Especial do Cão – Jameson Bartenders Ball Pub Crawl

Quando eu era criança, minha mãe me ensinou que eu deveria ignorar ofertas muito tentadoras. Essas que você até desconfia da veracidade, de tão incríveis que parecem. No auge da minha infância, poderia ser alguém oferecendo chocolate. Ou macarrão. Ou qualquer coisa comestível, no meu caso. Afinal, poderia ser uma pessoa tentando levar alguma vantagem. Algum mal intencionado. Ou pior, um sequestrador. Na vida adulta, são aqueles e-mails de spam. Como aquele de uma ucraniana maravilhosa oferecendo amor eterno em troca de exílio em nosso país tropical. Ou aquele bilionário da Costa do Marfim que somente poderia confiar em você para esconder sua fortuna. É como, certa feita, disse um amigo meu – queria viver em um mundo onde todo spam que recebo se torna automaticamente real. Eu seria milionário sem sair de casa, namoraria uma imigrante suíça e teria barriga tanquinho comendo sanduíche de calabresa todo dia. O único problema é que eu andaria o tempo todo curvado para frente… Assim, nada mais natural do que o estranhamento que senti ao receber um e-mail com, mais ou menos, o seguinte conteúdo: DE: JAMESON – Boa noite Cão. Gostaria de convidá-lo para participar do Jameson Pub Crawl, na próxima quinta-feira (7), a […]

Drink do Cão – New York Sour

Sabe, vou contar um negócio para vocês. Eu queria gostar mais de vinho. E eu sei que gostar de whisky também é bacana, e que whisky é a melhor bebida do mundo. Mas vinho é algo bem mais amplamente consumido. E, além de tudo, ainda faz bem à saúde. Eu quase invejo aquelas pessoas, sentadas nos restaurantes elegantes, girando suas enormes taças bojudas com o líquido rublo dentro. Rodopiam, observam a bebida contra a luz e comentam sobre as lágrimas que escorrem pelas bordas do cálice. Aproximam suas narinas cuidadosamente dos copos e fazem um comentário de um verdadeiro connoisseur. É sempre um comentário digno de um sommelier.  Meu sonho é poder dizer algo como “meu deus, como adoro o blend entre Malbec, Cabernet Franc e Melot” e realmente entender o que estou falando. Como disse acima, vinho também faz bem à saúde. Ele reduz as chances de infarto, doenças coronárias e diabetes. Auxilia na prevenção ao Alzheimer, à demência e uma porção de cânceres diferentes. O resveratrol, substância encontrada nas sementes e películas de uvas e vinho tinto, é um antioxidante poderoso. As propriedades terapêuticas do vinho eram conhecidas desde a antiguidade. Ele era considerado como uma alternativa segura […]

Drink do Cão – Green Gimlet

Uma improvável gota de suor escorrendo pela lateral das minhas costas não deixa dúvidas. Estamos quase no verão. O verão é a estação do ano em que tudo gruda. Cadeiras, maçanetas, o metrô, o corrimão da escada e seus braços.  E também aquele seu coleguinha, cujos braços também estão pegajosos, e a uma distância preocupante dos seus. No verão, tudo adquire uma aderência meio porca. O verão é uma prova de enduro físico infinito, em que o troféu é não chegar azedo no final do dia. Ele tem, inclusive, um odor característico. É aquele aroma que está no táxi que você pegou, no vagão do metrô que você entrou e no elevador do seu escritório. É algo que lembra um refogado de alho, cebola e pimenta. Um refogado de alho, cebola e pimenta absolutamente asqueroso. Talvez eu tenha chegado prematuramente à andropausa, mas o calor do verão é quase insuportável. Quase porque eu não tenho opção. Quando está frio, eu posso simplesmente colocar uma jaqueta ou malha. No calor não. No calor, a melhor opção é ficar nu. Mas isso eu só posso fazer em casa e, mesmo assim, correndo o risco de grudar no mobiliário. Além disso, o calor deixa […]

Drink do Cão IV ou Fidedignidade – Smoked Rob Roy

Toda vez que assisto um filme de Hollywood baseado em fatos reais, tenho o mesmo pensamento. Que aquilo aconteceu com gente bem mais feia, e mais ou menos daquele jeito. Geralmente, mais para menos do que para mais. E Rob Roy, estrelado por Liam Neeson e dirigido por Michael Caton-Jones, não é uma exceção. O filme chegou por aqui com o nome de Rob Roy: A Saga de Uma Paixão. Um título bem cretino, que já indicava que a história real de Robert Roy MacGregor e aquela retratada na tela teriam poucos pontos de contato. E tudo bem que é divertido assistir o Liam Neeson matando todo mundo (aliás, só por isso fizeram Busca Implacável 1, 2 e 3, certo?), mas tudo tem limite. Primeiro, Robert Roy era horroroso. Não que o Liam seja um exemplo de beleza masculina, mas seu grau de semelhança com Rob é o mesmo que eu tenho com um nematelminto. Em segundo, o filme simplesmente desliza sobre acontecimentos históricos importantíssimos, como a batalha de Glen Shiel, capitulo essencial na vida do herói escocês. Ao invés disso, o diretor insiste em focar a trama em Robert e sua esposa, Mary, cumprindo com suas obrigações conjugais em um campo […]

Drinque do Cão II – Penicillin

  Lembram-se quando falei sobre o sentido da palavra “serendipidade”? Quando a mencionei pela primeira vez, utilizei um exemplo que deixou muita gente excitada. O Viagra. O Viagra foi, fácil, uma das maiores serendipidades da história. Além dele, outra serendipidade incontestável foi a penicilina. Ela foi descoberta por acaso, pelo cientista escocês Alexander Fleming, em 1928. A penicilina foi provavelmente a segunda maior contribuição da Escócia para o mundo. Depois do whisky, óbvio. É que antes da penicilina, se você cortasse a perna e ela, porventura, infeccionasse, havia uma chance razoável de ter que amputá-la. E se você desse esse azar antes de 1846, sua perna teria que ser lentamente e cuidadosamente arrancada sem o uso de qualquer anestesia, enquanto você urrava de dor. Porque, bom, porque não existia anestesia, também.   E tudo bem que tomar antibiótico é chato, porque você fica com dor de estomago, e não pode beber. Mas sei lá, eu acho que eu prefiro passar uns dias sem beber nada do que perder um membro do corpo. E, se você pensar, foi mais ou menos essa a escolha que a penicilina te trouxe. A penicilina, assim, foi uma revolução para a humanidade. Para mim, uma […]

World (Whisky) Martini Day

Dia 19 de junho foi o World Martini Day. E ainda que Martini não seja whisky, é um coquetel bem respeitável. Prova disso são seus admiradores. Apenas para citar alguns, temos James Bond, Winston Churchill, Homer Simpson, Frank Sinatra e o comediante americano George Burns. Este último tem uma frase excelente, que, em uma tradução livre, seria algo como “eu nunca pratico corrida. Me faz derrubar meu Martini”. O dia, além de ser um tributo a um dos coquetéis mais famosos da história – e muito possivelmente o mais famoso do mundo do cinema – é uma oportunidade para que bares e bartenders, sejam eles profissionais ou amadores, apresentem suas criações e releituras do tão famoso drink. Talita Simões, consultora e bartender do restaurante Side, em São Paulo, por exemplo, criou um Unusual Martini, com vodka, vermutes e até bitters de chocolate. E como um bom fã de James Bond, Winston Churchill e, principalmente, Homer, este Cão não poderia deixar de fazer sua contribuição. Então, meus caros, sentem-se e peguem seus caderninhos, porque aí vai a primeira lição de mixologia à la Chien embouteillé. Usando whisky, óbvio: SMOKED MARTINI INGREDIENTES: 3 doses de Vodka (este Cão usou Belvedere) ½ dose de […]