Mark Twain – Muito de qualquer coisa

Muito de qualquer coisa é ruim, mas muito de um bom whisky jamais é o suficiente”. A frase é de Samuel Langhorne Clemens, mais conhecido pelo seu pseudônimo, Mark Twain. Sob a alcunha, Clemens escreveu livros que se tornaram clássicos da literatura norte-americana, como As Aventuras de Tom Sawyer e Huckleberry Finn. Além de ser considerado um dos mais importantes romancistas dos Estados Unidos de todos os tempos, Twain era um inveterado apaixonado por Scotch Whisky.

Pode parecer estranho, para um natural do Missouri, preferir whisky escocês ao americano. Mas era, justamente, o caso. Depois de uma temporada em Londres, Twain se apaixonou pela bebida. Além da frase que abre esta matéria, ele tem outra excelente máxima. “Eu sempre tomo whisky escocês a noite para prevenir dor de dente. Eu nunca tive dor de dente, e vou lhe dizer mais, eu não pretendo ter também

Naturalmente, tamanha paixão deveria ser consagrada com um coquetel. Ocorre, entretanto, que neste caso, foi o próprio Mark Twain que alçou seu homônimo líquido à fama. A receita – mais ou menos – aparece eum uma carta que ele escreveu à sua esposa, em 1874, enquanto visitava Londres.

“acho que vou beber whisky”

Livy, minha querida, quero que se assegure e lembre de ter, no toalete, quando eu chegar, uma garrafa de Scotch, um limão, açúcar cristalizado e uma garrafa de Angostura Bitters. Desde que vim para Londres, tenho bebido num copo de vinho algo que é conhecido como “coquetel” (feito com estes ingredientes) antes do café da manhã, antes do jantar e logo antes de ir para a cama“.

A carta continua, com um misto de confidências digestivas e sexuais “A ele atribuo o fato de que até hoje minha digestão tem sido maravilhosa – simplesmente perfeita. Permanece dia após dia e semana após semana tão regular quanto um cronômetro (…) Adoro escrever sobre a chegada – parece que será amanhã. E adoro me imaginar tocando a campainha, à meia-noite – depois uma pausa de um ou dois segundos – depois o giro do ferrolho e “Quem é?” – depois muitos beijos – então você e eu no banheiro, bebendo meu coquetel e me despindo e você esperando – depois para a cama e… – tudo alegre como deveria ser…

Imagine that.

Obviamente Twain não inventou o Mark Twain. Lendo atentamente os ingredientes, podemos deduzir facilmente que é basicamente um whiskey sour com scotch e bitters. Ou um Fitzgerald, sem gim, mas com whisky escocês. Mas, foi ele que trouxe fama à variação, a ponto de lhe emprestar o nome. Não fosse pelo escritor, o Mark Twain etílico não se chamaria Mark Twain, mas, simplesmente, “whiskey sour com scotch”. Um nome muito literal mas nada literário – e pouco romântico.

Lembre-se que o whisky utilizado fará diferença na sua receita. Por tentativa e erro, este Cão recomenda que utilize um scotch adocicado – como, por exemplo, Chivas 12 ou Johnnie Walker Gold Label. Você pode também fazer uma variação turfada. Neste caso, recomendo reduzir um pouco a quantidade de whisky, para que não se sobressaia aos demais ingredientes.

Sem mais, vamos à receita desta versão aprimorada do Fitzgerald – porque afinal, a frase “muito de qualquer coisa (…)” não é com gim.

MARK TWAIN COCKTAIL

INGREDIENTES

  1. 60ml scotch whisky
  2. 22,5ml limão siciliano
  3. 15ml xarope de açúcar 1:1
  4. 2 dashes Angostura Bitters
  5. Parafernália para bater

PREPARO

  1. Adicione todos os ingredientes, inclusive os dashes de angostura, em uma coqueteleira com bastante gelo e bata bem
  2. desça em um copo baixo com gelo, ou uma taça coupé – como preferir!

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