Todos temos rotina. A minha é, na verdade, bem simples. Na maioria dos dias, ela se resume a tomar café até ficar tremendo, e depois aparar as arestas pontudas com algum whisky, cerveja ou coquetel. Não tem muito segredo – é uma espécie de sistema de freios e contrapesos. Às vezes decido que não vou beber, e aí, tomo menos café também. Não. Mentira – tomo café igual e fico com insônia mesmo. Vocês já me conhecem bem demais para tentar enganá-los.
E ainda que este blog explore muito bem a segunda etapa de minha rotina – a do whisky, cerveja e coquetel – ele se furta a falar da primeira. A do café. Que é super importante. Aliás, café é uma maravilha. Ele melhora seu rendimento físico, ajuda a perder peso e a queimar gordura, aumenta a atenção e reduz o risco de uma porrada de moléstias, como parkinsons, aushemier e infarto.
Tendo notado esta falta, decidi, então, produzir aqui um post que há muito pretendia. De um coquetel tão amado quanto detestado. O polêmico e – entendo que a adjetivação que segue é discricionária – delicioso espresso Martini. Um coquetel que une dois momentos do dia em uma única taça. Como aquela teoria, que diz que o tempo não existe, e que futuro, presente e passado acontecem e aconteceram simultaneamente.
De acordo com uma matéria (muito boa, aliás) veiculada no website Clube do Barman, o Espresso Martini teria sido criado por Dick Bradsell na década de oitenta, a pedido de uma cliente, cujas instruções foram “crie um drink que me acorde e ‘detone’ (substitua “detone” aqui pela palavra com f) ao mesmo tempo“. Bradsell não teve dúvidas – uniu o destilado mais popular da época com café, deu um toque de licor de café e decorou com alguns grãos.
O Espresso Martini é um coquetel curioso. Primeiro, porque ele não tem nada de martini, exceto a taça. Em segundo, porque, especialmente por conta do café, ele pode variar de horrível para delicioso com uma facilidade que poucas misturas conseguem. Basta escolher uma vodka muito alcoolica, ou um café que não aguente a mistura, para produzir algo intragável.
Para a versão ora apresentada, este Cão escolheu a Haku Vodka. A escolha se deu especialmente por conta da textura da bebida. A Haku tem uma textura aveludada e álcool bem integrado – algo importante no coquetel. E, como café, sacrificou um espresso da recém-criada Floraria.co – da Fazenda Capadócia. Mas, caso você não tenha estes ingredientes, lance mão daquilo que estiver ao alcance. Apenas tome cuidado com o equilíbrio.
Assim, caros leitores, aí vai a receita de um clássico moderno, um coquetel quase paradoxalmente relaxante e estimulante. O Espresso Martini. E não, não é aconselhável substituí-lo pelo café da manhã.
(HAKU) ESPRESSO MARTINI
INGREDIENTES
- 40ml Haku Vodka – aqui, voce pode até trocar por algum whisky. Prefira algo leve, delicado mas aromático!
- 20ml licor de café (o original pede por Kahlua)
- 20ml café espresso
- xarope de açúcar (ou não, se você beber seu café puro)
PREPARO
- adicione todos os ingredientes em uma coqueteleira. Coloque bastante gelo e bata vigorosamente.
- Com o auxilio de uma peneira ou strainer, desça o conteúdo da coqueteleira para uma taça coupé ou de martini previamente resfriada. Atenção – cuidado com a diluição. A textura deste coquetel é uma de suas características mais importantes.