Havana Club Unión Cohiba Atmosphere – Crocs de Frango

Comfort food e comfort fashion. Um mundo em que a alta gastronomia e a moda são conjuntamente estraçalhadas, como um comedor voraz faria com pequenos pedaços de frango frito em um balde. Extravagância, colesterol, design e desgosto. Tudo junto, materializado, nos pés dos consumidores. Este foi o resultado de uma das colaborações mais inusitadas do mundo: KFC e Crocs. Sim, você leu certo. A marca de calçados conhecida por seus designs confortáveis e, digamos, peculiares, se uniu à gigante do fast food para criar uma coleção de tamanha ousadia que desafia a lógica e a sanidade. Isso em meados de 2020, quando o mudo já passava um dos maiores perrengues das últimas décadas. O resultado foram sandálias com estampas de frango frito, tamancos com aroma de batata frita e jibitz em forma de baldes de frango. Uma demonstração de que a mente criativa por trás dessa união profana não tinha limites. A combinação, entretanto, até faz sentido – apesar da tenebrosa execução. São marcas enraizadas no conforto. Afinal, comer frango frito de crocs só poderia ser mais confortável se feito nu. Além disso, a colaboração transpira liberdade individual. Essa é, aliás, a grande ideia de collabs entre marcas. Trazer valores […]

Quatro presentes de whisky para o seu pai

Ser pai é uma experiência de surpresa e autoconhecimento. De surpresa porque de todos os infinitos cenários que imaginei para mim aos trinta e tantos, nenhum deles contemplava estar acordado às seis e meia da manhã assistindo Bita e os Animais enquanto uma criança lambe a metade gostosa de uma bolacha recheada. E de autoconhecimento porque a criança reminisce bastante a mim. Nem tanto fisicamente – neste ponto, por sorte, os genes de minha esposa foram absolutamente impiedosos. Mas quanto à personalidade mesmo. Tenho dois filhos, e me vejo neles o tempo todo. Aliás, eu nunca havia me dado conta de quão irritante e obstinado eu era, até gerar uma mini-versão feminina de mim, e discutir com ela todos os dias. A paternidade é uma espécie de trabalho sem jornada máxima e cuja remuneração é a realização de seu chefe. O que parece ser injusto, mas é estranhamente recompensador. Ser pai é essencialmente abnegação, mas é delicioso. Ah, e tem o dia dos pais. Não importa se você acha que o dia dos pais é uma construção social, do capitalismo, para incentivar o consumismo desnecessário. Nós, pais, merecemos. E se você concorda comigo, mas não consegue decidir o que dar […]

Suntory Haku Vodka – sobre sopas, iguarias e o vazio

Há um par de anos, fui com meu pai em um restaurante chinês sofisticado e pedi um prato improvável. Sopa de barbatana de tubarão. Fomos lá só pra isso, na mais inocente curiosidade. É que sopa de barbatana de tubarão é um prato típico chinês, geralmente servido somente em ocasiões muito especiais. Casamentos, por exemplo. Ele sugriu na dinastia Song, e é visto até hoje por boa parte da população da China como um símbolo de prestígio. Pudera. O quilo de barbatana pode custar bem mais de quatrocentos reais. Mas o mais curioso, porém, não é o preço estelar da iguaria. Mas algo que, antes da experiência, não sabíamos: barbatana de tubarão não tem gosto nenhum. A textura é curiosa, meio gelatinosa e escorregadia. Mas o sabor é totalmente neutro. São os outros ingredientes do prato – caldo de frango, frutos do mar e temperos – que trazem sabor a ele. E veja bem. Não é que estávamos sem paladar ou algo assim. Porque há jurisprudência sobre isso. O chef internacional Gordon Ramsay uma vez fez uma citação sobre a tal barbatana “É realmente bizarro. Porque não tem gosto nenhum. É como se fosse macarrão de vidro. A sopa é […]

Suntory Roku Gin – Filosofia oriental

A estética e a cultura japonesa estão intimamente refletidas em sua linguagem. Os japoneses possuem palavras simples que definem conceitos incrivelmente complexos. Por exemplo, wabi-sabi, que define a apreciação das imperfeições de tudo que é natural. Ou omotenashi – que poderia ser traduzido como hospitalidade. É a virtude de antecipar as necessidades dos outros e atendê-las. A tradição de certos restaurantes japoneses de entregar uma toalhinha quente e úmida para o comensal antes da refeição é baseada nesse princípio. Há umas palavras bem específicas, também. Como tsundoku, que define a tendência de certa pessoa comprar e colecionar mais livros do que consegue ler. É quando a sede de conhecimento supera o tempo disponível. Feliz, ou infelizmente, não há nenhuma palavra que se aplique ao irresistível impulso de comprar dezenas de garrafas de whisky sem nem ter fígado ou tempo para bebê-las. E há também Shun – a filosofia de se apreciar certo prato ou bebida em sua estação do ano certa, e somente quando estiver na epítome de seu sabor. E foi com base neste conceito e em omotenashi, a hospitalidade, que a House of Suntory criou o gim Roku, que acaba de chegar ao nosso país. O Roku é […]

Jack Daniel’s Tennessee Fire

Na década de oitenta, o bom-senso era algo bastante relativo. Especialmente se você fosse criança. Se você discorda, acompanhe-me em um flashback. Afinal, a internet se regojiza com flashbacks. Nos anos oitenta, um palhaço quimicamente alterado concorria com uma moça com figurino questionável como principal atração televisiva infantil. Nos anos oitenta, podia passar produto tóxico no machucado, andar no banco de trás sem cadeirinha e comer chocolate em forma de cigarro. Aliás, falando em chocolate em forma de cigarro, os doces eram divididos em dois tipos. Os de essência ambígua – como os tais cigarrinhos, pirulito chupetinha e pirocóptero – e os que causavam sufocamento. Como Bolin Bola e aquela bala que parecia uma hemácia. Porém, dentre todas, minha preferida (integrante do segundo grupo) sempre foi a bala de canela. Aquela redondinha e durinha, bem do tamanho do meu esôfago. E ainda que eu não seja tão nostálgico de minha impúbere época, seus sabores ficaram gravados com muita clareza em minha memória. Tanto que, recentemente, me senti transportado novamente para a infância ao provar uma bebida cujo sabor reminisce bastante aquele da balinha. Aliás, não só relembra, como é praticamente a versão líquida dela. O Jack Daniel’s Tennessee Fire. Um […]

Bacardi Reserva Limitada – Um rum com alma de whisky.

Certa feita, comentei um pouco sobre o simpático canídeo fotografado na página inicial deste infame blog. O Maverick, meu querido cão de estimação. Na oportunidade, contei que o Maverick nasceu cachorro, mas com alma de gato. O que pouca gente sabe, entretanto, é que possuo outro animal, com o problema diametralmente oposto. Um gato que acha que é cão. Seu nome é Byron – em homenagem ao fidalgo escritor maldito. E, assim como ele, o Byron tem umas obsessões esquisitas. Mas, no caso do felino, a fixação não é sexual. Mas é por fones de ouvido. Só de ver um fone de ouvido, o Byron já fica louco para destroçá-lo em milhares de pedaços – uma atividade que desperta em mim doses iguais de desespero e ódio. Mas isso não importa. O que importa, é que ele acha que é um cachorro. Ele nos recepciona na porta, quer ficar sempre junto, ama lamber nossas mãos e adora, de idolatria, a ração canina que o Maverick despreza. O Byron, por fora, é um gato. Mas, por dentro, há aquele coração inconsequente brincalhão de todo canídeo. Ele é o gato perfeito para qualquer um que ama cachorros. Se fosse um rum, o […]

Bacardi Legacy – Final Nacional

O almoço de segunda-feira é, talvez, a refeição mais detestável da semana. Há a vã tentativa de compensar os excessos do fim de semana com alguma saladinha safada e um suco natural, aliada ao prognóstico de uma longa semana de trabalho. Enfim, uma atividade que não incita muita emoção, nem no campo gastronômico, nem no psicológico. Devo dizer que nunca me empolguei com a previsão de um almoço de segunda-feira. Isto é, até ontem. Porque, à convite da Bacardi, este Cão Engarrafado participou de um almoço bem especial. E bem pouco ortodoxo para o primeiro dia útil da semana: um churrasco na famosa Corrientes 348, em São Paulo, com Jose Sanchez Gavito, Maestro de Ron dos runs da Bacardi. O almoço, acompanhado de uma degustação do incrível novo portfólio da marca no Brasil, marcou o dia da final da etapa nacional do Bacardi Legacy. Um campeonato de coquetelaria internacional, que desafia os bartenders de todo o mundo a criarem o coquetel que tenha o maior potencial de se estabelecer como um clássico e deixando seu legado na coquetelaria, ao lado de drinks como o Daiquiri, Mojito, Cuba Libre e inúmeros outros clássico originalmente criado com rum Bacardi. Na oportunidade – […]

Loki Dry Gin e Hiddleston Gimlet – Cocktail Drops

Pai, porque é que pé de mesa é pé que nem o pé da gente? perguntou a Cãzinha. É que são homônimos perfeitos, respondi. E tem uns bem complicados, como fio de manga, que pode ser da sua blusa, ou aquele que fica no seu dente, da fruta – disse, referenciando mentalmente Caramuru. Senti que tinha ido um pouco longe demais. Mas ela deu uma risada e retrucou. É, quando você fala pé, eu acho que é o meu pé. Mesa nem tem pé que nem a gente.  Fiquei orgulhoso e tomei coragem pra responder. Tipo coração também, que pode ser o seu – e apontei para o tórax dela – ou o resultado mais nobre do processo de destilação. Sempre que me falam coração, eu penso na destilação”. O que seguiu foi um silêncio condenatório. É, talvez eu seja monomaníaco. Todo mundo pensa no centro do sistema circulatório. Outra palavra – ou melhor, nome – assim é Loki. Loki tem infinitos significados, da gíria à erudição. E é justamente por essa razão que a destilaria Destilab resolveu batizar seu gim premium, que acaba de ser lançado, com este nome. De acordo com Marcos Pipo, sócio da marca, a ideia era que […]

Franck’s Ultra Coffee – Café maturado em barricas de whiskey

Se você, assim como este Cão, é um apaixonado por whiskies, mas precisa de muito café para começar seu dia, aqui vai uma excelente notícia. Agora você não precisa esquecer o whiskey nem na aurora de seu dia. Não, este não é um convite para o alcoolismo. E nem um pretexto para você beber um Irish Coffee pela manhã. É que a Franck’s Ultra Coffee, uma marca de cafés brasileira, possui uma linha chamada Barrel Aged, que tem tudo a ver com a melhor bebida do mundo. Como o nome sugere, os cafés da linha Barrel Aged são maturados em barris de whiskey americano antes da torra. Segundo a Franck’s, no estado verde, o café captura boa parte da vanilina e lactonas do carvalho americano. Isso traz ao café notas de baunilha e coco queimado, característicos destas barricas. Além da maturação barricas de whiskey, há também cafés sazonais, que passam por barricas de rum, tequila, cachaça Porto Morretes. Há planos de também maturar café em barris de gim da destilaria brasileira HOF. A Franck’s Ultra Coffee é bem conhecida de muitos cervejeiros. Seus cafés já foram extensamente usados em cervejas brasileiras, como a Dogma EAP, que leva cafés maturados em […]

Mafiosa Irrefutabile – Beer Drops

“Francamente, minha cara, eu não me importo”, ou, no original “Frankly, my dear, I don’t give a damn” não é simplesmente uma demonstração de indiferença. A frase é dita por Clark Gable no celebrado E O Vento Levou (“Gone With the Wind”) para seu par amoroso, a personagem Scarlett O’Hara, vivida por Vivien Leigh. A citação, inclusive, foi eleita pelo American Film Institute (AFI) como a mais memorável de todo cinema norte-americano. Na mesma lista, ocupando a segunda posição, está uma de O Poderoso Chefão. “I will make him an offer he can’t refuse“. Em português, “Eu vou fazer uma proposta que ele não poderá recusar” Ela é proferida por Don Vito Corleone – estrelado por Marlon Brando, caso você não saiba – durante uma visita de seu afilhado, o famoso cantor Johnnie Fontane. O artista pede a Vito que o ajude a conseguir um papel em um filme, ao que o padrinho lhe responde a célebre frase. E, bem, o que acontece em seguida está longe de ser uma proposta cordial do temido padrinho. E foi com base nessa frase que a cervejaria Mafiosa – tão afiada no storytelling quanto na produção de cervejas – lançou seu novo rótulo. […]