Este é o segundo texto sobre mulheres no mundo do whisky, publicado aqui no Cão Engarrafado. O primeiro contou com a participação da Carolina Ronconi, autora do blog Meninas no Boteco. Confira o texto aqui.
Verão de 1932. A jovem Bessie Williamson desembarca na remota ilha escocesa de Islay. É seu primeiro dia em um trabalho temporário – datilógrafa de Ian Hunter, proprietário e diretor da Laphroaig, uma das mais conhecidas destilarias da ilha. Seu objetivo é permanecer por apenas três meses e reunir dinheiro para seguir seu sonho: tornar-se professora.
Hunter é um homem irascível, mas sua personalidade geniosa parece poupar a menina. Com o tempo ela ganha sua confiança, e aquele trimestre se estende por mais de meia década. A garota– agora com vinte e oito anos – não pensa mais lecionar. Atenta, tenaz e muito inteligente, ela aprende todos os detalhes do trabalho de Ian.
Em 1938 Ian sofre um derrame e falece alguns anos mais tarde. Sem filhos, deixa o negócio da família para Bessie, que acaba tornando-se a mais importante mulher na trilha do whisky até então. Em um dos mais difíceis momentos da humanidade – a Segunda Guerra Mundial.
Eram tempos de guerra, e Williamson consegue convencer o ministério da defesa do Reino Unido a poupar os armazéns da destilaria – que poderiam ser usados como depósitos secretos de armamento. Ela também percebe que sua destilaria precisa mudar de foco para prosperar. Começa então a viajar o mundo, como a primeira embaixadora mundial da bebida. Seu plano dá certo, e as vendas da Laphroaig decolam.
Mas Bessie não é a única. Pelo contrário. Ela é uma das muitas mulheres que, com dedicação, esforço e talento, enfrentaram as regras de um mercado iminentemente machista, e provaram que o whisky está longe de ser uma bebida naturalmente masculina.
Conheça aqui mais quatro grandes mulheres importantíssimas para a história e apreciação da melhor bebida do mundo.
ELIZABETH CUMMING
Elizabeth Cumming foi a sobrinha de Helen e John Cumming, fundadores da destilaria Cardhu – hoje, um dos principais componentes dos mundialmente conhecidos blended scotch whiskies da Johnnie Walker. Elizabeth, no entanto, foi muito mais do que uma simples proprietária e diretora. Sob seu comando, a Cardhu foi reconstruída e expandida, ganhou fama e reconhecimento.
E foi graças a Elizabeth que a Johnnie Walker se interessou por aquele negócio. Se não fosse por ela, talvez a cena atual do whisky fosse bem diferente do que é.
ALWYNNE GWILT
Nossa vida pode mudar em poucos segundos. Esta foi a impressão de Alwynne, após participar de uma degustação de whiskies em uma conhecida loja de Londres. Sua paixão e identificação foi imediata.
Em 2011 Alwynne fundou o website misswhisky.com, que fornece informação sobre tudo aquilo que orbita a bebida. A página contém entrevistas com algumas das mais importantes mulheres para a indústria do whisky, além de notícias e histórias sobre o whisky e as incríveis mulheres deste universo. Seu objetivo é desmistificar a crença de que o whisky não é apreciado por mulheres.
ALICE ELIZABETH PARSONS
Alice Parsons é a autora do livro Lore of Whisky, uma das mais importantes publicações especializadas na bebida, e o primeiro livro sobre whisky escrito por uma mulher. A obra fornece um panorama completo das diversas variedades de whisky e sua produção. Segundo ela, o whisky pode mover qualquer pessoa. Seja algo adorado ou desprezado, todo mundo se interessa. Quem poderia discordar?
PAULA LIMONGI
Paula é a representante brasileira dessa lista de ilustres mulheres que apreciam whisky. Formada em jornalismo, Limongi tornou-se embaixadora da Chivas Regal na cidade que mais consome whisky per capita fora da Escócia – Recife.
Para Paula, beber a “água da vida” é algo cultural. Em Recife, Limongi cresceu rodeada pelo consumo de whisky – principalmente na praia, inclusive por mulheres. Sua avó, mãe e tias sempre apreciaram a bebida.
Hoje o trabalho de Paula é promover os whiskies da Chivas Regal e marcas relacionadas, como The Glenlivet e Ballantine’s, organizar degustações e atividades relacionadas a whisky em Recife, propagando – inclusive entre as mulheres – o gosto pela bebida que tanto nos fascina.
Como vai, mestre?
Como digo: o whisky é para todos! Existem tantas variações, que eu acredito que seja praticamente impossível não achar um que agrade.
E que seja servido um trago, em homenagem ao dia da mulher, hahaha.
Grande abraço!
Muita sorte da Bessie Williamson merecer uma das destilarias mais famosas da Escócia. É memorável o fato dela ter conseguido manter o negócio de pé em meio a um conflito mundial. O que as mulheres não conseguem conquistar?! Um viva para as mulheres, guerreiras e dedicadas em todas as épocas! Parabéns àquelas que conquistaram feitos extraordinários ao longo da história. Bebamos a elas. Abraço Maurício.