Drops – Dádiva Odonata 2016

Talvez você não tenha acompanhado a história. Mas há uns meses atrás este Cão Engarrafado fez algo que jamais imaginaria. Em parceria com a Cervejaria Dádiva, lançou uma cerveja. Mas não qualquer cerveja. Uma Russian Imperial Stout. Uma Russian Imperial Stout maturada em barricas de single malt das highlands escocesas. Batizada de Odonata #5, a cerveja ficou absolutamente incrível. E olha, isso até pode parecer um texto autopromocional meio esquisito e constrangedor, mas não é não. É que o mérito é todo da Dádiva. Mesmo antes do lançamento da minha cerveja, acompanhei de perto a cervejaria. E não havia um rótulo sequer que me decepcionasse. Mergulhei na leveza amarga da Venice Beach. Passei perto de um sugar rush com o coco e a baunilha da Tripel Bock. Quase entrei em insolvência ao tentar comprar todas as garrafas e latas que encontrasse pela frente da Spot e Status Quo. E peregrinei por uma garrafa de Dark Sour. Ah e claro – sofri toda vez que abria alguma das irmãs de minha afilhada – a Odonata #4, maturada em barricas de rum, assinada por Cesar Adames, e a Odonata #6, que passou seus meses em barris de cachaça Quinta das Castanheiras. Não sei […]

Drink Drops – Boilermaker

Quando comecei a beber, meu pai me deu um conselho de ouro sobre como não ficar bêbado. Alternar um gole da bebida com um gole de água. É uma estratégia simples, mas que realmente dá resultado. O álcool desidrata o corpo, e a água é a melhor aliada na briga para reidratá-lo. Com essa dica, poderia passar horas bebendo moderadamente sem sofrer as sórdidas consequências da ressaca. Uma vez, lendo uma crônica do Luiz Fernando Verísismo – de verdade, não o Luiz Fernando Veríssimo que as pessoas compartilham no Whatsapp – vi que ele tinha a mesma estratégia que eu. E o mesmo desafio. “Tomar um copo de água entre cada copo de bebida – O difícil era manter a regularidade. A certa altura, você começava a misturar a água com a bebida, e em proporções cada vez menores. Depois, passava a pedir um copo de outra bebida entre cada copo de bebida“. Nesse estágio, não sei qual era a pedida do Veríssimo.  Mas minha sempre foi whisky e cerveja. Às vezes ao mesmo tempo. Naquela época eu nem sabia, mas esse hábito – de beber um copo de whisky junto com um de cerveja – é bem comum. E […]

Dádiva Odonata #5 – Nossa própria cerveja maturada em barris de single malt!

Quando comecei a escrever o Cão Engarrafado, não sabia muito o que havia pela frente. Mas imaginava algumas coisas. Previa que – se tudo desse certo – em algum ponto do percurso guiaria alguma degustação de whiskies. Imaginava também que, invariavelmente, conheceria muita gente. O que não é necessariamente bom, porque como uma vez disse Sartre, o inferno são os outros. Sabia, no entanto, que – em certos casos excepcionais – teria contato com gente bacana. Tinha certeza de que descobriria uma centena de maltes apaixonantes, e provaria outros que não seriam muito além de medíocres. Sabia que beberia um pouco demais e gastaria além da conta. Em meus delírios mais sofisticados, antevia que poderia elaborar a carta de whiskies de certo bar ou restaurante. Todas essas coisas, apesar de bastante longínquas há três anos, me pareciam estágios do desenvolvimento de um blog sobre um assunto tão incrível quanto whisky. Mas uma coisa que jamais poderia prever, nem em meus devaneios mais estratosféricos, é que assinaria e faria parte do desenvolvimento de uma cerveja. Mas foi exatamente isso que aconteceu recentemente com este Cão. Há alguns meses fui convidado por Victor Marinho – mestre cervejeiro da Dádiva – para participar […]

Brooklyn Brewery The Discreet Charm of the Framboisie – Sobre sentido

Existe um certo charme na rebeldia, mesmo quando ela não faz o menor sentido. Prova disto é o – quase indiscutivelmente – mais famoso curta-metragem da história: Un Chien Andalou (Um Cão Andaluz), de 1929, dirigido por ninguém além de Luis Buñuel e Salvador Dalí (sim, o pintor). Un Chien Andalou é um filme de dezessete minutos. E nenhum segundo dele faz o menor sentido. Há uma lua, um homem olhando para sua mão perfurada enquanto formigas saem de dentro dela, outro homem puxando um piano com padres e alguns animais mortos. Há mais uma mão – desta vez, decepada – na calçada. E claro, a famosa e aflitiva cena de um olho sendo cortado por uma navalha. Não há qualquer relação entre as cenas. Para falar a verdade, nem o título faz sentido – ele foi criado aleatoriamente pelos dois artistas com a ajuda de um dicionário. O filme foi concebido por Dalí e Buñuel justamente para chocar o público e – como escreveu um renomado crítico da época – aliená-lo ao invés de agradar. E apesar de pouca coisa fazer sentido, há algo indiscutível em Un Chien Andalou. Sua matéria prima, talvez o único frágil barbante que amarre todas as […]

Presentes para um amante de whisky (e que não são whisky)

Estamos quase no natal. E eu, neste ano, pela primeira vez encarei uma situação delicada que imaginei que levaria muito mais tempo para acontecer. É que a Cãzinha, no alto de seus quase três anos de idade, fez aquela trágica indagação. Papai, o que você vai me dar de natal? Tentei agir naturalmente. Bom, não sei, que você quer que papai te dê? Papai, quero um pato. Um pato, sorri com um olhar meio surpreso, em parte por ver que a Cãzinha já não acreditava em Papai Noel, em parte pelo pedido. Um pato, um pato, papai – gritava ela enquanto pulava de excitação. Tudo bem filhota, pode deixar, papai vai te dar um pato sim, que cor você quer? Ele é branco, papai. Estranhando o pronome pessoal, liguei para a Cã e reportei o que havia se passado. E ela me explicou que o tal pato era personagem de um desenho infantil, mas que não havia bonequinhos. E em seu econômico brilhantismo costumeiro, concluiu – dá qualquer pato de borracha, ué. E foi justamente o que fiz. Fui a uma loja de brinquedos e encontrei lá, jogado em um canto, um pequeno pato de banheira. Branco. Resolvi que, para […]

Sobre Óribtas – Jupiter Talismã Sebastiana

Esses dias andei revendo algumas das últimas provas do Cão. Sei lá, uma vontade de recordar o que já tinha bebido, misturada com o mais profundo e cristalino tédio de domingo à tarde. E eu notei que, apesar do Cão ser um blog sobre whisky, quase metade dos posts fazem referência a outras bebidas. Ou, ainda mais, são sobre elas. Há uma dezena de provas de cervejas (todas elas, maturadas em barricas), uma de sidra e até mesmo uma de gim. Isso sem contar as receitas de coquetéis e pratos. E acho que a ideia por aqui é mais ou menos essa. Ou tornou-se essa, ao longo deste par de anos. Orbitar o mundo do whisky, mas não sem sofrer certa influência gravitacional daqueles contíguos, como o da cachaça, cerveja e coquetelaria. Afinal, o whisky faz parte de um sistema muito maior, dele recebe e nele exerce influência. Com esse espírito, provei na semana passada a Jupiter Talismã Sebastiana, uma Imperial IPA maturada em barricas de carvalho que antes contiveram a cachaça Sebastiana, do Alambique Santa Rufina. E fiquei muito surpreso. Minha impressão é que seria uma cerveja relativamente azeda, com muito dulçor e pouco equilíbrio. Mas ao prová-la, notei que era bem […]

Convergência – Dogma EAP Russian Imperial Stout

Se você unisse varias manias suas, onde estaria? Apaixonados por automóveis, provavelmente dirigindo um Porsche na Autobahn em direção a Stuttgart. Seu negócio é cinema? Então talvez estivesse em uma maratona de nouvelle vague na cinemateca francesa, ao lado de Jean-Luc Godard. É apaixonado pelo cosmos? Então que tal uma visita ao cabo Canaveral, ou uma viagem em alguma nave da Space X ao lado de Elon Musk? Culinária? Uma degustação guiada por todos os pratos do finado El Bulli. Puxa, então sua paixão real é o direito? Bem, neste caso, só posso lhe oferecer meus pêsames. Mas para alguém como este Cão, um apaixonado por whiskies e amante de cervejas, talvez o programa ideal fosse degustar uma russian imperial stout com maturação em barrica de algum single malt, em um lugar importante. Um lugar importante como, sei lá, o Empório Alto dos Pinheiros. E se você compartilha comigo deste sonho, bem, saiba que ele pode ser realizado facilmente, a partir desta semana. É que nesta quinta-feira foi lançada a Dogma EAP, uma RIS muito especial. Continue comigo. O lançamento não poderia ser melhor. a Dogma EAP, como o nome diz, é uma homenagem da cervejaria Dogma à meca cervejeira do […]

(mais que um) Drops – Glenfiddich IPA Experiment

Gosto muito de whisky, isso não é segredo para ninguém. Aliás, imagino que este seja um prerrequisito tácito para se ter um blog sobre o assunto. Do contrário, as provas e textos seriam, para não dizer nada pior, enfadonhos. Algo na linha de olha, se você gosta de whisky, é possível que vá suportar beber isto daqui, mas como eu não gosto, então, bom, achei horrível. Nao. Beba. Whisky. Nunca. No entanto, além do melhor destilado do mundo, também tenho outros interesses etílicos. Me interesso bastante por coquetelaria – como podem ter notado ao acompanhar o blog – arranho no gim, e adoro uma boa cerveja. Gostaria de saber mais sobre outras bebidas, e, principalmente, experimentar tudo. Mas por uma questão de tempo e fígado, me vejo obrigado a escolher frentes de combate. E dessas frentes, talvez minha segunda ou terceira seja, justamente, a cerveja. Sou apaixonado pelas amargas India Pale Ale, e tenho uma preferência quase natural pelas Imperial Stouts, bem torradas. Se passar por barril ainda melhor. Se você é como eu, provavelmente ficará ansioso com essa notícia. É que a Glenfiddich, uma das mais famosas destilarias de single malt da Escócia lançou, justamente, um whisky que é finalizado em barricas […]

Drops – Gladiator Bestiarius

Aí vai mais uma cervejinha fraca para sua quinta-feira. Essa é a Shipyard Gladiator Bestiarius, uma Imperial Porter que foi maturada por dez meses em barricas que antes contiveram o bourbon Jim Beam. Sua graduação alcoolica é de 9,4% (ou melhor, 11,8%). Ah, e ela vem em garrafas de 750ml. A Bestiarius tem sabor de café, açúcar mascavo e um característico final de baunilha, bem próprio das barricas utilizadas em sua fabricação. Apesar da graduação alcoólica, é uma cerveja bem menos densa do que a maioria das Imperial Porters que vemos por aí. Ou seja, um convite tentador para se tomar uma garrafa inteira. A Shipyard Brewing Co. é uma cervejaria localizada em Portland, Maine, fundada – espiritualmente – em 1992, tendo sua fábrica sido construída em 1994. Atualmente, são produzidas mais de vinte rótulos diferentes, além de um refrigerante – Capt’n Eli’s Soda. Os rótulos da série Gladiator, no entanto, são reservados às criações mais especiais e exclusivas. No Brasil, a Gladiator Bestiarius é importada pela Get Trade, e pode ser encontrada online ou em bares especializados em cervejas, como o Empório Alto dos Pinheiros. Seu preço médio é meio monstruoso. R$ 130,00 (cento e trinta reais). E se […]