Hoje é um dia muito importante para o whisky. Vinte e cinco de janeiro é a data de nascimento do poeta escocês Robert Burns.
Robert Burns, também conhecido como o bardo de Ayrshire, é considerado o poeta mais importante de toda a história da Escócia. Nascido no século dezoito, ele foi um pioneiro no movimento romântico, bem como um ícone cultural e político. Burns abordou em sua obra temas tão diversos quanto socialismo, liberalismo, mulheres, amores platônicos e cultura popular.
A maior parte da obra de Burns foi escrita em Scots, dialeto escocês. Um de seus mais notórios poemas é “Address to Haggis”, que, em uma tradução mais ou menos safada, significaria algo como “Homenagem ao Haggis” ou “Homenagem a uma Salsicha”. Ou talvez, de uma forma mais livre “Ode ao Salsichão de Bode”. É isso mesmo, eu não escrevi errado. É um poema sobre um embutido. Um embutido que consiste, basicamente, das tripas moídas e cozidas de um bode, embutidas em seu estômago. O prato preferido de Burns.
Até aí, Robert Burns, admirador do reino das salsichas, não tem muitos pontos de tangência com whisky. Mas acontece que Robert Burns é um orgulho nacional. Um orgulho nacional como Haggis – ainda que eu tenha dificuldade de entender de onde vem este orgulho – e, claro, como whisky.
Dada a importância histórica do poeta, bem como a tendência das pessoas de agregar coisas boas para criar um momento ótimo, comemora-se o nascimento de Robert Burns de uma forma bastante escocesa. Comendo Haggis e bebendo whisky. Um costume que poderia ser facilmente adotado por nós.
Só que Haggis não é lá o prato mais apetitoso do mundo – confie neste Cão, ele comeu mais de uma vez. Então, meus caros, minha sugestão é fazer o que nós, brasileiros, fazemos de melhor. Adaptar o costume.
Preparem uma boa linguiça calabresa de tira-gosto, sirvam-se de uma dose de seu whisky preferido e sentem-se confortavelmente em suas poltronas, contemplando este acalentador 25 de janeiro.
Se estiverem com alma poética, podem recitar a Homenagem ao Haggis, traduzido (e mais ou menos adaptado) ebriamente por este Cão que vos escreve.
Sério, leiam. É fantástico.
ODE AO HAGGIS – ROBERT BURNS
Bela e plena é sua honesta e alegre face
Grande mestre da raça das salsichas!
Acima de todas elas é o seu lugar
Estômago, tripa ou intestinos,
Você é digno de uma graça
Tão longa quanto meu braço
A grande travessa você preenche
Suas curvas como uma colina distante
Seu espeto seria capaz de reparar um moinho
Em tempo de necessidades
Enquanto através de seus poros o orvalho condensa
Como esferas âmbar
Sua faca vê um rustico fio de trabalho
E a ti corta imediatamente
Destrinchando suas vívidas entranhas brilhantes
Como uma fossa
E então, ah, que gloriosa visão
Vaporosamente quente, rico.
Então, colher a colher, o exagero e o esforço,
O derradeiro do Diabo, os convivas avançam
Até que suas barrigas inchadas, uma a uma
Estejam curvadas como um tambor
Aí o ancião da mesa, quase a explodir
“que delícia” murmura.
E será que o ragu francês
Ou uma mistura que enojaria uma porca
Ou fricassê que a faria vomitar
Em nojo perfeito
Olhe com escárnio e desdenho
Para tal jantar?
Pobre diabo, vê-lo sem sua escória
Tão débil quanto um desvigorado ataque
Suas frágeis pernas, como fortes açoites
Seu punho, uma noz;
Uma inundação de sangue em um campo de batalha
Ah, que impróprio!
Mas veja o Camponês, alimentado de haggis
A terra trêmula ressoando sua marcha,
Aplaudam em seu amplo punho, uma lâmina
Que ele fará assoviar
E pernas, braços e cabeças cortará
Como os brotos de cardo
Seus poderes, que conduzem a humanidade
E lhe apresenta suas contas e impostos
A Velha Escócia não quer nada aguado
Que se espalha em pratinhos de madeira
Mas se quiser ouvir sua prece graciosa
Dê a ela um Haggis!
Laphroaig An Cuan Mor, Glenmo Signet e Macallan Oscuro, que seleção, hein!
De todas, só não consegui identificar a que está do lado do Dalmore 15, bem ao centro, e que parece estar lacrada ainda.
Abraço, Cesar.
Ahahaha tá bom de olho, hein Cesar? A garrafa baixinha com selo verde é um Glenrothes Vintage 1985!
Da esquerda pra direita, do fundo pra frente: Glenlivet Founder’s Reserve, Glenfiddich 19 Madeira Cask, Glenmo Signet, Laphroaig 18, Lagavulin Distiller’s Edition 2014, Jura 16, Dalmore 15, Glenrothes Vintage, Macallan Oscuro, Aberlour A’Bunadh e Balvenie Doublewood. E o An Cuan Mor, que poderia ser rebatizado de amor líquido.
Bom dia , retificar ” nascido no sec 16″ , para “NASCIDO NO SÉCULO 18”.
TUKA SP ,:.