Esta é a última prova de uma série de três whiskies com finalizações pouco ortodoxas. Os dois primeiros foram o Jameson Caskmates Stout Edition e o Glenfiddich IPA Cask. E enquanto estes dois se baseiam no universo da cerveja artesanal – razão pela qual este Cão resolveu degustá-los no Empório Alto dos Pinheiros – o Johnnie Walker Rye Cask Finish se inspira no mundo da coquetelaria.
O Rye Cask Finish é o primeiro de uma linha de blended whiskies que serão lançados pela Johnnie Walker com finalizações diferentes – a série Select Casks. Caso você não esteja familiarizado com o conceito de finalização – uma ideia absurdamente obvia e genial ao mesmo tempo – o Cão explica. É uma técnica que consiste em pegar um whisky que já tenha sido maturado em certa barrica (de bourbon, por exemplo) e transferi-lo para uma barrica que foi usada para uma bebida diferente (vinho do Porto, por exemplo). O uso da segunda barrica adiciona certos sabores e aromas à bebida, complementando as características emprestadas pela primeira.
O Johnnie Walker Rye Cask Finish é um lançamento corajoso. Ele é, provavelmente, o primeiro Johnnie Walker que utiliza a técnica de finalização. Sua maturação ocorre em barricas de carvalho americano de ex-bourbon de primeiro uso por, no mínimo, dez anos. Depois, ele é finalizado em barris que antes foram utilizados para Rye Whiskey americano – provavelmente Bulleit Rye. Sua base é o single malt Cardhu, e é engarrafado com graduação alcoolica tem 46% – propositalmente acima da maioria das expressões da marca, justamente para que possa ser utilizado para coquetelaria. A graduação alcoólica mais alta faz com que o whisky se destaque, mesmo se houver diluição ou mistura.
Quando provamos, o Johnnie Walker Rye Cask Finish nos surpreendeu muito positivamente. Aliás, mesmo antes de experimentá-lo, já ficamos muito bem impressionados. Afinal, ele é um whisky recentemente lançado, mas possui idade estampada no rótulo – dez anos – algo cada vez mais incomum nos dias de hoje. Além disso, é engarrafado a 46%, algo bastante raro. E mais raro ainda, é uma finalização experimental em um blended scotch whisky.
O aroma predominante do Rye Cask Finish é de coco queimado. Há um certo dulçor com especiarias que lembra os whiskeys americanos de centeio, como o Bulleit Rye e o Wild Turkey 101 Rye, mas muito mais discreto. O sabor é mais amargo do que o aroma, e a finalização é seca e com pimenta do reino e canela. O defumado característico da marca do andarilho está lá, mas apenas no final.
O Johnnie Walker Rye Cask Finish está disponível em certos mercados internacionais, como nos Estados Unidos e no Reino Unido, mas não virá para o Brasil. Ao menos, não neste primeiro momento. Assim, se você é um apaixonado por coquetelaria e encontrar um destes, tente experimentar. E se puder, até arrisque um Manhattan com ele. Sua coragem poderá ser recompensada.
JOHNNIE WALKER RYE CASK FINISH
Tipo: Blended Whisky com idade definida (10 anos)
Marca: Johnnie Walker
Região: N/A
ABV: 46%
Notas de prova:
Aroma: Mel, açúcar mascavo, um leve aroma de canela
Sabor: Mel, coco queimado, açúcar mascavo. Finalização média, progressivamente mais amarga e com especiarias: canela e pimenta do reino.
Disponibilidade: apenas lojas internacionais.
a vedete da vez…os cascos! muito bom! foi sobre isso que falávamos…Abraçø
Exatamente 🙂
Como vai, mestre?
Já havia visto este whisky no whisky exchange e achei o conceito muito interessante. Uma finalização diferente do usual e com graduação maior do que a média, destacando o whisky, conforme conversamos por e-mail outro dia.
O que resta é torcer para passar por aqui.
Grande abraço!
Agreed! Bem que a JW poderia trazer ele, ou a versão mais nova – Red Rye
Gostaria muito de degustá-lo ! Será que já tem aqui em Salvador?
Jorge, essa versão não tem no Brasil, infelizmente!
Fugindo do assunto, esse Smooth Ambler da foto é seu? O que acha dele?
João, sim sr. Ele é bem bom. Há uma diferença nítida de complexidade e corpo entre ele e o 101 Rye, por exemplo. Aliás, é uma diferença mais clara do que entre o 101 Rye e um bulleit, por exemplo, por incrível que pareça. O Smooth Ambler é mais amargo, e tem um certo sabor herbal de fundo que os demais não tem.
Mas também, é uma garrafa de nicho. Dá um pouco de dó toma-lo em coqueteis.
Bem bacana.
Pergunto pois tenho aqui um Smooth Ambler Old Stout 10. Acho muito bom, diferente dos bourbons que costumo tomar.
Também não uso em coqueteis 🙂