Seis Whiskies Para se Tomar com Gelo (e sem culpa)
Ontem, quando cheguei do escritório, a Cã perguntou se – ao invés de jantarmos fora – eu não queria pedir comida. Eu disse que sim, claro, afinal, estava cansado. E indaguei a ela o que queria. Pizza? Não, pizza não quero, estou gorda. Japonês? Não, quero algo quente. Uma massa? Não. Árabe então? Não, árabe não também. Hambúrger foi a derradeira opção, igualmente recusada. Mas afinal, amada Cã, o que você quer pedir? Ah, não sei, o que você quiser está bom para mim. Na verdade, eu queria qualquer coisa. Só não queria pensar muito. Tenho dias assim. Esse era um deles. No trabalho, me disseram para ouvir Penderecki enquanto traduzia um contrato de M&A, porque música clássica auxiliava na concentração. Mas o máximo que queria ouvir era Rolling Stones. Durante o almoço, recomendaram que pedisse o polvo. Mas eu queria mesmo era um belo mexidão. Me disseram para ver um filme do Godard. Mas meu desejo mesmo era ver um J. J. Abrams. Por fim, falaram que eu deveria ler Dostoievski. Aí concordei, afinal, a vida é muito curta para desperdiçá-la com literatura ruim. Mas hoje não, hoje eu não leria nada. Aliás, cinema, literatura e whisky tem muita […]