Glenfiddich Grand Cru 23 – Ano Novo

Ah, chegou o ano novo. E com ele, aquelas tradicionais simpatias. Pular sete ondinhas, comer lentilha, assoprar canela, comer romã e guardar as sementinhas junto com a folha de louro na carteira. Colocar dinheiro no sapato e usar branco. Por mais inofensivo que possa parecer, devo, porém, declarar que não vou fazer nada disso. Do jeito que sou azarado, provavelmente espirraria com a canela, tropeçaria e cairia no mar. Arrotaria lentilha de susto, sujaria a roupa e o sapato. O dinheiro na sola ficaria ensopado, assim como minha carteira. Que depois de um tempo começaria a mofar, devido à folha de louro e sementes de romã úmidas, guardadas lá dentro. E meu ano seria péssimo. Por isso, decidi que não vou fazer simpatia nenhuma. Aliás, para não correr riscos, resolvi passar o ano novo bem longe do mar. Num hotel da cidade, vendo algum filme. E sem champagne também, porque a chance de eu acertar meu olho com a rolha é razoável. Ao invés disso, escolhi um single malt maturado em barricas que antes contiveram champagne. Ou quase isso. O Glenfiddich Grand Cru 23 anos. O Glenfiddich Grand Cru 23 chegou ao Brasil sem grandes explosões de rolhas, no final […]

A história da Glenfiddich – Família

Ter filhos é uma delícia, mas dá trabalho. Ao menos na idade dos cãezinhos, com seus oito e seis anos. Me disseram, entretanto, que depois piora. Dizem que os problemas vão crescendo junto com a pessoa. O que me parece apenas parcialmente coerente, porque, parei de crescer lá pelos quinze, mas meus problemas seguiram espichando, como se tomassem quantidades imprudentes de GH, até meus atuais trinta e oito. Mas, enfim. Tento ensiná-los, na medida do possível, sobre responsabilidade. Atribuo tarefas simples – limpar o quarto, arrumar um canto bagunçado da sala. Até às vezes me dou ao luxo de pedir alguma coisa por capricho. Ei, filhota, traz uma água com gás pro papai. Incumbências simples, cujo foco é mais didático do que, efetivamente, prático. Em outras palavras, sendo mais direto, não vou chegar pro meu filho de seis anos e falar “bicho, constrói aí uma casa no lote da vovó e depois mete dois alambiques lá“. Mas, foi justamente isso que William Grant fez, com seus nove filhos. William era gerente da Mortlach, outra famosa destilaria de Speyside, em meados de mil e oitocentos. Em 1886, decidiu abandonar sua posição, e começar sua própria destilaria. Economizou bastante dinheiro, e teve […]

Glenfiddich Fire & Cane – Drops

A primeira dose de 2019 para o Cão Engarrafado. Queria algo que fugisse do óbvio, mas que, ao mesmo tempo, trouxesse alguma familiaridade. Algo que se relacionasse com o espírito do ano novo. Aquela sensação de renovação, mas alicerçada nas mesmas convicções e atitudes. Enfim, algo que soasse novo, experimental, mas que na verdade fosse apenas uma visão, por outro ângulo, de algo conhecido. Não demorou muito para me decidir. Escolhi o Glenfiddich Fire & Cane. O Glenfiddich Fire & Cane é a quarta expressão da Glenfiddich Experimental Series – da qual fazem parte também o Project XX, Winter Storm e IPA Cask, já revisto nestas páginas caninas. Como sua intuição semântica já deve ter indicado, a série se dedica a whiskies com alguma característica considerada, pela Glenfiddich, como experimental. Uma finalização incomum – como no caso do IPA – ou um processo de blending inusual, como o Project XX. No caso do Glenfiddich Fire & Cane, o alegado experimento fica por conta de duas características. A primeira delas é o uso de barricas de rum para finalização – provavelmente Wood’s ou Sailor Jerry, que fazem parte do portfólio da William Grant & Sons. A destilaria não divulga o tempo […]

Autoindulgência – Glenfiddich 26 anos Excellence

Dia desses estava no carro, dirigindo da forma que sempre faço. Como se tivesse roubado o automóvel do tinhoso, e este me perseguisse montado em um míssil tomahawk. Estava na pista expressa de uma marginal sem muito transito, e precisava entrar na local, que estava parada – mas que possuía uma pista de conversão absolutamente livre. Esta pista era pequena, e terminava em um muro. O que fiz teria sido genial, não fosse totalmente ridículo. Continuei na expressa até o último momento, dando pequenos toquinhos no breque, simulando estar perdido e indeciso. Aí, no último momento, reduzi bastante a velocidade e entrei, agradecendo efusivamente ao carro de trás, que havia me salvado de minha simulada imperícia. Furei fila e ninguém ficou bravo. Naquela hora, não me preocupei muito. Eu estava atrasado para minha reunião, e precisava chegar a tempo. Em outra oportunidade, estava em uma faixa de conversão numa grande avenida. Minha fila estava parada, mas aquela contígua à minha andava bem. Tão bem que outro carro resolveu abraçar a oportunidade. Ele seguiu por aquela faixa até o momento de virar à direita, e, rapidamente e sem muito sinal, entrou na minha frente. Eu fiquei furioso. Meu caro motorista, você […]

(mais que um) Drops – Glenfiddich IPA Experiment

Gosto muito de whisky, isso não é segredo para ninguém. Aliás, imagino que este seja um prerrequisito tácito para se ter um blog sobre o assunto. Do contrário, as provas e textos seriam, para não dizer nada pior, enfadonhos. Algo na linha de olha, se você gosta de whisky, é possível que vá suportar beber isto daqui, mas como eu não gosto, então, bom, achei horrível. Nao. Beba. Whisky. Nunca. No entanto, além do melhor destilado do mundo, também tenho outros interesses etílicos. Me interesso bastante por coquetelaria – como podem ter notado ao acompanhar o blog – arranho no gim, e adoro uma boa cerveja. Gostaria de saber mais sobre outras bebidas, e, principalmente, experimentar tudo. Mas por uma questão de tempo e fígado, me vejo obrigado a escolher frentes de combate. E dessas frentes, talvez minha segunda ou terceira seja, justamente, a cerveja. Sou apaixonado pelas amargas India Pale Ale, e tenho uma preferência quase natural pelas Imperial Stouts, bem torradas. Se passar por barril ainda melhor. Se você é como eu, provavelmente ficará ansioso com essa notícia. É que a Glenfiddich, uma das mais famosas destilarias de single malt da Escócia lançou, justamente, um whisky que é finalizado em barricas […]

Fascinação – Glenfiddich 12 Anos

  Sabe, crescer é engraçado. Digo isso em parte por experiência própria mas, principalmente, por observar a querida Cãzinha. Para ela, até o mais trivial é fascinante. Já muitas vezes a surpreendi mesmerizada com coisas tão simples como o brilho de uma colher, um risco em um papel ou mesmo seu próprio cabelo. A abordagem dela é de fazer inveja a qualquer pesquisador. Há certa curiosidade inconsequente, que – em muitos casos – lhe permite fazer coisas que me deixam absolutamente maluco. Como, por exemplo, cutucar as patas de uma barata morta, avaliar a consistência do cocô do cachorro e enfiar brinquedos de plástico na torradeira. Talvez o que direi em seguida possa ter uma faceta pessimista. Mas não é isso. Na verdade – como diz todo pessimista – é uma simples constatação cristalina. À medida que vamos crescendo, cada vez menos nos fascinamos. Crescer, dentre muitas outras coisas, é trocar involuntariamente fascínio por experiência. E isso não é necessariamente ruim. Mas é também a razão pela qual muitas vezes escolho me acomodar no sofá com um copo na mão a conhecer um lugar novo com a Cã. Há, no entanto, uma parte interessante sobre a experiência. Que é a […]

Drops – Glenfiddich Reserve Cask

Você gosta do Glenfiddich 15 anos? Então talvez seja a hora de pegar um avião para ter a oportunidade de experimentar o Glenfiddich Reserve Cask, a expressão intermediária da Glenfiddich Cask Collection, exclusiva para lojas de freeshop de terminais de aeroportos internacionais. As duas outras expressões são o Select Cask (maturado em barricas de carvalho europeu e americano, de ex vinho jerez, vinho tinto e bourbon) e o Vintage Cask, levemente defumado. O Glenfiddich Reserve Cask é inicialmente maturado em barricas de carvalho europeu que antes continham vinho jerez. O conteúdo dessas barricas é então reunido em um enorme tanque de carvalho, conhecido como Solera Vat – processo que ocorre de forma semelhante com o Glenfiddich 15 anos. De acordo com a própria Glenfiddich “desenvolvido por nosso quinto Malt Master, David Stewart, o processo de solera foi inspirado pelos produtores de jerez espanhóis. Barris individuais são escolhidos a dedo por seu sabor, antes de serem reunidos na Solera Vat, especialmente construída, produzindo um single malt incrivelmente complexo e rico. A Solera Vat é sempre mantida cheia, ao menos, até a metade, durante todo o processo, o que assegura um sabor consistente e balanceado“. A Glenfiddich Cask Collection foi desenvolvida pelo […]

Drops – Glenfiddich 125 Anniversary Edition

Quer saber como era o sabor dos whiskies há mais de 125 anos, na época em que grande parte das destilarias da Escócia foram fundadas? Então conheça o Glenfiddich 125 Anniversary Edition. Lançado como uma edição limitada para comemorar os cento e vinte e cinco anos de fundação da destilaria, o Glenfiddich 125 foi elaborado por Brian Kinsman – seu malt master – utilzando os mesmos métodos utilizados no século de sua inauguração. Como já explicado por aqui, no século dezoito, era muito comum que a cevada maltada fosse secada em uma fogueira de turfa (peat). Isso dava ao whisky um aroma turfado, de bacon, bastante característico. Este processo é até hoje reproduzido por muitas destilarias, principalmente aquelas localizadas em Islay, mesmo que poucas delas ainda produzam seu próprio malte. O Glenfiddich 125 é, na verdade, uma combinação de barricas de dievrsas idades, de Glenfiddichs defumados e não defumados, proporcionando complexidade e profundidade. A garrafa vem em um estojo de metal, com uma rolha especial de cobre e um certificado de autenticidade. Há também um pequeno livreto, que você pode usar para se distrair enquanto toma uma dose desta maravilha. O Glenfiddich 125 Anniversary Edition podia ser encontrado, até ano […]

Tabula Rasa – Glenfiddich 18 anos

  Algumas pessoas têm manias estranhas. Quando era criança, tinha um coleguinha que gostava de morder gente. Ele tentava morder todo mundo, sem qualquer distinção de idade ou sexo. E de forma completamente gratuita. Como eu sabia de seu hábito, mantinha uma distância segura. Muito tempo depois, descobri que essa é uma compulsão mais ou menos comum, e que pode continuar durante a vida adulta. Chama-se Dacnomania. Nunca pude perguntar a ele como esse curioso hábito começara. Na verdade, nunca me permiti esta oportunidade – ter um bife arrancado do meu braço não estava nos meus planos. Talvez minha curiosidade mórbida frente um dacnomaníaco fosse menor do que meu instinto de autopreservação. Outra mania bem esquisita que vi – dessa vez em um programa de televisão – era de comer tijolos. Era uma moça, lá pelos seus trinta anos de idade. Seu pitoresco costume consistia em arrancar pequenos pedacinhos de parede, roer e depois engolir. Quando questionada, a moça disse que, quando criança, foi induzida por sua avó a tornar-se a primeira sommelier de paredes do mundo. Sua avó lhe contara que seu pai comia papel de parede e argamassa quando infante. Fascinada pela história, a menina resolveu provar por […]

Inu Engarrafado – Yamazaki 12 anos

A combinação entre ambição e excesso de autoconfiança é perigosa. A história está cheia de pessoas com grandes sonhos e ideias que mudariam o mundo. Só que não. Um grande exemplo é o cara que inventou o sutiã masculino. Mas o meu preferido é o Sr. Dean Kamen. Já ouviu falar dele? Pois é. Sr. Kamen foi o inventor de um produto que, segundo informações que teriam vazado antes de seu lançamento em 2001, revolucionaria a história do transporte de pessoas. Algo que mudaria para sempre a humanidade e a forma com que ela se locomove. Segundo Kamen, os dias do carro estavam contados. Aquela invenção seria para o automóvel, o que o automóvel fora para o cavalo. Para piorar, em um claro momento de insanidade corporativa coletiva, aqueles que tiveram acesso à invenção estavam maravilhados. Steve Jobs disse que seria maior do que o computador. John Doerr (venture capitalist por trás da Netscape e Amazon), por sua vez, disse que seria ainda mais importante do que a internet. E em 2002, o grande visionário Dean Kamen finalmente decepcionou o mundo com sua invenção: o Segway, um diciclo elétrico, capaz de transportar uma pessoa em pé, a mais ou menos treze […]