Monte Carlo – Simplicidade

Uma a cada três pessoas que vivem em Mônaco é milionária – em dólares. É a segunda renda per capita mais alta do mundo, somente depois de Luxemburgo. Incrivelmente, é também um dos países mais densamente populosos do mundo. São trinta e oito mil pessoas, vivendo em dois quilômetros quadrados. O que sugere que, talvez, muitos locais vivam dentro do diminuto espaço em suas Ferraris. O lugar tem também um dos cassinos mais famosos do mundo – o de Monte Carlo.

Curiosamente, Mônaco nem sempre foi a Praia Grande dos trilhardários do mundo. Essa história começou em 1866, quando o Príncipe Charles III resolveu transformar o lugar em um resort para os nobres e abastados da Europa. Antes, Monte Carlo – seu bairro mais proeminente – se chamava Speluges, e era um lugar onde cresciam oliveiras e algumas videiras. O nome antigo era inclusive meio que um motivo de piada por sua semelhança com a palavra alemã Spelunke (que tem o mesmo significado em português).

Depois da decisão do príncipe, o lugar – especialmente Monte Carlo – se transformou. Uma luxuosa ópera, um cassino e diversos hotéis foram erigidos. Muitos anos mais tarde, Monte Carlo virou também cenário de uma das provas automobilísticas mais importantes do mundo, e do Monaco Auto Show. Como se o rush hour de Ferraris e Lambos não fosse o suficiente.

Que transito, mêo.

É até irônico, então, que um coquetel tão simples tenha sido batizado em referência àquela municipalidade. O Monte Carlo. O drink não leva nem uma gota de Romanee-Conti, Armand de Brignac ou Macallan Fine and Rare 60 anos, o que justificaria este post. A guarnição está longe de ser caviar ou trufas brancas. O drink leva três singelos ingredientes: rye whiskey, bitters e Benedictine D.O.M. E ainda que o derradeiro não seja exatamente barato, está longe de corresponder ao PIB de uma pequena nação européia.

O Monte Carlo apareceu pela primeira vez no The Fine Art of Mixing Drinks de David Embury, em 1948. Existe uma divergência classificatória um tanto prosaica aqui. Alguns o consideram um “improved” – ou seja, um Old Fashioned com alguma variação, como seria o Fancy Free. Outros, o veem como um desvio do Manhattan, onde o Benedictine faria as vezes do vermute. A discussão, entretanto, é meramente teórica.

Se vivêssemos em Mônaco, provavelmente teríamos mais opções de rye whiskey. Entretanto, como estamos no Brasil, o único que pode ser usado amplamente é o Jim Beam Rye – o que talvez possa deixar o drink doce para alguns paladares. A receita original pede 60ml de whiskey, para 15 do licor. Se achar doce, reduza o último, ou pese mais a mão nos bitters.

Sem mais, aí vai a receita de um drink muito mais fácil e singelo do que comprar um carro de meio milhão de dólares pra ficar parado atrás de outro carro de meio milhão de dólares no trânsito de Monaco. O querido Monte Carlo.

MONTE CARLO

INGREDIENTES

  • 60ml rye whiskey
  • 15ml Benedictine D.O.M.
  • 2 dashes Angostura Aromatic Bitters
  • Gelo
  • Parafernália para misturar

PREPARO

  1. Adicione todos os ingredientes num mixing glass e mexa com bastante gelo
  2. desça emum copo baixo
  3. se estiver se sentindo em Monte Carlo, adicione uma cereja maraschino ou um twist de laranja de guarnição.

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