Jameson Caskmates IPA Edition – Simbiose

Eu não vejo muita televisão. Normalmente, quando me sento à frente do aparelho, é para ver um filme ou – mais raramente – série em algum serviço de streaming. Não tenho nem o costume e nem a disciplina necessária para acompanhar qualquer programa transmitido em horário fixo. Tanto que tenho uma contraditória relação de desprezo e admiração por quem consegue, religiosamente, acompanhar uma novela, por mais prosaica que seja. Mas na semana passada, sei lá por que, resolvi ligar a TV. E logo fui absorvido por um documentário no Discovery Channel que mostrava a relação entre os crocodilos e uma destemida ave chamada tarambola. Que você conhece, apesar de não saber que conhece. É aquele passarinho que fica palitando os dentes do réptil, que, por sua vez, se abstém de transformá-lo em tira-gosto em troca da satisfação de limpeza bucal. E olha, acho que é um tradeoff bem bom, porque, pra um jacaré, satisfação bucal deve ser algo bem importante. A relação dos dois é conhecida como uma espécie de simbiose. Uma cooperação animal, onde espécies diferentes se relacionam para o benefício de ambas. Há outros infinitos exemplos, como a anêmona e o peixe-palhaço, e a moreia e aquele peixinho […]

Especial Dia do Bartender – Boardwalk Empire

Hoje é dia do bartender. Uma das figuras mais importantes de toda a indústria da bebida. Bartender é muito mais do que a pessoa que prepara seu gim-tônica ou negroni. O bartender é a mão visível da inovação etílica. Os porta-vozes das tendências nos bares e – por que não – em casa. Atrás do balcão, o bartender é um ser iluminado e multidisciplinar. Ele consegue sorrir educadamente para sua grosseria enquanto prepara algum coquetel com o esmero de um apotecário. Para ele, “me vê um gim-tônica” é uma resposta mais comum do que “tudo, e você” para a pergunta “Boa noite, como vai“. É capaz de demonstrar interesse, independente da quantidade de álcool que você ingeriu, e das proporções gargantuais da abobrinha que você disser. Por dentro, o bartender é quase um dry-shake. É aquele que tem vontade de quebrar o mixing glass na sua cabeça quando você pede para ele te surpreender (bem, ninguém especificou que seria uma surpresa agradável). E que se imagina cortando sua jugular com um golpe certeiro da pá de gelo, toda vez que você pede seu coquetel menos gelado. Que assiste, em seu teatro mental, sua vida vagarosamente se esvaindo de seus olhos, quando você […]

Estrelas da Música que amam whisky

Pensem em um advogado. Se você não for um, provavelmente recorrerá a um ficcional. Como, sei lá, o John Milton (Al Pacino), Martin Vail (Richard Gere), Harvey Specter e aquela doida do Jessica Jones que só quer ver o mundo pegar fogo. Todos tem o mesmo estereótipo. Egoístas, obstinados, oportunistas. Geralmente alcoólatras ou meio drogados. Não existem muitas variações para o advogado ficcional. Vêm tudo num pacote. É, eu sei que há uns tantos outros que são o oposto, como o Atticus Finch e o Fred Gailey, mas ninguém pensa neles. Na cultura popular, nós – é, eu sou advogado – somos os operadores do apocalipse. Tipo os leprechauns irlandeses, mas ao invés de gorrinho e camisa verde, a gente usa terno e gravata. E ao invés de esconder a faca do bolo ou quebrar aquele copo, somos responsáveis por arruinar vidas. Outra profissão com um estereótipo bem forte é a de músico. Músico normalmente é um advogado, mas menos egoísta e com mais talento musical. Em comum, temos o estereotipado hábito de enxugar qualquer garrafa que contenha álcool. Porém, ao contrário do que acontece com advogados (ressalvado o Harvey Specter aqui), as pessoas realmente querem saber o que seus […]

Drink do Cão – Blackthorne

Às vezes as coisas precisam apenas ser resgatadas para alcançarem o sucesso. Foi o que pensei, após assistir o filme The Disaster Artist, dirigido pelo ator James Franco. The Disaster Artist conta a história de outro filme, por muitos considerado o pior do mundo. The Room, escrito e dirigido por um curioso indivíduo chamado Tommy Wiseau. O filme de Franco – que é bem legal – me deixou genuinamente curioso para assistir àquele de Wiseau. E eu não fui o único. A internet está povoada de relatos de pessoas que viram este depois daquele. E olha, eu não poderia afirmar que The Room é o pior filme do mundo, porque eu não vi todos os filmes do mundo. Mas vou te garantir que ele é bem ruim. A pior parte é o roteiro. O roteiro não faz o menor sentido. Sabe, a próxima informação que vou passar vai parecer meio aleatória. Mas enfim. Aqui em casa a gente tem um gato, e às vezes eu noto que ele me olha meio angustiado quando estou fazendo algo que ele não entende a razão, como tomando banho ou escovando os dentes. Acho que se o gato em algum momento ficasse mais inteligente e […]

Jameson Bartender’s Ball 2018

Nunca imaginei que ficaria ansioso por uma segunda-feira. Afinal, segundas costumam ser dias meio chatos. Acordar cedo, academia, trabalho, rotina. Mas aconteceu. É que este Cão foi convidado para acompanhar a final brasileira do já conhecido concurso de coquetelaria Jameson Bartender’s Ball, que aconteceu justamente nesta-segunda feira, dia 14, no Z Carniceria em São Paulo. Como você provavelmente sabe, Bartender’s Ball é uma competição internacional de bartenders, em que cada um deve criar um coquetel próprio, utilizando Jameson. De acordo com Flávia Molina, diretora de Marketing da Pernod-Ricard Brasil (proprietários da destilaria Midleton, que produz Jameson) “O Bartender’s Ball vem sendo um sucesso ano após ano, justamente pelo fato de que o whiskey Jameson é reconhecido pelos profissionais por sua suavidade. E nada melhor do que ser suave para incrementar e incentivar novas receitas criativas e deliciosas, típicas da coquetelaria.” No ano passado, o vencedor foi Renan Tarantino com seu Sabiá. Neste ano, além da tradicional competição, foram servidos aos espectadores três coquetéis. Um deles, uma espécie de Whiskey Mule, criação de Lula Mascella, do bar Picco. Os outros dois, elaborados por Rafael Mariachi, mixologista da Pernod Ricard. Destaque para uma incrível releitura do Old Fashioned, preparado com Jameson e batizado de […]

Drink Drops – Boilermaker

Quando comecei a beber, meu pai me deu um conselho de ouro sobre como não ficar bêbado. Alternar um gole da bebida com um gole de água. É uma estratégia simples, mas que realmente dá resultado. O álcool desidrata o corpo, e a água é a melhor aliada na briga para reidratá-lo. Com essa dica, poderia passar horas bebendo moderadamente sem sofrer as sórdidas consequências da ressaca. Uma vez, lendo uma crônica do Luiz Fernando Verísismo – de verdade, não o Luiz Fernando Veríssimo que as pessoas compartilham no Whatsapp – vi que ele tinha a mesma estratégia que eu. E o mesmo desafio. “Tomar um copo de água entre cada copo de bebida – O difícil era manter a regularidade. A certa altura, você começava a misturar a água com a bebida, e em proporções cada vez menores. Depois, passava a pedir um copo de outra bebida entre cada copo de bebida“. Nesse estágio, não sei qual era a pedida do Veríssimo.  Mas minha sempre foi whisky e cerveja. Às vezes ao mesmo tempo. Naquela época eu nem sabia, mas esse hábito – de beber um copo de whisky junto com um de cerveja – é bem comum. E […]

Jameson Tea & Lime – Drink do Cão

Hoje, meu caros leitores, falarei de um assunto bastante improvável. Falarei de botânica. Mais especificamente de uma fruta. O Prunus persica. Talvez você não o conheça pelo nome científico, mas certamente já experimentou. Ele é rosado, arredondado e possui uma textura curiosamente aveludada e agradável. É bastante consumido em sua forma natural e muito saboroso. Falo do pêssego. Uma rápida pesquisa na internet revela que o fruto também é muito benéfico. O pêssego é rico em fósforo, potássio e vitamina A, importantes nutrientes para os ossos e a visão. Além disso, eles contém muitos fenóis e carotenoides, que – conforme minha pesquisa de duvidável autenticidade – combatem tumores e são extremamente benéficos para a pele. E como se tudo isso não fosse suficiente, a pele do pêssego é rica em fibras, excelente para regular o intestino. Reúna o pêssego com o limão e você terá uma panaceia em forma de fruta. O limão auxilia na digestão – produzindo um interessante combo com o pêssego – e é riquíssimo em vitamina C, essencial para o sistema imunológico. Você poderia, claro, consumir as duas frutas em sua forma pura, sentindo-se saudável e recompensado. Porém, este Cão possui uma solução melhor. Uma solução que envolve […]

Jameson Bartender’s Ball 2017

“segunda feira não é ruim, você que está no lugar errado“. Lembrei-me deste cliché ao chegar ao Estúdio da Tattoo You, em São Paulo, ontem. Mas não para fazer uma tatuagem – ainda que às vezes flerte com a ideia – mas para um dos eventos mais legais do ano. A final do Jameson Bartender’s Ball 2017. Bartender’s Ball é uma competição internacional de bartenders, em que cada um deve criar um coquetel próprio, utilizando Jameson. No ano passado, o vencedor foi Matheus Cunha, do atual Juniper 44º. Seu coquetel – o Sem Medo –  levava Jameson, cerveja preta, vermute e abacaxi. Neste ano, além do concurso, o evento ainda foi complementado por uma interessantíssima palestra preliminar do embaixador da Jameson no Brasil, Lucca Campolina, sobre a história e produção do whisky irlandês mais famoso do mundo. A competição contou com vinte e quatro bartenders brasileiros. No final de abril, foram escolhidos seis, que participaram da final brasileira (ou semifinal mundial) naquele 15 de maio, no estúdio da Tattoo You: Edgard da Silva Jr. (LOL Sport e Bar), Stephanie Marinkovic (Espaço 13), Renan Tarantino (Nakka), Felipe Leite (Jiquitaia), Dio Lucena (Peppino), Vanderlei Nunes (Brexó) e Guilherme Araújo (Vidottinho). Os bartenders deveriam improvisar drinks para três […]

Especial de St. Patrick’s – Cinco Ótimos Irish Whiskeys

Antes de estudar sobre whiskies, a Irlanda para mim era um país quase caricato. Meu conhecimento se limitava a duendes, trevos de quatro folhas, Bono, chapéus pontudos, cerveja – desagradavelmente – verde e o Colin Farrell. Ah, e claro, uma dezena de escritores geniais. Acontece que a Irlanda não é apenas talentosa na parte literária. Na verdade, para um apaixonado por whiskies, ela é um dos mais importantes players no mercado. A ilha possui tradição na produção da bebida, inclusive, com técnicas e identidade próprias. A Irlanda é tão importante que até mesmo compete com a Escócia pelo título de quem inventou a chamada “água da vida”. Deixando as especificidades muito técnicas de lado, a maior diferença entre whiskies irlandeses e escoceses é o processo de destilação. Tradicionalmente, o whiskey irlandês é triplamente destilado, enquanto o whisky escocês é apenas duas vezes. Isso torna os irlandeses notavelmente mais leves e menos oleosos. Há, no entanto, exceções à tradição nos dois países. Mas vamos parar com o whisky-geeking e voltar ao assunto. Do Brasil, é difícil enxergarmos a diversidade de whiskey – sim, com o “e” mesmo – que a Irlanda produz. O único irlandês que desembarca em nossas terras é […]

(mais que um) Drops – Jameson Caskmates

Goiabada e queijo, hot dog e mostarda, limão e cachaça. Batata palha e estrogonofe, vermute e campari, linguiça e feijão. TPM e chocolate, Microsoft Windows e Ctrl + Alt + Del. Chuva e Netflix, hambúrguer e batata frita e bacon com absolutamente tudo. Há coisas que foram criadas para combinarem, involuntariamente, com outras. Coisas cujo resultado é maior do que a soma das partes. O melhor exemplo no mundo do whisky é o Jameson Caskmates e a cerveja Franciscan Well. O desenvolvimento do Jameson Caskmates foi muito semelhante àquele do Glenfiddich IPA Experiment. Ele teria surgido de uma conversa entre dois amigos de longa data, Shane Long, mestre cervejeiro da Franciscan Well Brewery, e Dave Quinn, o mestre de ciência de whisky da Jameson. Shane queria produzir uma cerveja escura que fosse maturada em barricas de whiskey. Assim, teria pedido a seu amigo, Dave, que lhe emprestasse alguns barris para a experiência. Quinn concordou e cedeu a Shane algumas barricas de carvalho americano de primeiro uso, que teriam sido usadas para maturar Jameson. O mestre cervejeiro, então, após produzir sua cerveja e maturá-la nas barricas cedidas, as devolveu para a Jameson. Ao recebê-las, Quinn não sabia bem o que fazer. Porque apesar de serem […]