Lagavulin 11 Offerman Edition Guiness Cask Finish – Drops

Drops são nossos posts menores, de análise ou curiosidades do mundo do whisky, e que contam com rótulos indisponíveis no Brasil – mas com alguma particularidade interessante. Para ler outros drops, clique aqui “Eu viajei pelo mundo e experimentei muitas tentativas de criar néctares agradáveis, mas é apenas esta destilação de Islay; uma pequena e carismática ilha escocesa que conquistou meu paladar. Sim, e meu coração junto.” A frase é de Nick Offerman, o ator que vive – ou melhor, que é – Ron Swanson na vida real. Offerman é um fã incondicional da Lagavulin. Tão apaixonado que criou e produziu uma série de curtas sobre sua paixão – o que, pra falar a verdade, não é tão estranho assim, eu faria o mesmo. Ocorre que Offerman é uma celebridade. E, como uma celebridade, há a possibilidade de exercer sua paixão de uma forma pouco acessível para pessoas normais. Como, por exemplo, lançar sua própria série de whiskies em parceria com a Lagavulin. E é daí que surgiu o Lagavulin Offerman Edition: Guiness Cask Finish, tema desta prova. Na verdade, o Lagavulin 11 Offerman Edition: Guiness Cask Finish não é a primeira colaboração entre Offerman e a destilaria de Islay, mas […]

Logan Heritage Blend – Herança

Ah, por causa do Vinícius. Toda vez que menciono o nome deste blog a um interlocutor incauto, há sessenta e cinco por cento de chance dele mencionar o poetinha. Eu já contei. Durante uma época, até tomava nota. Este daí perguntou. Esse não. Eu costumava proferir o nome do blog e já engatilhar um sorrisinho de soslaio de antecipação à pergunta. Isso mesmo, a inspiração é o Vinícius de Moraes, sabe, eu adoro aquela frase, que o whisky é o melhor amigo do homem, é o cachorro engarrafado, que legal que você notou. Depois, ao abrir o Caledonia, outras indagações e afirmações se juntaram ao caderninho de recorrências. Você tem whisky japonês? Você tem aquele canadense do Mad Men? E aquela marca de Taiwan? Este daí é o do James Bond – e aponta pra uma garrafa de The Macallan. E eu sorrio, e respondo, já meio ensaiado, porque o negócio é tipo escovar os dentes ou dirigir até o trabalho. Você já engata o piloto automático e depois até fica assustado quando recobra a consciência voluntária. Mas, dessas perguntas e observações, há uma que eu sempre presto atenção. Meu pai bebia – ou bebe – esse daí. Meu pai […]

Seis whiskies que fazem muita falta no Brasil

Hiraeth. Não poderia começar este post de outra forma, senão por hiraeth. O correspondente galês de nossa intraduzível saudade. Mas com um significado extra. Hiraeth também se refere àquele vazio existencial causado pelo desejo de algo que você jamais teve. As saudades que um filho único sente de seu irmão que jamais nascera. Ou que eu tenho de possuir um Bowmore 1957 de 54 anos. Ah, que me falta faz esse Bowmore. De certa forma, hiraeth é um sentimento um pouco paradoxal. É a nostalgia de tudo aquilo que não vemos e não podemos ter. Mas pior que ela, é mesmo aquela saudade de algo que já tivemos, mas que acabou. Um amor, uma época da vida. E claro, uma garrafa de whisky. Aquela, que trouxe de uma viagem, e que bebi sofrendo a cada gotinha que escorria no copo à medida que a garrafa esvaziava. Como um brasileiro apaixonado por whiskies, devo dizer que exerço bastante esse sentimento. Vontade de provar de novo um rótulo que já tive. Ou de poder abrir um que jamais provei, mas que não posso, porque ele simplesmente in existe em nossas terras. Neste post, selecionei seis especiais. São aqueles que já tivemos mas […]

Fogo da paixão – Lagavulin 16 anos

Se você gosta de filmes antigos, talvez já tenha assistido a 12 Homens e Uma Sentença (12 Angry Men). Não é muito fácil descrevê-lo positivamente com base somente em seu roteiro. É um filme cult dos anos cinquenta, baseado em uma peça teatral. Ele é filmado em preto e branco e se passa totalmente em uma única sala, onde os personagens discutem princípios éticos e valores sociais sem parar por uma hora e meia. Apesar do descritivo torná-lo tão tentador quanto ficar nu e levar uma surra de um pé de cabra enferrujado ao som de Katy Perry, o filme é bem bom. O ritmo é excelente e os diálogos incrivelmente engajadores para o tema. Ele trata da relativização das normas, da justiça e da inegável diferença entre o mundo do ser e do dever ser. Mas o mais incrível sobre 12 Homens é que, pelo jeito, todo mundo gosta dele. Ele está entre os cinco melhores filmes do mundo no website IMdB, e possui cem por cento de aprovação no Rotten Tomatoes. Além disso, foi listado como um dos melhores filmes do mundo pelo crítico Roger Ebert, e eleito um dos 100 mais inspiradores pelo American Film Institute. De certa […]

Especial Escócia – Visita à Lagavulin

Bruichladdich é inovação, Ardbeg é bravura. Lagavulin, por sua vez, é aristocracia. A Lagavulin é o representante perfeito de um cavaleiro medieval no mundo dos whiskies. Por fora, elegante, polido e respeitado. Mas, ao mesmo tempo, violento e direto. Ele foi por muito tempo meu single malt preferido, e provavelmente um dos lugares que mais queria conhecer em minha vida. Ter a oportunidade de atravessar os corredores da destilaria e participar de uma degustação lá, onde o líquido é produzido, foi incrível. Tudo que emana do copo está representado em seus ambientes. As instalações da Lagavulin são o lugar-comum da cultura do whisky. Chão de madeira que range a cada passo, não importa quão leve. Poltronas botonê de couro, lareira e galhadas de cervos penduradas na parede. Luz quente e luminárias verdes. E claro, infinitas cristaleiras, exibindo todas as glórias daquela destilaria. Se uma garrafa de Lagavulin pudesse agir como uma pessoa, sua casa seria decorada justamente daquele jeito. Ao contrário do que aconteceu com as demais destilarias, não pudemos percorrer os prédios da Lagavulin. Nosso tour permitia apenas a uma degustação em um de seus saguões, acompanhados de uma guia – que aliás, parecia tão apaixonada pela destilaria quanto […]

Drops – Lagavulin 8 Anos

Menino prodígio. Este é o Lagavulin 8 anos, uma edição especial limitada que comemora o ducentésimo aniversário da destilaria Lagavulin, localizada na ilha de Islay, na Escócia. A destilaria, famosa por seus whiskies com aroma turfado, defumado e medicinal, é uma das mais admiradas de toda a Escócia.   A Lagavulin foi inaugurada (oficialmente) em 1816 por John Jonston e Archibald Campbell. Atualmente, é detida pela Diageo, a mesma empresa que controla a marca Johnnie Walker. Além de participar no blend de muitos whiskies do andarilho, Lagavulin é também é um dos principais componentes do despretensioso White Horse.   O Lagavulin 8 anos presta homenagem a Alfred Barnard, um proeminente historiador – especializado em bebidas – e conhecedor de whisky, que, no começo da década de oitenta, experimentou um Lagavulin 8 anos em uma visita que fez à destilaria. Alfred o descreveu como “excepcionalmente bom”.   Maturado em barricas de carvalho americano que antes continham bourbon whiskey e engarrafado com graduação alcoolica de 48%, o Lagavulin 8 anos é tudo que se espera de um jovem single malt de Islay. É defumado, oleoso e medicinal. A fumaça está ainda mais presente do que em seu irmão mais velho, o 16 anos. […]

Starman – Johnnie Walker Black Label

Talvez eu tenha más notícias. Quer dizer, más notícias caso você seja um extraterrestre, um ermitão, ou tenha se isolado em um local sem internet, televisão, rádio ou telefone pelas últimas três semanas. Mas, olha, eu duvido que você já não saiba o que vou dizer. Afinal, você está lendo este post, o que indica que há uma conexão ativa entre vossa senhoria e o mundo exterior. De qualquer forma, aí vai. David Bowie faleceu. E nem me venha falar que isso não faz diferença, e que você nem gostava tanto de David Bowie assim. Porque até pode ser que você não seja um apreciador de suas músicas, mas sua influência em nossa sociedade é absolutamente incontestável. O homem por trás de Ziggy Stardust antecipou e criou tendências na música, na moda e na cultura de nosso tempo. Aliás, Bowie era um camaleão de tendências, adaptando-se com maestria e potencializando-as como ninguém. Bowie vendeu mais de cento e quarenta milhões de gravações ao longo de sua vida. Ganhou nove álbuns de platina, onze de ouro e oito de prata. Atuou em grandes sucessos, como O Grande Truque e Labirinto e compôs canções antológicas, como The Man Who Sold the World, […]

Fumaça Negra – Johnnie Walker Double Black

Este texto foi originalmente escrito pelo Cão para a Single Malt Brasil no começo de 2015. Mas coisas boas sempre devem ser relembradas. Afinal, recordar é viver. Vou ser objetivo com vocês. Eu adoro qualquer coisa consumível que seja defumada. Isso inclui sólidos e líquidos. Quer me ver feliz? Faça um jantar que inclua, em algum momento, calabresa defumada, bacon ou salmão defumado. Ou os três. Com um bacontini. Sim, isso é um Martini com bacon. Inclusive, há uns meses atrás, durante uma visita ao supermercado, achei que tinha feito uma descoberta que mudaria para sempre minha vida. Fumaça líquida. Fumaça líquida é uma espécie de essência, que você pode borrifar em cima de alimentos, para deixá-los com um certo aroma de fumaça. Ou seja, delícia líquida. Comprei logo dois vidros. Na minha imaginação, eu poderia defumar tudo agora. Pense em um hambúrguer defumado, com pão defumado, queijo defumado e alface defumado. Perfeito! Meus primeiros testes com a fumaça líquida foram ótimos. Inclusive, fiz um espaguete com azeite, alho, pancetta, fumaça líquida e mais umas coisinhas que ficou bem decente. Só que aí eu comecei a ficar corajoso. E com a coragem, veio naturalmente a estupidez. Alguém aí já tentou […]

Vira Lata Engarrafado – White Horse

Antes de dar continuidade ao projeto de três whiskies abaixo de cem reais, permita-me uma digressão: preço é uma coisa engraçada. Quando algo é caro, necessariamente a tratamos com mais respeito, e procuramos – as vezes, inutilmente – qualidades ocultas naquilo. Carros são bons exemplos disso. Mas os melhores são, provavelmente, restaurantes. Restaurantes são bons exemplos porque há uma conjunção louca de fatores que poderiam justificar um preço simplesmente extorsivo. Além disso, avaliar um restaurante é um processo quase exclusivamente subjetivo. Não há parâmetros matemáticos. No caso de carros, por exemplo, podemos dizer que um vai de zero a cem em dois segundos a menos que outro. E que há mais espaço interno. É como dizem: contra fatos não há argumentos. Mas é difícil medir objetivamente se o bacalhau de um restaurante é duas e setenta e cinco vezes melhor que de outro. Uma vez fui com a Cã a um restaurante autoproclamado conceitual. Meu prato, que custava quase o preço de todas as minhas peças de roupa combinadas, era descrito como crisps de batata sobre suculentos escalopes em uma cama de verdes. Entretanto, ele se mostrou, na verdade, como um contrafilé maltratado, com batata palha e algo que lembrava, […]

Dilema – Laphroaig 18 anos e Lagavulin 16 anos

Escolha rápido: Rolling Stones ou Beatles? Ferrari ou Lamborghini? Batman ou Iron Man? Eva Green ou Scarlett Johansson? E se sua preferência for por homens, Brad Pitt ou Tom Cruise? Você provavelmente ficou em dúvida com alguma das escolhas anteriores, certo? Existe um nível de excelência em que fica realmente difícil apontar um vencedor. Ou argumentar, com propriedade, qual é melhor. Eu preferiria não ter que escolher. Sério mesmo que eu não posso comer um spaghetti carbonara com pancetta e outro com bacon? Aliás, escolher entre duas coisas excelentes é ainda mais difícil do que entre duas coisas péssimas. Tipo, sei lá, fazer um tratamento de canal sem anestesia ou passar o resto dos meus dias ouvindo apenas Anitta no rádio. Eu não teria dúvidas. Ficaria com o canal, fácil. Pelo menos o tratamento acabaria em umas duas horas no máximo, e seria bem menos doloroso. Já que falei da Anitta, para elevar o nível desse blog, citarei o filósofo existencialista francês Jean Paul Sartre, que certa vez escreveu que “cada escolha é uma angustia”. Sartre, ao conceber essa frase pela primeira vez, provavelmente olhava com indecisão para a prateleira dos whiskys de uma magasin d’alcool, tentando escolher entre o […]