Como Curar sua Ressaca – Whisky Bloody Mary

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A medida que vamos nos aproximando das festividades de final de ano, o mundo é acometido por uma estranha e inexplicável sensação de amor ao próximo. Mesmo que o próximo esteja bem longe de ser próximo. Provas disso são aqueles seus conhecidos, que você achou que haviam morrido, sido presos ou emigrado para algum lugar primitivo – afinal, você não tinha notícias deles há mais de dez meses – mas que, magicamente, reaparecem no final do ano. Reaparecem geralmente tentando combinar algum evento. E, normalmente, algum evento que envolve álcool.

Porque a verdade é que o álcool é um excelente lubrificante social. O álcool simplesmente vaporiza aquele momento meio constrangedor, quando o assunto acaba. E, se consumido de forma relativamente prudente, torna-se ferramenta essencial para sobreviver às inconvenientes festividades de final de ano.

Entretanto, o problema chave aí é a prudência. Porque ninguém está isento de cometer um erro e exagerar. E, com o exagero, vem a ressaca. Tanto a moral quanto a física. Contra a primeira, não há muito a fazer. Se você ficou nu, dançou sobre a mesa ou dormiu no chão, o melhor que tem a fazer é tentar esquecer, e não mencionar o assunto. Nunca. Nunca mais.

Nem se você tirar uma foto com o Tom Hanks.
Nem se você tirar uma foto com o Tom Hanks.

Já a ressaca física é remediável. Ela é cientificamente conhecida como veisalgia. Falarei um pouco sobre ela hoje, e como curá-la.

Etimologicamente, veisalgia é a combinação da terminação “algia”, vindo do grego άλγος (álgos), que significa dor, com a palava Kveis, proveniente do norueguês que significa – de forma brilhante, na minha opinião – o desconforto advindo da total, absoluta, exorbitante, insana e imprudente devassidão. Ou algo assim.

A ressaca pode ser causada por diversos fatores. O mais frequente deles é a desidratação e consequente perda de vitaminas hidrossolúveis e eletrólitos. A maioria destas vitaminas pode ser reposta pela ingestão de certos vegetais. O mais completo deles sendo, sem a menor dúvida, o tomate. O tomate possui vitaminas A e C, beta-caroteno e licopeno, um antioxidante. O tomate é o antídoto mágico contra a ressaca. Por isso, nunca se esqueçam: comam seus vegetais.

Entretanto, segundo o pesquisador Adam Rogers, autor do livro “Proof: The Science of Booze”, a desidratação não é a única causa da ressaca. Deve-se considerar a hipótese da veisalgia ser também causada por intoxicação por metanol.

O metanol está presente, em pequena quantidade, em quase todas as bebidas alcoólicas, por ser um produto derivado da fermentação. Nosso corpo transforma o metanol em formaldeído e acido fórmico. São estas substancias as responsáveis, em parte, pelos sintomas pouco agradáveis da ressaca.

bloody Mary
Como posso estar com tanta sede hoje se bebi tanto ontem a noite?

Não há muito a fazer para acelerar o processo de eliminação do metanol. Exceto por uma coisa. Algo que você jamais imaginaria: mistura-lo com álcool. Inclusive, em caso de intoxicação por metanol, é prática a injeção daquele, de forma a bloquear a transformação do metanol em formaldeído e ácido fórmico, e ganhar tempo.

Considerando o poder regenerador do tomate e a capacidade curativa do álcool, que os intrépidos bartenders do passado inventaram o Bloody Mary. O Bloody Mary é o clássico coquetel do rebound. Ele é composto, basicamente, por suco de tomate, tabasco, suco de limão, molho inglês e vodka. Há uma variação com gim, conhecida como Red Snapper.

Ninguém sabe ao certo como surgiu o Bloody Mary. A teoria mais aceita é que tenha tomado forma pelas mãos de Fernand Petiot, bartender parisiense do Harry’s Bar, um dos locais mais frequentados por Ernst Hemingway. O coquetel era uma das bebidas favoritas do escritor.

E ainda que o Bloody Mary e o Red Snapper sejam excelentes, eles possuem um defeito. Um único problema em sua cândida – ou talvez rubra – existência. Eles não levam whisky. Sorte que isso é completamente remediável.

Assim, preparem suas aspirinas e pastilhas efervescentes. Aí vai mais uma página para seu manual de sobrevivência no mundo pós-neuro-apocalíptico da veisalgia. Uma refeição completa em um copo. E, como de costume, com a melhor panaceia de todos os tempos: Whisky.

WHISKY BLOODY MARY

INGREDIENTES:

  • 2 doses de blended whisky ou whiskey*
  • 4 doses de suco de tomate
  • 1/3 dose de suco de limão
  • 2 a 3 dashes (sacudidelas) de molho inglês (Worcestershire Sauce)
  • Tabasco
  • Sal (se você quiser dar uma aprimorada, faça uma mistura de ½ sal e ½ salsão picado bem fininho)
  • Pimenta do reino.
  • Rodela de Limão (opcional)
  • Ramo de salsão (opcional)
  • Mixing Glass (ou qualquer vasilhame que você possa usar para misturar coisas)
  • Colher bailarina (ou qualquer colher que você consiga enfiar dentro do Mixing Glass sem colocar seus limpos dedos dentro do coquetel)
  • Copo Highball (alto) ou tumbler (baixo)
  • Três pedras de gelo pequenas, ou uma grande.

PREPARO:

  • Colocar todos os ingredientes bebíveis dentro do mixing glass. Não, o ramo de salsão e a rodela de limão não são bebíveis. Nem a colher bailarina. Se estiver em dúvida sobre o que é bebível ou não, ressaltei em itálico os itens que devem ser misturados nesta parte. Mexer cuidadosamente.
  • No copo do coquetel (que pode ser highball ou tumbler) colocar gelo. Descer – sem coar – os ingredientes misturados no mixing glass.
  • Se você estiver se sentindo sofisticado, decore o copo com o ramo de salsão e a rodela de limão, fazendo um corte no raio da fatia, e colocando-a na lateral do copo.

(*) Whisk(e)y – Você pode usar seu whisk(e)y de preferência aqui. Apenas tenha em mente que um bourbon deixará o coqutel mais adocicado, enquanto que um whisky defumado o tornará mais seco. Este Cão utilizou Famous Grouse dessa vez.

3 thoughts on “Como Curar sua Ressaca – Whisky Bloody Mary

  1. Depois de sofrer anos de ressacas incontáveis, hoje, quando sinto que vou beber um pouco mais, procuro alternar os goles de whisky com goles de água. Com isso evito as ressacas subsequentes. Pra mim, pelo menos, funciona.

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