon Global Restaurants, antes controlada pela Pepsico. Atualmente, a megacorporação, sediada no Kentucky, tem presença em mais de uma centena de países. Em 2015, ela possuía mais de trinta mil franquias, cinquenta mil restaurantes e faturou aproximadamente treze bilhões e cento e cinco milhões de dólares. Eu não fiz a conta, mas me parece muito frango, burrito e pizza de […]

Drops – Jack Daniel’s Unaged Rye

Não é segredo para ninguém que eu gosto muito de automóveis. Passo boa parte do meu tempo livre – quando não estou bebendo, lendo sobre whiskies ou escrevendo este blog – pesquisando sobre carros. Sou especialmente fanático por sedans esportivos. O que não significa, de forma alguma, que não me encante com algumas invenções bem esquisitas. Uma das minhas preferidas é o Ariel Atom. O Atom é a destilação daquilo que todo apaixonado por esportivos procura. O carro não tem rádio, nem ar-condicionado, tampouco pára-brisas. Teto, nem pensar. E pra falar a verdade, ele não tem portas também. E quase nenhuma lataria. Ele possui apenas o essencial para os puristas (quem disse que portas são essenciais?) – um motor violento, suspensão horizontal e a capacidade de acelerar a ponto das entranhas do piloto grudarem em sua espinha dorsal. Talvez o paralelo perfeito para o Atom no mundo do Whisky seja o Jack Daniel’s Tennessee Unaged Rye. Ele é o primeiro whiskey com predominância centeio produzido pela Jack Daniel’s desde a época da Prohibition.   A Prohibition foi a época em que vigorava a lei seca nos Estados Unidos, de 1920 a 1933, em que grandes mafiosos, como Al Capone, fizeram dinheiro importando bebidas […]

Final Triunfal – Buffalo Trace Stagg Jr.

Esta semana tivemos a última aula do Curso Avançado de Whisky da Whisky Academy. A aula sobre american whiskey foi ministrada pelo mestre Alexandre Campos, e contou com uma ilustríssima participação. Uma garrafa de Stagg Jr, que pôde ser degustado pelos participantes do curso. E antes que alguém pergunte ou tenha a ideia de fazer uma piada cretina – não, a garrafa não está fantasiada para o natal. Mesmo porque estes não são os chifres de uma rena. A galhada ilustrada no rótulo é de cervo, e é o símbolo de um dos mais respeitados bourbons dos Estados Unidos – o George T. Stagg. Assim, qualquer semelhança entre esta garrafa e o Rudolph, talvez induzida pela época do ano em que estamos, não passa de uma mera coincidência. O Stagg Jr. é um bourbon whiskey, produzido em quantidades anuais limitadas pela gigante Buffalo Trace – uma das destilarias mais conhecidas dos Estados Unidos, sobrevivente dos anos de Lei Seca e hoje, produtora de uma enorme gama de whiskeys. O primeiro lote do Stagg Jr. saiu em 2013, e foi quase instantaneamente extinto das lojas. O sobrenome “Junior” se deve ao seu tempo de maturação. É que existe uma expressão da destilaria chamada […]

O Cão Farejador – Blanton’s

Este Cão, sempre preocupado que seu público beba melhor, resolveu criar aqui um serviço de utilidade pública. O Cão Farejador. A ideia é trazer de vez em quando – ou seja, sem nenhuma periodicidade e quando der – notícias sobre garrafas incomuns, raras ou indisponíveis no Brasil, que, por sorte ou destino, este Cão encontrou ao visitar certo bar ou restaurante. Assim, você, leitor, terá a oportunidade de experimentar, por conta própria, coisas que provavelmente não imaginaria que estivessem tão próximas. Principalmente se você morar em São Paulo, quartel-general deste canídeo blog. E a primeira garrafa a ser apresentada nesta ilustre seção é o Blanton’s Special Reserve. Um bourbon whiskey com 40% de graduação alcoólica, disponível no Bar Cateto Pinheiros. Pouquíssimas garrafas restaram de uma importação feita oficialmente há mais de uma década. E o pessoal sempre diligente do Cateto conseguiu colocar as mãos em alguns destes belos exemplares. O Blanton’s Special Reserve é a expressão de entrada da Blanton’s. Cada garrafa é proveniente de um único barril – o que, na prática, significa que pode haver pequenas variações entre garrafas de barricas diferentes. A composição da mashbill do Blanton’s Special reserve leva milho, centeio e cevada maltada. O destilado entra na […]

Cateto Smokey Mondays – Degustação de Bourbons

Segunda feira é para os corajosos. E ontem, com o coração cheio de bravura, o Cão Engarrafado participou do Cateto Smokey Mondays, um já tradicional evento mensal, organizado pelo Bar Cateto Pinheiros. A ideia por trás do evento é simples. Trazer, sempre na primeira segunda-feira do mês, um belo charuto, que será degustado e harmonizado com bebidas diferentes. E ontem foi a vez dos bourbon whiskeys e dos charutos cubanos Bolivar Redentor série exclusiva para o Brasil. O evento ainda contou com uma aula especial, ministrada pelo professor Cesar Adames. Pudemos experimentar – ou melhor, relembrar – três bourbons já revistos neste blog: Bulleit, Woodford Reserve e Maker’s Mark. Além deles, foi servida uma garrafa antiga de Blanton’s Special Reserve, da época que o whiskey ainda era importado para o Brasil. O mais interessante é que a degustação foi feita às cegas, e apenas ao final os bourbons foram revelados. Assim, todos puderam provar as doses sem preconceitos ou preferências preconcebidas, e eleger seu preferido. Após a a aula, os participantes puderam acender seus charutos, e experimentar novamente os whiskeys, desta vez, harmonizados. O charuto, escolhido pela Barão Tabacalera, casou perfeitamente com as garrafas escolhidas e com o bate papo, com a participação de todos os presentes. Se […]

Do Reconhecimento – Jack Daniel’s Gentleman Jack

Se você não se tornou famoso ainda, não se preocupe. Talvez isso aconteça mesmo só depois de morrer. Foi assim com Van Gogh, Edgar Allan Poe, Kafka, El Greco e Galileo Galilei. A distância – no caso, o tempo – nos permite enxergar com mais clareza a grandeza destas pessoas que, infelizmente, não puderam colher os louros de seus prolíficos trabalhos. E neste enorme rol de injustiçados pela sociedade e vingados pela história, está Bach. Johann Sebastian Bach, conhecido por alguns como um dos maiores compositores de todos os tempos e por outros como o cara que fez a música do comercial daquela operadora, nunca recebeu o devido reconhecimento em vida. Foi só no século dezenove – ou seja, uns cinquenta anos após sua morte – que sua música foi revivida e alcançou a fama. Certa vez Bach teria se candidatado ao posto de diretor de canto e música em Leipzig, mas somente foi aceito após outros dois candidatos – claramente preferidos pelo conselho da cidade – terem rejeitado a indicação. No melhor estilo barroco de “é o que tem para hoje”, o conselho o considerou uma alternativa razoável, dadas as circunstâncias. E nem o mundo do whisk(e)y está a salvo […]

Verdade Relativa – Bulleit Bourbon Frontier Whiskey

O cinema deve muito ao faroeste. Alguns dos melhores filmes da história usaram a temática daquele tempo sem lei. Um tempo em que destemidos e elegantes vaqueiros enfrentavam índios, perseguiam bandidos e encantavam frágeis donzelas indefesas. Um tempo em que a morte pelo gatilho era corriqueira, e que apenas homens resilientes e com valores íntegros sobreviviam. Ou não. Ou não porque, assim como o cinema deve ao faroeste, o faroeste também deve ao cinema. Para começar, ninguém realmente se vestia ou se portava como Clint Eastwood ou John Wayne. Os valentes vaqueiros eram, na verdade, em sua grande maioria, absolutamente iletrados, mais ou menos bêbados, e raramente prezavam por quaisquer valores ou moral. Além disso, a criminalidade era relativamente baixa, e os conflitos com índios, praticamente inexistentes. A imagem que temos hoje daquele tempo foi cunhada no cinema. O maior expoente, responsável por criar o gênero western como o conhecemos hoje, foi John Ford. De acordo com um grande amigo, crítico de cinema e entusiasta do álcool, Ford inventou o faroeste como gênero a ser levado a sério com No Tempo das Diligências (apresentando John Wayne ao mundo, em um entrada inesquecível e triunfal) e, depois, ainda inventou o faroeste […]

O Cão Didático – Cereais usados no Whisky

Conhecimento é sempre bom. Mesmo sobre assuntos enfadonhos, como botânica. Esta foi minha conclusão após uma viagem com alguns amigos para o sítio de um deles, lá pelos meus dezoito anos de idade. Como quase todo adolescente recém-chegado à maioridade legal, nosso foco principal era beber. Beber qualquer coisa. Não tínhamos muitos critérios. Só podia ser natural. Afinal, não havíamos tido tempo de criar quaisquer critérios.  Nosso manifesto de viagem contava com umas quatro garrafas da vodka – da mais barata encontrada no supermercado local – bem como uma dúzia de engradados de uma cerveja que poderia ser definida, de forma muito benevolente, como a pior coisa que já bebi depois de gasolina (leia mais sobre isso aqui). Com o problema líquido solucionado, nosso próximo passo seria decidir o que comer. E ainda que a ideia de adquirir um estoque de salgadinhos fosse tentadora, em um lampejo de consciência, resolvemos que teríamos tempo de sobra para cozinhar. Assim, resolvemos preparar uma massa. Uma pequena caixa de spaghetti e alguns tomates dariam uma refeição decente e descomplicada. No primeiro dia, demos cabo de boa parte da cerveja e duas garrafas daquela maravilha cristalina destilada e – bastante animados – começamos a […]

Da Improvisação – Wild Turkey 101 Rye Whiskey

Quando eu era criança, assistia muita televisão. Via todo tipo de programa. Pra falar a verdade, via qualquer coisa que estivesse passando. Mesmo porque eu não tinha muita escolha. Com apenas umas três ou quatro opções de canais, me encontrava constantemente no dilema entre ver jornal, jardinagem ou aquele mesmo filme, reprisado pela centésima vez. Aquele, com uma turminha do barulho, vivendo altas aventuras com Patrick Swayze, Winona Ryder e  Daryl Hannah. Dublado pela VTI-Rio*. Mas havia também aqueles programas que eu realmente gostava. Entre eles, ocupando posição de destaque, estava MacGyver.  Caso você não viva neste mundo, ou tenha nascido após o advento da televisão a cabo, eu explico. MacGyver foi uma série cujo protagonista – Angus MacGyver – era um agente secreto, interpretado por Richard Dean Anderson. Suas missões consistiam, resumidamente, em derrotar inimigos de sua pátria ou prevenir hecatombes. Até aí, MacGyver parecia um agente secreto ordinário da ficção científica, como muitos Bonds e Bornes por aí. Só que Angus era diferente. Por ter sofrido um trauma de infância envolvendo um revólver, ele não utilizava armas. Assim, a solução de seus problemas passava, quase sempre, por preparar alguma gambiarra sinistra, normalmente criada com o auxílio de seu canivete suíço. […]