A fama pode ser enganosa. Não apenas com pessoas, mas com todo tipo de coisa. Vamos falar de fast-food. McDonald’s todo mundo conhece, que tem aquele clássico sanduíche que leva dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial e mais alguns acepipes. Além daquela batata frita fininha e crocante, que algumas pessoas sem costume tem o hábito de enfiar no sorvete.
Por outro lado, você nunca deve ter ouvido falar da Yum!. Acontece que ela é talvez a segunda onomatopéia mais poderosa do mundo corporativo, logo depois do Yahoo!. A marca é uma das mais importantes do mundo no ramo dos fast-foods. Só que você não a conhece porque seus acionistas tem vergonha do nome cretino que escolheram. Ou talvez porque a fama resida em suas subsidiárias. A Yum! é a responsável por controlar e franquiar conhecidíssimas marcas, como KFC, Taco bell e Pizza Hut.
Ela nasceu da Tricon Global Restaurants, antes controlada pela Pepsico. Atualmente, a megacorporação, sediada no Kentucky, tem presença em mais de uma centena de países. Em 2015, ela possuía mais de trinta mil franquias, cinquenta mil restaurantes e faturou aproximadamente treze bilhões e cento e cinco milhões de dólares. Eu não fiz a conta, mas me parece muito frango, burrito e pizza de pepperoni.
A Yum!, no entanto, não é a única gigante desconhecida do Kentucky. Há outra no ramo dos bourbon whiskeys – a destilaria Heaven Hill. Ainda que bem menos conhecida que Maker’s Mark, Jim Beam e Jack Daniel’s, a Heaven Hill é responsável por alguns dos whiskeys mais vendidos no mercado mundial. É dela as linhas Parkers, Elijah Craig e Evan Williams, da qual o Evan Williams 1783, tema desta prova, é parte.
O próprio website da companhia nos dá um bom panorama de seu tamanho. Segundo eles, a Heaven Hill é a maior destilaria independente, detida e operada por uma família – assim como a Grant’s, a Heaven Hill é uma empresa familiar. É a sétima maior fornecedora de destilados nos Estados Unidos, e seus armazéns contém o segundo maior estoque de Kentucky Whiskey no mundo, com mais de um milhão de barris – o que equivale, mais ou menos, a 17% de todo bourbon distribuído no mundo.
A Heaven Hill possui dois enormes estabelecimentos. O primeiro é a destilaria em Bernheim, Louisville, Kentucky, que produz o destilado para as diferentes linhas da companhia – inclusive, com diferentes mashbills. O outro é um conjunto de armazéns, dedicado à maturação dos whiskeys. De acordo com a Heaven Hill, a produção é toda supervisionada por Craig Beam, Denny Potter, e Charlie Downs, seus três master distillers.
O Evan Williams 1783 foi batizado em homenagem ao ano em que a familia Williams – fundadores da destilaria – estabeleceram suas raízes no Kentucky. Ele é uma versão mais exclusiva, produzida em lotes menores, do Evan Williams tradicional. Seu tempo de maturação é maior, ainda que não seja divulgado com precisão. No passado, porém, a idade estampada no rótulo era de dez anos.
A composição da Mashbill do Evan Williams 1783 é a mesma dos outros whiskeys da linha. Como todo bourbon whiskey, o grão predominante é o milho, com 75%. Adiciona-se a ele 13% de centeio e 12% de cevada. Essa composição, aliada à graduação alcoolica de 43% e maturação em barricas virgens de carvalho americano bastante queimadas torna o Evan Williams 1783 um whiskey leve e adocicado, com clara presença de caramelo.
Por aqui, uma garrafa do Evan Williams 1783 custa R$ 200,00 (duzentos reais). É o mesmo preço de outros bourbons premium à venda em nosso país, e sensivelmente mais barato do que o Maker’s Mark, cujo perfil de sabor é muito semelhante. Para aqueles que buscam um whiskey com perfil pouco picante e bem puxado para o caramelo, o Evan Williams 1783 é uma ótima opção. Um gigante anônimo, que não deve nada a seus célebres irmãos.
Evan Williams 1783
Tipo: Bourbon whiskey
Destilaria: Heaven Hill
Região: N/A
ABV: 43%
Notas de prova:
Aroma: caramelo, açúcar mascavo, mel.
Sabor: balinha de caramelo, baunilha, mel. Final médio, progressivamente mais adocicado e com baunilha. O alcool está bem integrado.
Preço: R$ 200,00 (duzentos reais)
Disponibilidade: Lojas brasileiras
Como vai, mestre?
É sempre interessante provar um novo Bourbon, embora seja difícil pra mim abandonar o Wild Turkey. A carga maior de centeio me agrada e sei lá o motivo, eu me identifico com a marca haha. Todavia, ia te perguntar outro dia sobre o Evan Williams tradicional. Há pouco chegou um lote dele na Candy Shop.
Grande abraço!!
Haha, mestre Felipe, o Evan Williams tradicional sairá em breve no Cão! Fique na linha 🙂
Olá Mestre! I’m here again.
Como sempre, você é muito bom em analogias. A comparação com a Yum! foi no mínimo providencial… rsrs
Fiquei curioso sobre o Evan Williams 1783, vou procurá-lo e fazer a degustação, quem sabe um pouco menos de centeio me abra novas perspectivas em comparação ao meu fiel “amigo da fronteira”. Grande abraço.
Haha, obrigado Edmilson! Esscolha perfeita pra ser contraponto ao pequeno fronteiriço!
Gostaria de saber quanto tempo de barril tem este whisky muito bom
Marcelo, antes a destilaria dizia 7 anos. Mas hoje não há informação no rótulo. E é bom mesmo!
Fala mestre, tudo bem?
Recentemente comecei no mundo dos Bourbons tive o prazer de apreciar o Woodford Reserve (comecei pelo final rs). Festas chegando e estou vendo a aquisição de mais um. Minha dúvida está entre o Evan Williams 1783, Elijah Craig ou Buffalo Trace. O que me indica? Abraços!3
Bruno, tudo bem?
Eu iria no Evan Williams 1783 – Ele é mais equilibrado e bem acabado que os outros, ainda que eo Elijah também seja um bourbon bem legal. O Buffalo Trace está um nível abaixo deles, mas também é interessante. Além disso, os dois últimos – Elijah e Buffalo Trace – não estão à venda oficialmente no Brasil, e comprar pelo mercado paralelo, como ML, sempre é um risco, já que falsificações são frequentes, especialmente destes rótulos mais acessíveis!
Meu amigo Cão, como está?
Ainda mantem a preferencia entre Evan Willians 1783 ao Buffalo Trace?
Grande Abraço!
Pergunta polemica essa, caro gustavo. Eu gosto mais do Buffalo. Mas, tenho dois amigos que consideram o Evan o melhor bourbon do Brasil.
O Evan Williams é facilmente mais bem acabado que os concorrentes básicos da Jim Beam e Jack Daniels. O 1783, é um dos melhores Bourbons a venda no Brasil hoje (só ainda não experimentei as garrafas do Woodford e o Wild Turkey 101). Ambos rótulos passam uma impressão de ter um acabamento mais bem elaborado, uma combinação de notas e alcool mais bem alinhada. O que mata são as garrafas, ambas com pouquíssimo apelo, comparado ao Bulleit, Jack Daniels e até ao Jim Beam Black. Já as versões Fire e Honey, a Evan Williams deixa bastante a desejar.