Especial Jameson Bartenders Ball – Liffey – O Cão Engarrafado

Este é o terceiro e último post sobre os coquetéis provados durante o Jameson Bartenders Ball Bar Crawl, que, a convite da Jameson Irish Whiskey, tivemos o prazer de participar. O primeiro foi o Barrel Cocktail, de Vinícius Gomes e o segundo, Irish Pleasure, de Jean Dall Acqua. O drink dessa semana é o Liffey, elaborado pela bartender Barbara Salles, chefe de bar do Alberta#3. O Liffey é um coquetel cítrico e adocicado. Coincidentemente, é um contraponto perfeito com o coquetel de Dall Acqua (cítrico e com especiarias) ou o de Vinicius (seco e levemente amargo). Há um leve sabor de pimenta, mas que está longe de deixar o coquetel realmente picante. O que é bom. Segundo Bárbara, o coquetel foi elaborado com uma combinação de ingredientes que agradasse o paladar da bartender, mas que fosse também compatível com o gosto da maioria dos brasileiros, que tendem a preferir bebidas doces. Nas palavras de Bárbara “Como a maioria dos brasileiros têm um paladar mais adocicado, pensei em um coquetel que conseguisse satisfazer a todos. O cítrico do limão siciliano ajuda a suavizar o sabor do álcool e escolhi o xarope de maracujá por seguir uma linha mais cítrica, além de bem […]

Especial Jameson Bartenders Ball – Irish Pleasure

Este é o segundo post de uma série de receitas dos coquetéis provados durante o Jameson Bartenders Ball Bar Crawl, que, a convite da Jameson Irish Whiskey, tivemos o prazer de participar. O primeiro foi o Barrel Cocktail, de Vinícius Gomes. O Coquetel desta semana é o Irish Pleasure, criado pelo bartender Jean Dall Acqua, do restaurante Bossa. O Irish pleasure é um coquetel predominantemente cítrico, à moda de um whisky sour, mas com sabores secundários de nozes e especiarias. A ideia de Jean foi criar um drink com cara brasileira, mas que preservasse o toque irlandês do Jameson Irish Whiskey. Segundo Dall Acqua, “Para criar este coquetel fui pego de surpresa, somente dois dias antes de apresentar o drink, fui avisado sobre o Campeonato da Jameson. (…) basicamente todos os ingredientes eu já tinha em meu local de trabalho, exceto o mel que é temperado com pimenta, tabasco e vinagre de maçã. Acabei achando esse ingrediente em nossa cozinha. (usado no prato Medalha de Tapioca –  uma entrada em nosso restaurante)” Jean diz que, ao provar o mel temperado, notou que era perfeito para o coquetel. O ingrediente era, ao mesmo tempo, cítrico, adocicado e apimentado. Para aguçar o […]

Drink do Cão – Wood Aged Boulevardier

Quando fiz quatorze anos resolvi que tocaria um instrumento. Minha escolha foi tão improvável quanto infeliz. Escolhi o violoncelo. Até hoje os motivos que me fizeram tomar esta decisão desafiam minha lógica. Porque é difícil demais. Tocar violoncelo foi provavelmente a coisa mais difícil que eu me propus a fazer durante minha vida inteira. Violoncelo exige disciplina, tempo e estudo. E o meu eu recém púbere não atendia nenhum destes prerrequisitos. Eu era indisciplinado, preguiçoso e preferia ocupar meu tempo com todo tipo de futilidade efêmera. Além de que minha coordenação sempre foi comparável àquela de um canhoto bêbado escrevendo com a mão direita. Por essa razão, nunca fui um bom violoncelista. Depois de muitos anos, o máximo que consegui foi, orgulhosamente, executar de uma forma porca o primeiro movimento do concerto de Elgar. Mas minha versão da peça do compositor clássico inglês mais se assemelhava a uma briga entre um serrote e um pterodátilo. Um pterodátilo com olhos de laser. Pablo Casals, no entanto, foi um dos maiores mestres do violoncelo de todos os tempos. Suas execuções, mesmo das peças mais difíceis do repertório erudito eram absolutamente irretocáveis. E apesar de já ter atingido a perfeição há muito tempo, […]

Especial Jameson Bartenders Ball – Barrel Cocktail

Este é o primeiro de uma série de três posts, com as receitas dos coquetéis que provamos durante o Jameson Bartenders Ball Pub Crawl. Porque falta de tempo – ou preguiça – não deve ser um empecilho para se beber bem. E experimentar coisas novas, claro. Se você perdeu o post introdutório sobre o Jameson Bartenders Ball, confira aqui. Durante o evento, tivemos a oportunidade de conhecer Vinicius Gomes, chefe de bar do Riviera, e criador do coquetel Barrel Cocktail, que participa da competição organizada pela Jameson. O Barrel Cocktail é um drink predominantemente seco, com amargor e cítrico pronunciado. Há um dulçor que surge somente no final. É um coquetel com complexidade e sabor forte, mas que preserva o sabor de sua base – o Jameson Irish Whiskey. Vinícius, com oito anos de experiência atrás do balcão e passagem pelo Beato e Paradiso Bar e Cucina, preparou a rodada de coquetéis que foram servidos com a mesma naturalidade que nos explicou o conceito por trás de sua criação. Aliás, fez as duas coisas ao mesmo tempo. Sem gaguejar. E – mais importante de tudo – sem derramar nada. Segundo Vinicius, o desenvolvimento do coquetel busca responder duas questões básicas […]

O Chef Canídeo – Whiskey Carbonara (com salmão defumado)

Quando era criança, meu prato preferido era macarrão. Preferencialmente, com qualquer molho que possuísse mais de cem calorias por colher de sopa. Quatro queijos e molho branco eram meus favoritos, de longe. Talvez por isso, quando adolescente, eu estivesse um pouco acima do peso. Nada demais. Uns dezessete, vinte quilos. No mínimo. Lá pelos meus dezenove anos de idade, resolvi que faria uma reeducação alimentar, de forma que eu e meu umbigo pudéssemos novamente nos encarar. Assim, comecei a dispensar a sobremesa, troquei o molho branco pelo de tomate e incluí em meu cardápio algo inimaginável para mim. Salada. E a medida que o tempo passou, comecei a adquirir preferências por alguns alimentos que antes desprezava. Peixes, por exemplo. Frutos do mar. Chocolate amargo. E ainda que meus horizontes tenham se expandido consideravelmente durante essa minha expedição pelo mundo da gastronomia, a verdade é que o bacon e o macarrão sempre tiveram seu espaço reservado no meu coração gástrico. Hoje em dia, uma das minhas massas preferidas quando quero relembrar a aurora de minha maioridade é o clássico carbonara. O Carbonara é a versão adulta dos meus tão estimados pratos de infância. Ele é também a prova de que coisas […]

Drink do Cão – New York Sour

Sabe, vou contar um negócio para vocês. Eu queria gostar mais de vinho. E eu sei que gostar de whisky também é bacana, e que whisky é a melhor bebida do mundo. Mas vinho é algo bem mais amplamente consumido. E, além de tudo, ainda faz bem à saúde. Eu quase invejo aquelas pessoas, sentadas nos restaurantes elegantes, girando suas enormes taças bojudas com o líquido rublo dentro. Rodopiam, observam a bebida contra a luz e comentam sobre as lágrimas que escorrem pelas bordas do cálice. Aproximam suas narinas cuidadosamente dos copos e fazem um comentário de um verdadeiro connoisseur. É sempre um comentário digno de um sommelier.  Meu sonho é poder dizer algo como “meu deus, como adoro o blend entre Malbec, Cabernet Franc e Melot” e realmente entender o que estou falando. Como disse acima, vinho também faz bem à saúde. Ele reduz as chances de infarto, doenças coronárias e diabetes. Auxilia na prevenção ao Alzheimer, à demência e uma porção de cânceres diferentes. O resveratrol, substância encontrada nas sementes e películas de uvas e vinho tinto, é um antioxidante poderoso. As propriedades terapêuticas do vinho eram conhecidas desde a antiguidade. Ele era considerado como uma alternativa segura […]

Como Curar sua Ressaca – Whisky Bloody Mary

A medida que vamos nos aproximando das festividades de final de ano, o mundo é acometido por uma estranha e inexplicável sensação de amor ao próximo. Mesmo que o próximo esteja bem longe de ser próximo. Provas disso são aqueles seus conhecidos, que você achou que haviam morrido, sido presos ou emigrado para algum lugar primitivo – afinal, você não tinha notícias deles há mais de dez meses – mas que, magicamente, reaparecem no final do ano. Reaparecem geralmente tentando combinar algum evento. E, normalmente, algum evento que envolve álcool. Porque a verdade é que o álcool é um excelente lubrificante social. O álcool simplesmente vaporiza aquele momento meio constrangedor, quando o assunto acaba. E, se consumido de forma relativamente prudente, torna-se ferramenta essencial para sobreviver às inconvenientes festividades de final de ano. Entretanto, o problema chave aí é a prudência. Porque ninguém está isento de cometer um erro e exagerar. E, com o exagero, vem a ressaca. Tanto a moral quanto a física. Contra a primeira, não há muito a fazer. Se você ficou nu, dançou sobre a mesa ou dormiu no chão, o melhor que tem a fazer é tentar esquecer, e não mencionar o assunto. Nunca. Nunca […]

O Chef Canídeo – Filé Flambado com Whisky Defumado (e risoto de whisky)

Quem me conhece sabe que não tenho grandes restrições alimentares. Sou capaz de comer quase tudo que pode ser considerado um alimento. Quer dizer, quase tudo. Quase tudo porque eu nunca comi grilo, ou barata. E eu sei que na China se come isso como se fosse camarão sete barbas. Mas sabe, em condições normais, eu não vejo nenhum bom motivo pra comer um grilo. Na verdade, vamos impor alguns limites – não existe nenhum bom motivo para comer qualquer inseto. O que muita gente não entende é que, apesar de eu comer quase absolutamente tudo que seja humanamente comestível, eu tenho preferências. Por exemplo, adoro carne mal passada ou crua. Quer me ver feliz? Faça um steak tartar. Gosto muito também de peixe defumado. Aliás, gosto de qualquer coisa – qualquer coisa mesmo – que seja defumada. Sabe, pensando bem, talvez se me servissem grilo defumado, eu comeria. Mas eu também tenho ódios. Detesto frango. Veja bem, não é que eu não coma frango. Eu como. Com desgosto. Também odeio morangos. Morangos estão entre as frutas mais desprezíveis de todo o universo botânico. Eles existem com o único e exclusivo propósito de estragar alimentos que passariam perfeitamente bem sem […]

Drink do Cão IV ou Fidedignidade – Smoked Rob Roy

Toda vez que assisto um filme de Hollywood baseado em fatos reais, tenho o mesmo pensamento. Que aquilo aconteceu com gente bem mais feia, e mais ou menos daquele jeito. Geralmente, mais para menos do que para mais. E Rob Roy, estrelado por Liam Neeson e dirigido por Michael Caton-Jones, não é uma exceção. O filme chegou por aqui com o nome de Rob Roy: A Saga de Uma Paixão. Um título bem cretino, que já indicava que a história real de Robert Roy MacGregor e aquela retratada na tela teriam poucos pontos de contato. E tudo bem que é divertido assistir o Liam Neeson matando todo mundo (aliás, só por isso fizeram Busca Implacável 1, 2 e 3, certo?), mas tudo tem limite. Primeiro, Robert Roy era horroroso. Não que o Liam seja um exemplo de beleza masculina, mas seu grau de semelhança com Rob é o mesmo que eu tenho com um nematelminto. Em segundo, o filme simplesmente desliza sobre acontecimentos históricos importantíssimos, como a batalha de Glen Shiel, capitulo essencial na vida do herói escocês. Ao invés disso, o diretor insiste em focar a trama em Robert e sua esposa, Mary, cumprindo com suas obrigações conjugais em um campo […]

Drink do Cão – Boulevardier

Você já tomou Negroni? Negroni é um drink feito, essencialmente, de gim, vermute tinto e Campari. Hoje, acho uma das coisas líquidas mais deliciosas que existe fora do universo do whisky. Mas minha relação com aquele coquetel nem sempre foi assim. A primeira vez que tomei um Negroni tinha pouco mais de dezoito anos. E queria morrer. Achei uma das piores coisas que já tive o desprazer de beber. Incluindo uma vez que acidentalmente tomei um pouco de gasolina tentando fazer um sifão para abastecer meu carro. Sério. Teria preferido fazer qualquer coisa a terminar aquele coquetel. Se, naquele momento, alguém me desse a escolha entre ser atravessado por um cutelo gigante em brasa ou bochechar aquele Negroni, teria preferido o cutelo escaldante. Fácil. Eu devo ser muito teimoso ou absolutamente estúpido, porque aquela experiência horrível não me dissuadiu de experimentar o drink mais uma meia dúzia de vezes. E o mais estranho é que, à medida que tomava, passava a gostar cada vez mais daquele negócio amargo. Até que passei a adorá-lo.     Mais recentemente, comentei com Fernando Lisboa, barman por trás do Bar Cuttelo e dos Coquetéis Treze, que era uma pena que o Negroni não tivesse […]