Drops – Armorik Whisky Breton

Já experimentou algum whisky Francês? O país da champanhe e do vinho também produz excelentes single malts. Este é o Armorik, produzido na destilaria Warenghem,na região da Bretanha. A Warenghem, além de whisky, produz também hidromel e algum outros destilados, como um licor de menta e uma espécie de triple sec. O carro chefe, entretanto, é mesmo o whisky. E o Armorik Classic – a expressão aqui retratada – é sua versão de entrada, e, naturalmente, a mais vendida. Apesar de possuir mais de cem anos de idade, a destilaria apenas recentemente ganhou destaque internacional. A razão disso, provavelmente, foi a reformulação do portfólio de whiskies por ela produzidos e o refinamento dos métodos de produção. Entre as mudanças, houve o maior emprego de barricas de ex-jerez e a diversificação de versões. O Armorik é um whisky sem idade definida, maturado em barricas de carvalho americano que contiveram bourbon whisky, com uma pequena parte maturada em barricas de ex-jerez. Ele possui aroma e sabor frutado, com mel, baunilha e açúcar mascavo. Praticamente um Crème Brulée em estado líquido!    

Especial de Final de Ano – Whisky e Réveillon

“O passado não importa muito. O que importa são seus planos para o futuro. Anime-se com seus planos para o futuro”. Quando ouvi essa frase de um conhecido há uma dezena de réveillons passados, logo me animei. Me animei, porque tudo que havia planejado para meu futuro era terminar aquela taça de prosecco. E, ao termina-la, me encostar novamente no balcão do bar para pedir a próxima. Afinal, é ano novo. Eu posso. O ano novo é uma festa interessante. Aliás, é minha data comemorativa coletiva preferida. Não é muito difícil, já que eu odeio natal, não suporto a monomania do carnaval e não ligo muito para a páscoa. Mas a verdade é que o réveillon traz um temporário otimismo ingênuo até mesmo para as pessoas mais taciturnas. Com o tempo, aprendi que não adianta muito fazer planos para o ano vindouro. Nem ouvir conselhos. Porque não importa qual foi sua promessa ou a recomendação. Ano que vêm, você provavelmente estará pesando a mesma coisa que está agora. E continuará trabalhando com o mesmo empenho e visitando a academia com a mesma frequência. Você, inclusive, estará bebendo a mesma quantidade que bebe o ano inteiro. Quer dizer, com exceção da […]

Como Curar sua Ressaca – Whisky Bloody Mary

A medida que vamos nos aproximando das festividades de final de ano, o mundo é acometido por uma estranha e inexplicável sensação de amor ao próximo. Mesmo que o próximo esteja bem longe de ser próximo. Provas disso são aqueles seus conhecidos, que você achou que haviam morrido, sido presos ou emigrado para algum lugar primitivo – afinal, você não tinha notícias deles há mais de dez meses – mas que, magicamente, reaparecem no final do ano. Reaparecem geralmente tentando combinar algum evento. E, normalmente, algum evento que envolve álcool. Porque a verdade é que o álcool é um excelente lubrificante social. O álcool simplesmente vaporiza aquele momento meio constrangedor, quando o assunto acaba. E, se consumido de forma relativamente prudente, torna-se ferramenta essencial para sobreviver às inconvenientes festividades de final de ano. Entretanto, o problema chave aí é a prudência. Porque ninguém está isento de cometer um erro e exagerar. E, com o exagero, vem a ressaca. Tanto a moral quanto a física. Contra a primeira, não há muito a fazer. Se você ficou nu, dançou sobre a mesa ou dormiu no chão, o melhor que tem a fazer é tentar esquecer, e não mencionar o assunto. Nunca. Nunca […]

Especial de Natal – Um Manual de Como Presentear com Whisky

Escolher presentes de natal nunca é fácil. Nem mesmo para a pessoa com que você mais tem intimidade no mundo. No meu caso, a Cã Engarrafada. Neste caso, o risco é errar. Não há espaço para errar com alguém que você conhece tão bem. Mas como já estamos casados a pouco mais de meio decênio, tendo galgado o dobro disso de namoro, recorri a uma praticidade arriscada. Perguntei a ela o que queria receber de presente. E não me condene por ter sido direto. Porque realmente é romântico captar sinais e ir sorrateiramente reunindo informações e analisando reações para tentar descobrir o que sua melhor parte deseja. Mas isso também é trabalhoso e – caso sua inteligência emocional seja equivalente a de um crustáceo, como a minha – pode dar terrivelmente errado. Após uns três segundos de uma ensaiada cara de dúvida, a Cã respondeu que queria uma bolsa, e que me daria um single malt. Uma bolsa, tudo bem, pensei. Qual a dificuldade em escolher uma bolsa? Bem menor do que a dela, ao escolher o whisky. Minha ida ao shopping revelou que a tarefa era consideravelmente mais difícil do que eu havia previsto. Principalmente quando não há o […]

Tabula Rasa – Glenfiddich 18 anos

  Algumas pessoas têm manias estranhas. Quando era criança, tinha um coleguinha que gostava de morder gente. Ele tentava morder todo mundo, sem qualquer distinção de idade ou sexo. E de forma completamente gratuita. Como eu sabia de seu hábito, mantinha uma distância segura. Muito tempo depois, descobri que essa é uma compulsão mais ou menos comum, e que pode continuar durante a vida adulta. Chama-se Dacnomania. Nunca pude perguntar a ele como esse curioso hábito começara. Na verdade, nunca me permiti esta oportunidade – ter um bife arrancado do meu braço não estava nos meus planos. Talvez minha curiosidade mórbida frente um dacnomaníaco fosse menor do que meu instinto de autopreservação. Outra mania bem esquisita que vi – dessa vez em um programa de televisão – era de comer tijolos. Era uma moça, lá pelos seus trinta anos de idade. Seu pitoresco costume consistia em arrancar pequenos pedacinhos de parede, roer e depois engolir. Quando questionada, a moça disse que, quando criança, foi induzida por sua avó a tornar-se a primeira sommelier de paredes do mundo. Sua avó lhe contara que seu pai comia papel de parede e argamassa quando infante. Fascinada pela história, a menina resolveu provar por […]

Drops – Chivas Regal Chivas Revolve

Na semana passada o Cão Engarrafado teve a oportunidade de participar de uma degustação às cegas de blended whiskies, sob o comando do mestre Cesar Adames, e com a participação dos amigos Maurício Salvi, do canal Whisky em Casa, Roberto Montemor, do blog O Toneleiro e Carlos Zibel Costa. Após a prova, Cesar pediu que os participantes escolhessem o melhor. E o eleito foi esta curiosa garrafa da foto. O Chivas Revolve, um blend super-premium da Chivas Regal Brasil, produzido em quantidades limitadas e disponível para compra apenas em Duty-Free shops de aeroportos internacionais. O preço médio é de US$ 85,00 (oitenta e cinco dólares). Apesar de não ter informação de nenhuma fonte confiável, este Cão suspeita que os principais maltes de sua mistura são Strathisla e Aberlour. O Chivas Revolve apresenta sabor de especiarias, mas sem perder o aroma floral característico da marca. Além de ser uma delícia, a garrafa é quase, diremos, lúdica. Ela possui um pino ao centro, tipo um peão. Um peão cheio de um whisky delicioso. Um peão para adultos. Uma variedade de edições do Chivas Revolve foi lançada ao longo dos anos. Havia versões com graduação alcoólica de 50%, e outras com idade estampada […]

O Cão Sofisticado – Royal Salute 21 Anos

Já estamos em dezembro, o mês mais monomaníaco do ano. Em dezembro tudo que se vê e ouve é Natal. Natal é a época de ser espetado pelos galhos de um pinheiro de mentira que você está tentando montar, enquanto passa um calor senegalês. É a época de ouvir músicas insuportáveis em lojas apinhadas, tentando comprar um presente para aquele seu parente distante que você esqueceu que existia. Aliás, nem me venha dizer que você gosta do Natal exatamente porque consegue reencontrar seus parentes mais distantes. Porque eles são seus parentes mais distantes exatamente por isso. Porque se você – ou eles – se esforçasse um pouquinho mais, talvez pudesse vê-los mais de uma vez por ano. Exceto se for longe. Aí você tem uma boa justificativa. Por exemplo, eu. Para mim, neste caso, longe é qualquer lugar depois da drogaria que fica na esquina da minha casa. Mas Dezembro é também o mês da generosidade. O mês de dar e receber presentes. E ainda que eu prefira as pessoas livres do efeito do Valuim que as acomete no Natal, é inegável a satisfação de receber uma boa lembrança. Principalmente de quem você realmente gosta. Mesmo que você não goste […]

Drink do Cão – Green Gimlet

Uma improvável gota de suor escorrendo pela lateral das minhas costas não deixa dúvidas. Estamos quase no verão. O verão é a estação do ano em que tudo gruda. Cadeiras, maçanetas, o metrô, o corrimão da escada e seus braços.  E também aquele seu coleguinha, cujos braços também estão pegajosos, e a uma distância preocupante dos seus. No verão, tudo adquire uma aderência meio porca. O verão é uma prova de enduro físico infinito, em que o troféu é não chegar azedo no final do dia. Ele tem, inclusive, um odor característico. É aquele aroma que está no táxi que você pegou, no vagão do metrô que você entrou e no elevador do seu escritório. É algo que lembra um refogado de alho, cebola e pimenta. Um refogado de alho, cebola e pimenta absolutamente asqueroso. Talvez eu tenha chegado prematuramente à andropausa, mas o calor do verão é quase insuportável. Quase porque eu não tenho opção. Quando está frio, eu posso simplesmente colocar uma jaqueta ou malha. No calor não. No calor, a melhor opção é ficar nu. Mas isso eu só posso fazer em casa e, mesmo assim, correndo o risco de grudar no mobiliário. Além disso, o calor deixa […]

Solo Suite – Laphroaig 10 anos

Hoje vou falar de coisa séria. Falarei de cultura. De música erudita. Falarei do Arvo Pärt (pronuncia-se Pért, caso você esteja se perguntando o que um trema está fazendo em cima de um “a”). Arvo Pärt é um compositor nascido na Estônia, em 1935, e vivo até hoje. Arvo é responsável por composições antológicas, que você certamente já ouviu. Certamente já ouviu, mas nunca soube que eram dele. O exemplo mais claro é Spiegel im Spiegel. Spiegel im Spiegel – que, em alemão, significa espelho no espelho – foi composto por Pärt em 1978, logo antes de abandonar a Estônia. A composição figurou em filmes como Gerry, de Gus van Sant e Dans le Noir Du Temps, um curta-metragem de Jean Luc Godard que trata sobre, bom, é difícil dizer com certeza sobre o que trata o curta de Godard. Mas este Cão suspeita que seja sobre a morte do cinema como arte, em uma era que tudo vira mercadoria. A peça clássica foi originalmente escrita para violino e piano, em um estilo chamado tintinnabuli. O estilo, criado pelo próprio Arvo, e cujo nome é uma onomatopeia que beira o ridículo, é caracterizado por duas vozes.  Ambas tonais. Uma delas, […]

Fumaça Negra – Johnnie Walker Double Black

Este texto foi originalmente escrito pelo Cão para a Single Malt Brasil no começo de 2015. Mas coisas boas sempre devem ser relembradas. Afinal, recordar é viver. Vou ser objetivo com vocês. Eu adoro qualquer coisa consumível que seja defumada. Isso inclui sólidos e líquidos. Quer me ver feliz? Faça um jantar que inclua, em algum momento, calabresa defumada, bacon ou salmão defumado. Ou os três. Com um bacontini. Sim, isso é um Martini com bacon. Inclusive, há uns meses atrás, durante uma visita ao supermercado, achei que tinha feito uma descoberta que mudaria para sempre minha vida. Fumaça líquida. Fumaça líquida é uma espécie de essência, que você pode borrifar em cima de alimentos, para deixá-los com um certo aroma de fumaça. Ou seja, delícia líquida. Comprei logo dois vidros. Na minha imaginação, eu poderia defumar tudo agora. Pense em um hambúrguer defumado, com pão defumado, queijo defumado e alface defumado. Perfeito! Meus primeiros testes com a fumaça líquida foram ótimos. Inclusive, fiz um espaguete com azeite, alho, pancetta, fumaça líquida e mais umas coisinhas que ficou bem decente. Só que aí eu comecei a ficar corajoso. E com a coragem, veio naturalmente a estupidez. Alguém aí já tentou […]