Johnnie Walker Blue Label Ghost & Rare Brora

Quando você presta atenção no tédio, ele se torna inacreditavelmente interessante. Quem primeiro proferiu essa frase foi Jon Kabat-Zinn. Um cara que nunca havia ouvido falar na vida, e que, para falar a verdade, ainda não sei bem quem é. Mas tenho a sensação de que ele está certo. Porque descobri sua frase justamente em uma tarde em que tentava aliviar um pouco o tédio pesquisando frases espirituosas. O tédio é, talvez, o pai de grandes descobertas. E das pequenas também. Foi o tédio que me fez assistir Berlin Aexanderplatz, do Fassbinder, por longas quinze horas. E aprender – com uma ajudinha da internet – que leite de hipopótamo é rosa, que polvos tem três corações, e que a Universidade de Oxford é mais antiga que o Império Asteca. Mas acho que uma das descobertas mais legais que o tédio me proporcionou recentemente foi sobre o caviar do Esturjão Beluga Albino. O caviar do esturjão beluga albino é caríssimo, ainda mais se for de uma variedade conhecida como Almas. Essa é provavelmente a comida mais cara do mundo. Um quilo custa vinte e cinco mil dólares. É que o tal do peixe, que vive no Mar Cáspio, é raríssimo. E […]

Johnnie Walker Aged 18 years

Você sabe o que é rebranding? Bem, segundo a Wikipedia, “Rebranding é uma estratégia de marketing, no qual uma organização decide alterar a sua denominação, ou o seu logotipo, ou o seu design, ou outros elementos identificativos, para formar uma nova identidade.” Enquanto há centenas de histórias de rebrandings vitoriosos, como é o caso da Apple e da Burberry, essa técnica é arriscada, e pode conduzir a um desastre. Uma história bem conhecida – e hilária – é o do canal Sci-fi, hoje conhecido como Syfy. É que o Sci-Fi ia bem. Mas em 2009 alguém lá dentro achou que seria uma boa ideia mudar a grafia do nome do canal, para atrair novos espectadores. Aí, depois de uma extensa pesquisa com consultores renomados, a empresa se rebatizou Syfy. Segundo seu confiante presidente “syfy é como você digitaria. É muito mais cool e atualizado“. E é mesmo. Muito mais atualizado. Mas é também como você se refere à sífilis em muitos países do mundo. Por conta disso, a mudança tornou-se motivo de piada nas redes sociais. Afinal, ter seu nome associado a uma DST nunca é bom. Nem se você for marca de camisinha. Recentemente a Johnnie Walker também passou por um […]

Johnnie Walker Blender’s Batch Red Rye Finish

Esses dias estava lendo sobre o AVE Mizar. Uma invenção ridícula, que entrou nos anais da história como como o famoso Pinto voador que matou seu inventor. O Mizar – assim como a rima cretina aliada ao trocadilho ridículo – era a prova de que a soma entre duas coisas ruins sempre resulta em algo muito pior. A ideia já era risível desde o começo. Um carro alado, resultado da fusão entre a estrutura de voo de um Cessna Skymaster e um Ford Pinto, um carro medíocre mesmo sem um par de asas. Seu inventor, Henry Smolinski, sonhava que quando o produto decolasse – figurativamente falando – todos pudessem ter seu automóvel voador. Tanto é que ele, ao se referir à invenção, dizia de uma forma indesculpavelmente misógina “até uma mulher vai poder combinar, ou separar, os dois sistemas sem qualquer ajuda”. Por sorte, o projeto morreu com seu inventor. Durante um voo de teste pilotado pelo próprio Smolinski, uma das asas se soltou do carro, que despencou dos céus e ainda explodiu sobre um caminhão. Mas mesmo se o voo tivesse dado certo, todo o resto estava completamente errado. O Mizar foi uma das experiências mais malsucedidas da aviação. […]

Drops – Johnnie Walker 10 anos Rye Cask Finish

Esta é a última prova de uma série de três whiskies com finalizações pouco ortodoxas. Os dois primeiros foram o Jameson Caskmates Stout Edition e o Glenfiddich IPA Cask. E enquanto estes dois se baseiam no universo da cerveja artesanal – razão pela qual este Cão resolveu degustá-los no Empório Alto dos Pinheiros – o Johnnie Walker Rye Cask Finish se inspira no mundo da coquetelaria. O Rye Cask Finish é o primeiro de uma linha de blended whiskies que serão lançados pela Johnnie Walker com finalizações diferentes – a série Select Casks. Caso você não esteja familiarizado com o conceito de finalização – uma ideia absurdamente obvia e genial ao mesmo tempo – o Cão explica. É uma técnica que consiste em pegar um whisky que já tenha sido maturado em certa barrica (de bourbon, por exemplo) e transferi-lo para uma barrica que foi usada para uma bebida diferente (vinho do Porto, por exemplo). O uso da segunda barrica adiciona certos sabores e aromas à bebida, complementando as características emprestadas pela primeira. O Johnnie Walker Rye Cask Finish é um lançamento corajoso. Ele é, provavelmente, o primeiro Johnnie Walker que utiliza a técnica de finalização. Sua maturação ocorre em barricas de carvalho americano de ex-bourbon […]

Do Zênite – Johnnie Walker Blue Label

  O desejo é uma coisa interessante. Porque, na maioria das vezes, a satisfação é nada além de efêmera. Para mim, isso vale para quase tudo na vida. Um livro concluído, um prato experimentado, uma música descoberta. Mas quando pensamos em bens materiais, a coisa fica ainda mais estranha. Porque, curiosamente, as maiorias das coisas que desejo absurdamente são, na verdade, versões diferentes daquelas que já tenho. Por exemplo, eu tenho uma coqueteleira. Mas adoraria um Cardington Shaker do Cocktail Kingdom Reseve. Tenho também uma televisão. Mas uma SmartTV 4K não seria nada mau. Eu tenho um carro, mas ficaria bem mais feliz com um Maserati Quattroporte ou um Aston Martin Vanquish. E ainda que a razão me diga que qualquer destas coisas não faria a menor diferença – porque eu continuaria chacoalhando meus coquetéis do mesmo jeito, assistindo a mesma Galinha Pintadinha com a Cãzinha, e preso no mesmo engarrafamento – esta força schopenhauriana que sempre me faz desejar mais é implacável. Isso, fatalmente, se reflete nos whiskies. E na aurora de meu interesse, o Johnnie Walker Blue Label ocupava espaço de destaque. Aquele, imaginava, era o blended whisky mais caro da mais famosa linha de blended whiskies do […]

Da Atemporalidade – Johnnie Walker Green Label

Trinta de julho de dois mil e três foi um dia triste para os amantes de automóveis. Naquela data, enquanto lágrimas deslizavam de uma forma desnecessariamente dramática sobre as maçãs do rosto de milhares de espectadores, o último Fusca a ser fabricado no mundo também deslizava, ovacionado, para fora da linha de montagem da Volkswagen, em Puebla, no México. Concebido pelo engenheiro Joseph Ganz e desenvolvido por Ferdinand Porsche, o Fusca foi detalhadamente pensado para ser a materialização da praticidade sobre rodas. Todas as suas partes eram facilmente substituíveis e pouco custosas. O motor – refrigerado a ar, para evitar que o conteúdo do radiador congelasse no inverno – era forte o suficiente para cruzar as Autobahns sem esforço. Conhecido internacionalmente como Volkswagen Type 1 ou Volkswagen Beetle, o Fusca tornou-se, em 1972, o automóvel mais vendido da história. Vinte e um milhões, quinhentos e vinte e nove mil, quatrocentos e sessenta e quatro foram fabricados. Seu sucesso era absoluto. Tão absoluto que anos antes de ser descontinuado, já havia um modelo novo em produção, na Alemanha. Era o New Beetle. Mas, ao contrário de seu predecessor, o New Beetle era um objeto de desejo preconcebido. Com desenho retrô, curvas […]

O Cão Exclusivo – Johnnie Walker Odyssey

Essa semana marquei de encontrar um velho amigo em um bar. Acontece que o trânsito e o trabalho atrapalharam, e eu atrasei bastante. Chegando lá, o encontrei jogando paciência em uma das mesas na calçada. Ao invés de me cumprimentar, entretanto, ele simplesmente apertou minha mão e disse, com olhar vidrado nas cartas “Estava aqui pensando. A vida é como um jogo de paciência”. Notando que eu havia interpretado sua frase como uma provocação por meu atraso, ele se sentiu obrigado a elaborar. Mas é. Não tem nada a ver com esperar. É que a possibilidade de você vencer ou perder uma partida depende, principalmente, da sua mão. Não é uma questão de técnica, ainda que a técnica ajude um pouco.  Mas mesmo com todo talento do mundo, às vezes é praticamente impossível vencer, por conta da ordem em que as cartas foram embaralhadas. É como a vida. Percebendo que eu ainda aparentava levemente insultado e, além disso, não inteiramente satisfeito com aquela filosofia, ele continuou. Não é como, por exemplo, damas. Se, ao invés de paciência, estivéssemos os dois jogando damas, o mais talentoso – ou o mais experiente – venceria – disse ele. E continuou – Damas não […]

O Cão Maduro – Johnnie Walker Platinum Label

Ernst Hemingway, dentro da miríade de célebres e sábias frases, em uma carta a Ivan Kashkin, escreveu “Quando se trabalha o dia todo com sua cabeça, e tem-se a certeza que se trabalhará também no dia seguinte, o que mais poderia transmutar suas ideias e fazê-las funcionar em um plano diferente, como whisky? (…) A vida moderna, também, é geralmente uma opressão mecânica, e o álcool é o único alívio mecânico” Eu arriscaria, dentro de minha humildade, complementar a peça de sabedora de Hemingway. Eu diria que o cinema, a literatura e a música são como o whisky. Alívios eficazes, ainda que não tão mecânicos. Um bom filme, um grande livro, ou até uma bela canção têm o poder de nos colocar em uma rotação diferente daquela rotineira, despindo e transformando nossas ideias. São como peças coincidentemente complementares, cunhadas a quilômetros de distância, mas que, estranhamente, se encaixam perfeitamente. Sabendo disso, tento ler e ver filmes o máximo que posso. Tenho vontade de ver uma centena deles. Mas por algum motivo que foge à minha razão, há aqueles que sempre deixo para depois. Talvez por falta de tempo, ou talvez porque sinta que aquela película específica deveria ser assistida em […]

Starman – Johnnie Walker Black Label

Talvez eu tenha más notícias. Quer dizer, más notícias caso você seja um extraterrestre, um ermitão, ou tenha se isolado em um local sem internet, televisão, rádio ou telefone pelas últimas três semanas. Mas, olha, eu duvido que você já não saiba o que vou dizer. Afinal, você está lendo este post, o que indica que há uma conexão ativa entre vossa senhoria e o mundo exterior. De qualquer forma, aí vai. David Bowie faleceu. E nem me venha falar que isso não faz diferença, e que você nem gostava tanto de David Bowie assim. Porque até pode ser que você não seja um apreciador de suas músicas, mas sua influência em nossa sociedade é absolutamente incontestável. O homem por trás de Ziggy Stardust antecipou e criou tendências na música, na moda e na cultura de nosso tempo. Aliás, Bowie era um camaleão de tendências, adaptando-se com maestria e potencializando-as como ninguém. Bowie vendeu mais de cento e quarenta milhões de gravações ao longo de sua vida. Ganhou nove álbuns de platina, onze de ouro e oito de prata. Atuou em grandes sucessos, como O Grande Truque e Labirinto e compôs canções antológicas, como The Man Who Sold the World, […]

Fumaça Negra – Johnnie Walker Double Black

Este texto foi originalmente escrito pelo Cão para a Single Malt Brasil no começo de 2015. Mas coisas boas sempre devem ser relembradas. Afinal, recordar é viver. Vou ser objetivo com vocês. Eu adoro qualquer coisa consumível que seja defumada. Isso inclui sólidos e líquidos. Quer me ver feliz? Faça um jantar que inclua, em algum momento, calabresa defumada, bacon ou salmão defumado. Ou os três. Com um bacontini. Sim, isso é um Martini com bacon. Inclusive, há uns meses atrás, durante uma visita ao supermercado, achei que tinha feito uma descoberta que mudaria para sempre minha vida. Fumaça líquida. Fumaça líquida é uma espécie de essência, que você pode borrifar em cima de alimentos, para deixá-los com um certo aroma de fumaça. Ou seja, delícia líquida. Comprei logo dois vidros. Na minha imaginação, eu poderia defumar tudo agora. Pense em um hambúrguer defumado, com pão defumado, queijo defumado e alface defumado. Perfeito! Meus primeiros testes com a fumaça líquida foram ótimos. Inclusive, fiz um espaguete com azeite, alho, pancetta, fumaça líquida e mais umas coisinhas que ficou bem decente. Só que aí eu comecei a ficar corajoso. E com a coragem, veio naturalmente a estupidez. Alguém aí já tentou […]